A análise foliar é uma das ferramentas que auxilia o agricultor a conhecer o status nutricional da planta em um dado momento. Com isso, se torna possível acompanhar e ajustar o programa de adubação para otimizar o uso dos fertilizantes.
O potássio, um dos principais nutrientes avaliados nessa técnica, possui uma alta taxa de exportação do solo durante o ciclo produtivo da planta, fazendo com que seu monitoramento seja imprescindível para garantir uma boa produtividade na lavoura. Saiba mais sobre o que é a análise foliar de potássio e as melhores práticas dessa técnica para potencializar a produtividade da lavoura.
O que é a análise foliar
A análise foliar consiste em uma técnica que avalia os níveis dos diferentes nutrientes a partir da amostragem e análise das folhas das plantas. Com ela é possível refinar o manejo nutricional da lavoura, complementando a análise química do solo.
Na análise foliar são medidos os teores dos seguintes elementos:
- Nitrogênio (N);
- Fósforo (P);
- Potássio (K);
- Cálcio (Ca);
- Magnésio (Mg);
- Enxofre (S);
- Boro (B);
- Cobre (Cu);
- Ferro (Fe);
- Manganês (Mn);
- Zinco (Zn).
No Brasil, essa técnica foi introduzida na década de 50 com o pesquisador W. L. Lott, em seu trabalho A técnica de análise foliar aplicada ao cafeeiro. Com a chegada do Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação (DRIS), no final da mesma década, a análise foliar foi se tornando cada vez mais relevante.
O processo começa com a amostragem a campo, seguida do preparo e análise da amostra em laboratório e se encerra com o fornecimento do laudo dos resultados. Dentre as etapas, a amostragem é a mais crítica, podendo ocasionar 50% de variabilidade nos resultados, segundo a Comissão de Fertilidade de Solo do Estado de Minas Gerais (CFSEMG).
Além disso, cada tipo de cultura tem particularidades anatômicas e fisiológicas únicas para coleta das folhas. Por exemplo, enquanto na soja são coletadas a terceira ou a quarta folha no início de florescimento, no milho será a folha oposta e abaixo da espiga superior durante o aparecimento da inflorescência feminina.
O tempo médio de realização da análise foliar é de um mês, mas novas tecnologias têm sido desenvolvidas para tornar o processo ágil e garantir o uso mais racional e preciso dos fertilizantes.
Tecnologia K-Fast desenvolvida pela EMBRAPA em 2019 para soja, interpreta os resultados na hora do teste com um medidor portátil que analisa uma solução líquida feita com folhas (Fonte: Embrapa Soja – Thais Ribeiro)
A importância da análise foliar
A diagnose foliar é capaz de identificar uma das cinco situações abaixo, considerando a relação entre a produtividade e o teor de nutrientes no tecido:
- Zona de deficiência nutricional severa: a planta apresenta sintomas visuais severos e se encontra num estágio do maior comprometimento da sua produtividade;
- Zona de deficiência nutricional moderada: a planta geralmente não apresenta sintomas visuais, mas ainda está com a sua produtividade comprometida. Esse estágio também é conhecido como “fome oculta”;
- Zona com o balanço nutricional adequado: a planta apresenta uma produtividade crescente proporcional ao crescimento da concentração dos nutrientes;
- Zona de absorção de luxo: a planta já não responde aos incrementos da concentração dos nutrientes, não havendo aumento da produtividade;
- Zona de toxicidade: a planta responde negativamente à concentração excessiva dos nutrientes, apresentando sintomas visuais e comprometendo sua produtividade.
Manter a planta dentro da zona com o balanço nutricional adequado permite que ela expresse seu potencial máximo produtivo. Isso acontece pela atuação da Lei dos Mínimos, elaborada pelo químico e inventor alemão Justus von Liebig. Ele propôs que a produtividade das plantas é limitada pelo valor mínimo que elas precisam de um nutriente, mesmo que elas estejam bem nutridas com todos os outros nutrientes.
Representação da Lei dos Mínimos: a produtividade de uma lavoura é limitada pelas quantidades mínimas dos nutrientes dos quais as plantas precisam
O entendimento das respostas das plantas à adubação que a análise foliar traz ajuda não somente a fazer o balanceamento adequado dos nutrientes Ele é fundamental para outras técnicas, como a bioforticação dos alimentos produzidos.
A biofortificação consiste no aumento do conteúdo nutricional de micronutrientes da planta e pode ser feita com o uso de doses crescentes de fertilizantes até um limite que não impacte na qualidade, na produtividade e no ambiente.
É o que explicam o Dr. Luiz Roberto Guimarães Guilherme, professor titular do Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA), e o Dr. Sílvio Romão, médico e CEO da Univale:
Como fazer uma análise foliar de potássio adequada
O potássio é um dos nutrientes mais presentes nas plantas, contribuindo com diversas reações bioquímicas essenciais para seu o crescimento e desenvolvimento. Dada a sua relevância, ele é um dos principais nutrientes considerados na análise foliar.
Para realização dessa análise, a etapa da amostragem é uma das mais relevantes para garantir dados que realmente evidenciem a condição nutricional das lavouras. Cada tipo de cultura e laboratórios apresentam recomendações específicas, mas existem alguns aspectos gerais a serem observados:
- Preparo: seleção de talhões homogêneos por tipo de solo, idade, variedade e sistema de produção e padronização do sistema de amostragem de acordo com recomendações do laboratório;
- Coleta: realização da coleta antes da aplicação de insumos agrícolas, para evitar efeito residual dos produtos, e acondicionamento em sacos porosos para preservação do material;
- Envio: identificação clara das amostras, para não gerar problemas de reconhecimento dos dados dos talhões a posteriori, e lavagem e secagem das amostras caso não sejam analisadas em até 48h após a coleta.
Essas recomendações garantem resultados que retratem com maior fidedignidade a situação da lavoura e fazem com que as tomadas de decisão sejam mais assertivas.
Vale a pena investir em uma diagnose foliar de potássio?
A diagnose foliar de potássio só vale a pena caso os ganhos com produtividade ou economia de recursos seja superior ao preço investido nas análises. Considerando os custos das análises, o preço dos nutrientes e a cotação das sacas das principais culturas, eles mostram um cenário muito otimista.
Isso porque o custo médio do potássio em março de 2021 chega a quase R$ 36,00 segundo a cotação do CIF Minas Gerais, e o preço médio da análise individual do elemento por amostra é de apenas R$10,00 segundo a Embrapa .
Além disso, o site Agrolink apontou um preço médio da saca das principais culturas de grãos produzidas no país em março de 2021, como soja, milho e arroz, de R$100,00. Com isso, se a análise foliar for capaz de orientar o aumento da produtividade em 1 saca por área amostrada, ela é viável, por exemplo, caso não ultrapasse o valor da amostragem combinada com os novos custos com insumo.
A análise foliar de potássio é uma aliada do produtor rural
Dada à importância do potássio para as plantas, a realização da análise foliar é uma técnica complementar à análise de solo, que traz consigo a capacidade de orientar uma utilização mais assertiva e eficiente dos fertilizantes.
Além de orientar o manejo para o aumento da produtividade das lavouras, a técnica também vem desempenhando um papel essencial no monitoramento da biofortificação dos alimentos a um custo acessível para o agricultor.
Dessa forma, a análise foliar de potássio se torna uma ferramenta imprescindível para uma adubação potássica assertiva, orientada pela análise de dados, incrementando qualidade e a produtividade da lavoura.