Como o potássio pode promover uma maior produtividade do milho para silagem? - Como o potassio pode promover uma maior produtividade para o milho para silagem

Como o potássio pode promover uma maior produtividade do milho para silagem?

A cultura do milho é uma das mais relevantes no mundo e no Brasil. Além da alimentação humana, o milho pode ser utilizado para outros fins, como a produção de biocombustíveis e também na alimentação animal, através da silagem. Nessa prática, a adubação com potássio necessita de uma atenção especial por parte do agricultor. Entenda como o potássio pode melhorar a produtividade do milho para silagem!

A adubação potássica na produção do milho para silagem

A silagem é uma prática de armazenamento de forragem para a alimentação animal. Entre as suas vantagens, está a possibilidade de estocar o alimento por um longo período, sem grandes perdas nutricionais.

No Brasil, a silagem de milho é amplamente utilizada, devido ao fato de ela resultar em uma forragem mais nutritiva para o rebanho. Entretanto, os cuidados com a adubação potássica podem influenciar na produtividade e qualidade do milho para silagem.

Estudos demonstram o impacto da adubação com potássio feita de forma adequada na produção de silagem. É o caso, por exemplo, do trabalho Interferência de diferentes doses e fontes de fósforo, potássio e nitrogênio na produtividade de silagem e na produção de leite.

Nessa pesquisa, Bruno Antônio Rizzardi e seus colegas verificaram que uma adubação equilibrada com os três macronutrientes primários (nitrogênio, fósforo e potássio) trouxe melhores resultados de produtividade e qualidade para a silagem.

No caso do potássio, essa adubação precisa receber uma atenção do agricultor. Isso porque a produção do milho para silagem requer que o agricultor retire, além dos grãos, a parte vegetativa das plantas. Assim, há uma alta extração e exportação de nutrientes, incluindo o potássio.

É o que explica o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Antônio Marcos Coelho, na Circular Técnica 78, Nutrição e Adubação do Milho.

Extração média de nutrientes pela cultura de milho destinada à produção de grãos e silagem, em diferentes níveis de produtividade

Extração média de nutrientes pela cultura de milho destinada à produção de grãos e silagem, em diferentes níveis de produtividade (Fonte: COELHO & FRANÇA, 1995)

Uma das consequências dessa extração e exportação do potássio no milho para silagem é que o surgimento dos sintomas de deficiência de potássio na sua produção ocorre com mais facilidade do que na produção do milho de grãos. Entre esses sintomas, podemos destacar:

  • O atraso e redução do crescimento da planta;
  • A produção de espigas com poucos grãos na extremidade e com sementes soltas;
  • O surgimento de manchas marrons escuras nos nódulos;
  • A redução do teor proteico dos grãos de milho;
  • O amarelecimento e queimadura das bordas das folhas.

Esses sintomas estão ligados às funções do potássio nas plantas. Mas, quais são elas e por que ele é tão importante na cultura do milho?

As funções do potássio nas plantas e a sua importância na cultura do milho 

Entre os nutrientes que as plantas precisam para crescer e se desenvolver, o potássio em geral é o segundo mais requerido por elas.

Entretanto, de acordo com a pesquisadora Carla Fernanda Ferreira, ele pode até mesmo se tornar o nutriente mais requerido pela cultura do milho em algumas condições. É o que ela demonstra em seu artigo Diagnose nutricional de cultivares de milho (Zea mays l.) de diferentes níveis tecnológicos.

Nesse estudo, ela destacou como o potássio foi o macronutriente mais extraído por todas as variedades melhoradas geneticamente e regionais de milho estudadas, acumulando-se principalmente nos grãos e colmos das plantas.

Compartimentalização de potássio (% do total acumulado na parte aérea) em plantas de milho, no enchimento de grãos (R3) e após a maturação fisiológica (R6), em ambientes com alto e médio investimento em adubação

Compartimentalização de potássio (% do total acumulado na parte aérea) em plantas de milho, no enchimento de grãos (R3) e após a maturação fisiológica (R6), em ambientes com alto e médio investimento em adubação. Fonte: (RESENDE et al.,2014).

Esse alto requerimento, assim como os sintomas de deficiência de potássio, está ligado às funções gerais do potássio nas plantas, entre as quais podemos destacar:

  • A ativação enzimática;
  • A síntese proteica;
  • A fotossíntese;
  • O transporte de fotoassimilados no floema;
  • O crescimento celular;
  • A melhoria da qualidade de flores e frutos;
  • A regulação do potencial hídrico das células;
  • A amenização de estresses bióticos e abióticos.

