Como As Plantas De Cobertura Protegem O Solo E Evitam Os Danos Da Erosão Hídrica

Como as plantas de cobertura protegem o solo e evitam os danos da erosão hídrica

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Em termos econômicos, a erosão hídrica é a principal forma de degradação dos solos tropicais. No Brasil, esse fenômeno é responsável por gerar perdas anuais de mais de 1,5 bilhões de dólares relativos aos cultivos temporários e permanentes, além dos impactos relativos à qualidade do solo e ao meio ambiente. E as plantas de cobertura podem fazer parte das ações para evitar isso.

Nesse sentido, as plantas de cobertura despontaram como uma importante ferramenta no processo de conservação do solo, capaz de beneficiar o sistema de produção e trazer mais produtividade e rentabilidade para a lavoura.

Para falar sobre esse assunto, o Doutor em Ciência do Solo e Professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), campus Florestal, Dr. Diego Antônio França de Freitas participou do “Encontro com Gigantes – Como as plantas de cobertura protegem o solo e evitam os danos da erosão hídrica”.

O evento foi promovido pela Verde Agritech, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e Silício Forte, no dia 03 de março de 2022.

Você pode conferir a conversa, mediada por Magda Silva, na íntegra pelo link:

 

O que é uma planta de cobertura?

As plantas de cobertura, como o próprio nome já sugere, são usadas com o objetivo de cobrir e proteger o solo contra processos erosivos, como a erosão hídrica, além de oferecer diversos benefícios diretos e indiretos que agreguem valor à área agrícola a longo prazo.

“O objetivo prioritário das plantas de cobertura é a proteção do solo, oferecendo diretamente benefícios relacionados ao fornecimento de biomassa, matéria orgânica e cobertura do solo. Já indiretamente elas proporcionam maior infiltração, drenagem e armazenamento de água no solo, maior aeração e menor resistência do solo ao crescimento das raízes”, explicou o Dr. Diego Antônio França de Freitas.

Segundo o Dr. Diego Antônio França de Freitas, os benefícios relacionados à melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo proporcionados pelo uso das plantas de cobertura, as coloca em posição de destaque frente aos demais métodos de controle de erosão hídrica e recuperação das áreas afetadas.

Tal contribuição é muito importante, visto que às áreas de vulnerabilidade hídrica no país tem aumentando gradativamente com o passar dos anos.

Avanço Das Áreas De Vulnerabilidade Hídrica Do Brasil Registradas No Ano De 1986 (Esquerda) E 2019 (Direita). Os Mapas Mostram O Grau De Vulnerabilidade Dos Solos À Erosão Hídrica Considerando O Nível De Exposição Em Função Da Cobertura Vegetal Natural Ou Do Uso Agropecuário

Avanço das áreas de vulnerabilidade hídrica do Brasil registradas no ano de 1986 (esquerda) e 2019 (direita).  Os mapas mostram o grau de vulnerabilidade dos solos à erosão hídrica considerando o nível de exposição em função da cobertura vegetal natural ou do uso agropecuário. (Fonte: PronaSolos)

Mas, como as plantas de cobertura conseguem proteger os solos? O Dr. Diego Antônio França de Freitas explica que, quando o solo está bem protegido, o primeiro impacto das gotas de chuva acontece nas folhas das plantas.

Além disso, a enxurrada tem mais dificuldade para ganhar velocidade nos solos protegidos, porque as plantas proporcionam uma maior rugosidade e barreiras no sistema.

Esses mecanismos são capazes de proporcionar, assim, um maior controle das perdas de solo, água e nutrientes por erosão hídrica.

Alguns estudos apresentados pelo Dr. Diego Antônio França de Freitas mostraram que, dependendo da espécie e do nível de cobertura do solo, é possível alcançar a redução de até 90% do arraste de sedimentos.

Entretanto, ele ressaltou que, mesmo com a instalação das plantas de cobertura, os benefícios podem variar conforme o período de instalação e colheita e expressar diferentes resultados, caso a região escolhida não apresente condições similares àquelas das pesquisas.

Como escolher as plantas de cobertura

Geralmente, existe uma série de características desejadas que devem ser consideradas na escolha das plantas de cobertura, como:

  • Produção de matéria seca em quantidade suficiente para a semeadura direta;
  • Não ser hospedeira preferencial de doenças, pragas e nematoides;
  • Produzir boa quantidade de matéria seca;
  • Sistema radicular vigoroso e profundo;
  • Boa cobertura do solo;
  • Fácil estabelecimento;
  • Crescimento rápido.

O Dr. Diego Antônio França de Freitas recomenda que, para uma escolha mais assertiva, o agricultor leia os diversos materiais de qualidade sobre plantas de cobertura que já se encontram disponíveis e que sempre considere a contribuição delas para a cultura comercial principal:

“Não há receita pronta para que inclua todas as áreas do Brasil e não é uma tarefa fácil encontrar uma planta de cobertura que atenda a todas as condições desejadas. Mas, os agricultores devem buscar sempre por uma cultura que se adapte as necessidades de cada lavoura, safra e/ou condição climática.”

“Desde 2013, por exemplo, está sendo muito indicado para determinadas regiões o plantio de milho safrinha consorciado com braquiária e seguido da sucessão com soja. Mesmo que a cultura do milho não alcance seu máximo nesse sistema de produção, esse planejamento um ano permite um desempenho muito bom da cultura principal, que é a soja, principalmente se ocorrer um déficit hídrico”, completou o Dr. Diego Antônio França de Freitas.

Outro ponto destacado pelo professor foi o uso de leguminosas, conhecidas pelo seu potencial de adubação verde graças à sua capacidade de fixação de nitrogênio.

O Dr. Diego Antônio França de Freitas destacou que algumas plantas de cobertura leguminosas conseguem suprir totalmente a exigência de nitrogênio de certas culturas, como o caso da associação do plantio do feijão guandu arbóreo em um sistema de produção de hortaliças.

Além desse caso específico, outras plantas de cobertura que vêm atuando com sucesso para a adubação verde e ciclagem de nutrientes em solos com problemas nutricionais são:

  • Nabo forrageiro;
  • Mucuna-preta;
  • Aveia-preta;
  • Ervilhaca;
  • Milheto.

E quais devem ser os cuidados que o agricultor deve ter no manejo das plantas de cobertura?

Os cuidados no manejo de plantas de cobertura

Por fim, o Dr. Diego Antônio França de Freitas recomendou que é muito importante estabelecer um bom manejo de plantas de cobertura, realizando todas as práticas agrícolas necessárias durante o pré-plantio e considerando as características da espécie a ser cultivada na sequência.

Esses cuidados são importantes para se evitar algumas possíveis desvantagens que podem surgir com o manejo incorreto das plantas de cobertura, sendo mencionado, por exemplo, a competição com a cultura principal.

“As plantas podem se tornar uma boa opção para a conservação do solo e da água do aumento da fertilidade do solo, desde que sejam respeitados os critérios técnicos e região a ser implantada no momento da escolha da melhor planta de cobertura.”

Para entender mais sobre como as plantas de cobertura protegem o solo e evitam os danos da erosão hídrica, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!

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