O potencial da rizobactéria Bacillus aryabhattai no controle de doenças fúngicas e promoção do crescimento das plantas

O potencial da rizobactéria Bacillus aryabhattai no controle de doenças fúngicas e promoção do crescimento das plantas

As doenças fúngicas ainda representam uma grande ameaça para a atividade agrícola, já que algumas delas têm potencial para reduzir mais da metade da produtividade das lavouras. Entretanto, esse cenário tem se revertido gradualmente com o desenvolvimento e a integração de novos métodos de controle, que agora já incluem o uso dos microrganismos benéficos do solo. Saiba mais sobre como um desses microrganismos, a rizobactéria Bacillus aryabhattai, pode contribuir para o controle de doenças fúngicas e promoção do crescimento das plantas!

O controle de fungos patogênicos na agricultura

Diariamente, as plantas estabelecem diversas relações com os microrganismos do solo. A maioria delas é benéfica a elas, já que se estima que 97% de todos os microrganismos conhecidos sejam benéficos a outros organismos.

Assim, eles acabam formando um verdadeiro exército do bem que auxilia o agricultor no manejo das lavouras. Entretanto, uma pequena parcela pode trazer severos prejuízos para o agricultor, estando inclusos nesse grupo os fungos patogênicos.

Ao longo das décadas, diversos estudos vêm relatando os prejuízos que as doenças fúngicas podem causar na qualidade e produtividade das culturas agrícolas. Nesse contexto, parte desses prejuízos está muito associada à fácil dispersão dos fungos patogênicos na lavoura por meio de solo, água e plantas contaminadas.

Para algumas dessas doenças, o seu manejo sazonal e medidas fitossanitárias no campo são suficientes para controlar as populações dos fungos patogênicos nas áreas. Todavia, em outros casos, o seu controle é muito difícil uma vez que eles são introduzidos na área.

Esse é o caso, por exemplo, do fungo Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici (FOL), responsável por causar a murcha-de-fusário. Essa doença pode comprometer mais de 80% da produção de algumas culturas, como o tomate, em condições de infecção severa.

É o que relatam os pesquisadores Melese Worku Abera e Samul Sahe, no artigo Review on Disease Management Practice of Tomato Wilt Caused Fusarium oxysporum in Case of Ethiopia.

Uma das explicações para o difícil controle de alguns fungos patogênicos está relacionada à sua capacidade de perseverar no solo mesmo na ausência de um hospedeiro, muitas vezes, se alimentando dos restos culturais presentes na área para sobreviver.

Por isso, muitos métodos de controle químico conseguem apresentar apenas resultados momentâneos e de curto prazo. Isso porque a doença causada pelo fungo acaba muitas vezes ressurgindo num curto espaço de tempo.

Pensando no controle à longo prazo, uma das alternativas que tem atraído à atenção de muitos pesquisadores é o uso do controle biológico, em especial, dos microrganismos promotores de crescimento.

O uso de microrganismos promotores de crescimento para o controle de doenças de plantas causadas por fungos

Os microrganismos promotores de crescimento já são amplamente reconhecidos na agricultura, visto os diversos benefícios que podem trazer para as culturas.

A modulação dos hormônios vegetais, o incremento da disponibilidade de nutrientes e a produção dos mais diversos compostos orgânicos estão entre os principais mecanismos que esses microrganismos usam para favorecer o crescimento das plantas.

 

Os microrganismos que habitam no solo vêm chamando cada vez mais atenção de pesquisadores por conta dos tantos benefícios que trazem para as plantas e para os cultivos.

Mas, além disso, muitos desses mecanismos também estão associados à indução de mecanismos de resistência nas plantas e amenização dos impactos causados por diversos tipos de estresses, incluindo aqueles gerados pelos fungos enteropatogênicos.

No artigo Evaluation potential of PGPR to protect tomato against Fusarium wilt and promote plant growth, Rizwana Begum Syed Nabi e outros pesquisadores observaram, por exemplo, os mecanismos da rizobactéria Bacillus aryabhattai no controle de uma doença fúngica e na promoção do crescimento das plantas.

No estudo, os pesquisadores constataram que essa rizobactéria inibiu o crescimento do fungo patogênico F. oxysporum em condições in vitro.

Isso acabou se refletindo nos resultados positivos para redução da doença nas plantas infectadas e o incremento da altura e de outros parâmetros fisiológicos, como o conteúdo de clorofila, tanto em cultivares resistentes, quanto susceptíveis. Sendo que, nesse contexto, os resultados mais expressivos se apresentaram nesse último tipo de cultivar mencionado.

A restrição do crescimento do fungo patogênico promovido pelo Bacillus aryabhattai, além dos seus benefícios relacionados à promoção do crescimento das plantas, foram associados à capacidade dessa bactéria em:

  • Modular a síntese de hormônios vegetais, em especial, o ácido jasmônico e o ácido salicílico;
  • Regulação da produção de aminoácidos, como a tirosina, a lisina e a prolina.

Nas condições de estudo, os pesquisadores observaram que as plantas tratadas com o Bacillus aryabhattai e inoculadas com o fungo patogênico apresentaram um maior acúmulo de ácido salicílico do que aquelas que não receberam o tratamento com essa espécie de Bacillus.

De forma similar, plantas tolerantes tratadas com o Bacillus aryabhattai e inoculadas com o fungo patogênico também apresentaram maiores níveis de tirosina e lisina. Tal comportamento também foi observado na produção de prolina para plantas susceptíveis tratadas com essa espécie de Bacillus.

Dessa forma, esse estudo reforça o grande potencial da inclusão do controle biológico de fungos com Bacillus aryabhattai nos programas de manejo integrado de doença (MID).

A inclusão do Bacillus aryabhattai no manejo integrado de doenças

Considerando os diversos mecanismos da rizobactéria Bacillus aryabhattai para o controle de fungos patogênicos, ela pode ser uma importante ferramenta a ser inclusa dentro do manejo integrado de doenças.

Nesse sentido, é importante frisar que, para garantir resultados significativos e duradouros, o agricultor também deve estar atento à inclusão dos demais métodos de controle. É o que ressalta a Engenheira Agrônoma Hilda Loschi, em sua participação no evento Encontro com Gigantes:

“Em uma área muito infectada, não é com apenas uma aplicação de produtos biológicos que você vai reduzir a população a um nível que não cause danos à sua lavoura. Você precisa ir construindo essa resistência com vários processos, como rotação de culturas, uso de plantas de cobertura e outras metodologias de controle, para criar vários sistemas de mitigação ao longo dos anos.”

Assim, a utilização de microrganismos benéficos, a exemplo do Bacillus aryabhattai, associada às boas práticas de uso de biológicos na agricultura pode ser uma ferramenta valiosa para o agricultor no controle de doenças da lavoura!

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