Além disso, vale lembrar que o potássio está relacionado com a síntese da principal enzima responsável pela fixação de carbono orgânico, a RuBisCO.

Também cabe destacar que, devido às características do seu ciclo no sistema solo-planta, o potássio é importante para a adubação de sistema na qual é utilizada a rotação de cultura, prática muito adotada com o milho.

De acordo com Pérsio Sandir D’Oliveira e Jackson Silva e Oliveira, autores do estudo Produção de Silagem de Milho para Suplementação do Rebanho Leiteiro, também da Embrapa, esse tipo de plantio beneficia a produção de milho para silagem.

Diante dessa relevância do potássio para a cultura do milho de maneira geral e para a produção de milho para silagem, como o agricultor pode adubar a lavoura adequadamente para alcançar bons resultados?

Práticas de adubação que favorecem a produção do milho para silagem 

Para fazer a adubação potássica do milho para silagem de forma mais eficaz, o agricultor precisa estar atento a diversos fatores. Entre eles, vale destacar:

  • O conhecimento amplo da lavoura;
  • O potencial de produtividade a ser alcançado;
  • O sistema de produção;
  • A escolha dos fertilizantes adequados.

O conhecimento amplo da lavoura se dá através do uso de técnicas como a análise de solo e, ao longo da adubação, da análise foliar para averiguar a resposta das plantas à adubação.

Nesse sentido é preciso que o agricultor utilize métodos adequados de análise de solo. Isso porque, geralmente, os métodos mais utilizados nos laboratórios levam em conta somente a fração trocável do potássio no solo.

Entretanto, estudos já mostram que as plantas conseguem utilizar o potássio de outros reservatórios do solo.

É o que Michael J. Bell e outros pesquisadores explicam no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops.

Nesse mesmo trabalho, Bell e seus colegas postulam a necessidade de se ampliar a visão do ciclo do potássio no solo:

Uma visão ampliada do ciclo do potássio

Uma visão mais ampliada do ciclo do potássio no solo. (Fonte: Bell et al., 2021)

Assim, munido desse conhecimento, o agricultor consegue tomar decisões mais assertivas na hora de planejar o manejo da lavoura.

Além de ter em mente a produtividade esperada e as necessidades da cultura do milho, é importante que, na produção do milho para silagem, o agricultor entenda que há uma extração maior do potássio no solo, como já notado.

Assim, é essencial que haja um trabalho de construção e manutenção da fertilidade do solo. Nesse âmbito, o uso das fontes de liberação gradual é uma ação que pode ser determinante no sucesso da adubação.

Isso porque, diferente das fontes convencionais de liberação rápida, elas são menos suscetíveis à lixiviação e têm um efeito residual prolongado no solo. Isso faz com que os níveis de potássio se mantenham mais equilibrados.

Estudos como o de Michael J. Bell corroboram a eficácia dessas fontes, já que, como já dito, mostram que as plantas conseguem utilizar outros reservatórios de potássio do solo.

O uso de fontes de liberação gradual pode ser vantajoso para o agricultor

Além disso, o uso de técnicas que melhorem a ciclagem do potássio no solo, como a própria adubação de sistemas, é beneficiado por essas fontes de liberação gradual.

Nesse sentido, uma ação vantajosa para o agricultor otimizar tanto a adubação potássica quanto a adubação de sistema é o investimento em práticas que favoreçam a saúde da microbiota do solo.

Isso porque os microrganismos do solo podem contribuir para a disponibilização de nutrientes como o potássio. Assim, a utilização de fertilizantes livres de cloro, por exemplo, é vantajosa para o agricultor.

Embora seja um micronutriente essencial para as plantas, o excesso desse elemento no solo, aumenta a salinidade e a compactação, tendo também um efeito biocida aos microrganismos do solo.

Assim,  tendo em vista os objetivos da lavoura, entendendo suas necessidades e utilizando as fontes de potássio adequadas, é possível otimizar a adubação e ter mais produtividade no milho para silagem.

O uso de práticas de adubação potássica adequadas pode potencializar a produção do milho para silagem

Em síntese, o milho é uma cultura de alta relevância para a agricultura brasileira, com diversos usos na nossa sociedade. Entre eles está a silagem. Essa técnica de armazenamento de alimento para animais requer alguns cuidados, já que há uma extração maior do nutriente do solo.

Nesse sentido, o uso de práticas adequadas, como a boa escolha dos fertilizantes, pode fazer a adubação potássica ser mais eficiente e potencializar a ação desse nutriente na produção do milho para silagem!

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