Você sabia que o magnésio compõe cerca de 2% da crosta terrestre? Entretanto, ainda assim os solos brasileiros são considerados, de modo geral, pobres em magnésio. Entenda porque isso acontece ao conhecer mais sobre como funciona a mobilidade de magnésio no solo!
A dinâmica do magnésio no solo
Cerca de 2% da crosta terrestre é composta por magnésio. No solo, o magnésio pode ser dividido em três diferentes frações:
- Não trocável, que é representada pelo magnésio retido na estrutura dos minerais;
- Trocável, que é representada pelo magnésio que se encontra adsorvido aos coloides minerais e orgânicos do solo;
- Como íon livre na solução do solo.
A maior parte do magnésio encontrado no solo se encontra na fração não trocável, que é composto por parte do magnésio de minerais de argila secundários e pelo magnésio dos minerais primários.
Naturalmente, a principal origem do magnésio para o manejo da fertilidade do solo advém do intemperismo de minerais primários silicatados, sendo a dolomita a principal representante desse grupo.
O intemperismo nada mais é do que o processo de transformação e desgaste químico, físico e biológico dos minerais do solo. Ele acontece, principalmente, por meio da ação das raízes das plantas e dos metabólitos produzidos pelos microrganismos do solo, que promovem o intemperismo dos minerais.
É o que explicam Tara Singh Gahoonia e outros pesquisadores, no artigo Root hairs and phosphorus acquisition of wheat and barley cultivars.
Quando falamos dos solos brasileiros, a realidade é que eles são, de modo geral, pobres em magnésio.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), essa realidade é o resultado da baixa concentração de magnésio no material de origem dos solos brasileiros. Isso, juntamente com os intensos processos de formação desses solos, que acabaram levando a perdas do magnésio por lixiviação.
Além disso, o próprio processo de acidificação dos solos, causado pela intensificação do ciclo da matéria orgânica do solo e pela aplicação de fertilizantes com efeito acidificante, também vem influenciando negativamente a estabilidade dos compostos de magnésio no solo.
Por isso, a aplicação de fertilizantes contendo magnésio é praticamente indispensável para a agricultura brasileira. O uso de fontes de magnésio, associada a adição ou manutenção dos resíduos culturais, constituem-se das principais “entradas” do nutriente em um sistema agrícola.
Já as “saídas” do magnésio são representadas principalmente pela exportação do nutriente pelas colheitas, além das perdas por lixiviação e erosão.
De acordo com a Embrapa Soja, para cada tonelada de soja produzida, por exemplo, são exportados cerca de 30% do total do magnésio absorvido pela planta. Sendo que quanto maior a produtividade, maior também será a exigência nutricional da planta.
Dessa forma, é imprescindível que o agricultor faça um bom manejo desse nutriente no solo para que os processos naturais de perdas de magnésio no solo e a exportação desse nutriente pelas colheitas não esgotem as reservas do solo.
Como aumentar o teor de magnésio no solo
Uma das principais formas de aumentar o teor de magnésio no solo é através da aplicação de fertilizantes, associada sempre ao uso correto de práticas de correção e adubação e a manutenção de bons teores de umidade no solo.
Como o magnésio pode ser removido do solo pelo processo de lixiviação e erosão, fertilizantes de liberação progressiva de nutrientes e práticas que visem a manutenção da cobertura vegetal do solo são essenciais para melhorar a disponibilidade desse nutriente para as plantas.
Práticas de correção e adubação do solo também são essenciais nesse contexto, visto que o desequilíbrio dos cátions no solo pode reduzir a taxa de absorção de nutrientes e levar o aparecimento de sintomas de deficiência de magnésio.
Segundo a Embrapa, o manejo inadequado da calagem, da gessagem e da adubação no Brasil estão entre os principais fatores que têm acentuado as limitações que a ausência de teores adequados desse nutriente no solo impõe nas lavouras.
Dessa forma, os principais nutrientes que o agricultor deve levar em consideração na hora de realizar o ajuste da calagem e da adubação, a fim de favorecer a disponibilidade de magnésio (Mg2+) para as plantas, são:
- Nitrogênio, na forma de amônio (NH4 +);
- Manganês (Mn2+/4+);
- Cálcio (Ca2+);
- Potássio (K+).
Outro aspecto que precisa de atenção do agricultor é o teor de umidade do solo. Acontece que a absorção de magnésio se dá principalmente pelo mecanismo de fluxo de massa,
Nesse tipo de mecanismo, o magnésio é carregado de um local de maior potencial de água para um de menor potencial de água, próximo a raiz. Sendo assim, é altamente dependente da disponibilidade de água no solo e da transpiração das plantas.
Dessa maneira, a adoção de práticas que aumentem a capacidade de retenção de água do solo é essencial para melhorar a disponibilidade e absorção de magnésio pela planta. Entre elas, podemos citar:
- Aplicação de insumos que favoreçam a maior porosidade do solo;
- Incorporação da matéria orgânica no solo;
- Manutenção da cobertura vegetal.
Mas, como saber se os nutrientes no solo são suficientes para o desenvolvimento e produção das plantas?
A quantidade ideal de magnésio no solo
Um dos principais indicadores de disponibilidade de magnésio no solo é o teor de magnésio trocável. Entretanto, essa informação por si só não garante o diagnóstico correto da disponibilidade de nutrientes no solo.
Para encontrar a quantidade ideal de magnésio no solo, o agricultor também deve considerar:
- A relação do magnésio com os demais cátions na solução do solo;
- A boa interpretação de todas as informações da análise de solo;
- A mobilidade e retenção de magnésio pelos coloides do solo;
- Processo de absorção de magnésio pelas plantas.
A análise de solo é uma importante ferramenta para orientar o manejo nutricional da lavoura, oferecendo benefícios que vão desde a economia com fertilizantes ao melhor gerenciamento de riscos.
Dessa forma, quanto mais ampla for a visão do agricultor sobre a fertilidade do solo e a sua interação com os diferentes componentes físicos, químicos e biológicos do solo, mais assertiva será o manejo das fontes de magnésio na lavoura!