Como minimizar os impactos da geada no eucalipto?

Como o potássio ajuda a minimizar os impactos da geada no eucalipto?

Lidar com o clima é um desafio recorrente na atividade agrícola. Entre os fenômenos que podem causar prejuízo às plantações está a geada. Isso não é diferente na cultura do eucalipto. Entretanto, o agricultor pode tomar ações para se prevenir disso, como fazer uma boa adubação potássica. Entenda como o potássio ajuda a minimizar os impactos da geada no eucalipto! 

Quais são os impactos da geada no eucalipto?

O fenômeno da geada é relacionado às baixas temperaturas e à variação climática, algo que não pode ser diretamente controlado pelo agricultor. Todavia, o potássio é um nutriente que pode ser uma ferramenta importante para minimizar os impactos da geada no eucalipto.

As geadas normalmente ocorrem quando há uma queda das temperaturas durante a noite, fazendo com que haja um forte resfriamento do ar. Isso provoca uma série de danos nas plantas.

Os danos da geada no eucalipto decorrem do congelamento dos líquidos que existem nos espaços intercelulares. Quando isso acontece, há uma ruptura das membranas em razão da compressão e o extravasamento irreversível do citoplasma celular.

É o que escrevem Antonio Rioyei Higa e outros pesquisadores, no artigo técnico Geadas, prejuízos à atividade florestal.

Higa e seus colegas destacam ainda que, para que haja essa formação de gelo nos tecidos, geralmente é preciso que a temperatura fique em torno de -3ºC a -4ºC. Além disso, a severidade dos danos está relacionada às temperaturas verificadas nos dias anteriores à ocorrência da geada.

Isso porque quanto menos a planta estiver adaptada à redução da temperatura, mais graves serão os efeitos da geada no eucalipto.

Vale lembrar que as instabilidades climáticas trazidas por fenômenos como o La Niña muitas vezes tornam as quedas de temperaturas mais imprevisíveis, como as baixas temperaturas registradas no início de novembro de 2022 no Brasil.

Assim, as plantas acabam se tornando mais suscetíveis aos danos decorrentes da geada. No eucalipto, esses impactos podem afetar a qualidade da madeira, causando inclusive o apodrecimento de todo o lenho, desde a medula até a época de ocorrência do fenômeno.

É o que escrevem os pesquisadores Epaminondas Sansigolo de Barros Ferraz e A. R. Coutinho, no artigo Efeitos da Geada Na Madeira de Eucaliptus Saligna.

Além disso, os danos da geada no eucalipto podem incluir a queima e o desfolhamento das copas das árvores, o que afeta a capacidade da planta de realizar processos essenciais como a fotossíntese.

Aspecto de plantio de E. saligna atingido por geadas, antes da desbrota, em Itararé, São Paulo

Aspecto de plantio de E. saligna atingido por geadas, antes da desbrota, em Itararé, São Paulo (Fonte: Higa et al, s.d.)

Mas, como o potássio atua na redução dos danos da geada no eucalipto e pode ajudar o agricultor a se prevenir dos impactos da ocorrência cada vez mais imprevisível desse fenômeno? 

A atuação do potássio na redução dos danos da geada no eucalipto

O potássio é um nutriente que pertence ao grupo dos macronutrientes primários, juntamente com o nitrogênio e o fósforo. Isso significa que ele é requerido em grandes quantidades pelas plantas.

A razão para isso é a diversa gama de funções que ele exerce no metabolismo e na fisiologia das plantas, entre as quais podemos citar:

A amenização dos estresses bióticos e abióticos é justamente a que se relaciona com os impactos da geada no eucalipto. Os estresses abióticos são aqueles que afetam o desenvolvimento das plantas e não estão relacionados a fatores biológicos.

Isso inclui os relacionados ao clima, como é o caso das geadas. Em função da sua interação fisiológica e metabólica nas plantas, o potássio ajuda a promover a redução do ponto de congelamento da seiva das plantas de algumas culturas.

Assim, quando há a ocorrência de geadas, há redução dos danos aos tecidos causados pelo congelamento dos líquidos dos tecidos vegetais.

Em sua participação no evento Encontro com Gigantes, o Dr. Pedro Maranha explicou como o potássio auxilia na redução da temperatura letal para plantas, ou seja, aquela temperatura que vai causar os maiores efeitos negativos:

“Enquanto o cálcio e o boro são fundamentais para manter a membrana das células firmes e elásticas, o potássio, de forma geral, é como um lubrificante da planta.  O potássio auxilia na movimentação de compostos e fotoassimilados, o que proporciona uma alta concentração de açúcares na planta e que reduz ainda mais a temperatura letal.”

Assim, a boa adubação potássica se torna uma ferramenta para que o agricultor se previna dos danos da geada no eucalipto.

Entre as estratégias que o agricultor pode utilizar para se prevenir dos danos causados pela geada, está a adubação potássica.

Nesse contexto, como é possível fazer um bom manejo do potássio na plantação de eucalipto?

Boas práticas de adubação potássica na cultura do eucalipto

A boa adubação potássica no eucalipto começa com uma avaliação aprofundada e ampla das condições de fertilidade do solo.

Aqui, existem ferramentas que são fundamentais para isso. Uma delas é a análise de solo, que fornece não somente um panorama do estado nutricional do solo, mas também outras informações importantes.

Entretanto, é necessário estar atento aos métodos adequados para a realização da análise de solo, principalmente quando se fala do potássio.

Isso acontece porque, em geral, as análises de potássio realizadas nos laboratórios são calibradas para medir a quantidade do nutriente que está nas frações mais prontamente disponíveis do solo.

Todavia, estudos vêm apontando que as plantas conseguem utilizar o potássio de outras frações do solo, como a não-trocável.

É o que escreve o pesquisador Michael J. Bell, juntamente com seus colegas, no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops.

Diante disso, Bell e seus colegas sugerem uma visão ampliada do ciclo do potássio no solo. Nessa visão, é como se cada reservatório fosse uma caixinha que vai reabastecendo as outras: quando as plantas utilizam o nutriente daquelas mais prontamente disponíveis, uma série de mecanismos faz com que as outras caixas reponham o que foi utilizado.

Uma visão ampliada do ciclo do potássio

Uma visão mais ampliada do ciclo do potássio no solo. (Fonte: Bell et al., 2021)

Essa visão mais ampla do ciclo do potássio no solo abre espaço para o uso das fontes de potássio de liberação gradual, que disponibilizam o nutriente por períodos de tempo mais longos.

Essa característica é vantajosa para culturas perenes, como é o caso do eucalipto. Isso porque elas ajudam a construir e manter a fertilidade do solo, sendo menos suscetíveis à lixiviação e tendo também um efeito residual duradouro que mantém os níveis de potássio no solo.

O potássio de liberação gradual traz diversas vantagens para o produtor agrícola, ajudando inclusive na redução de custos

Outro aspecto ao qual o agricultor precisa estar atento durante o manejo agrícola são os momentos de adubação e a quantidade de potássio aplicada no eucalipto.

Ronaldo L. V. de Arruda Silveira e outros pesquisadores, no artigo Seja o doutor do seu eucalipto, explicam que os momentos da adubação com potássio no eucalipto se dividem em:

  • Adubação de plantio;
  • 1ª adubação de cobertura, realizada entre 30 e 60 dias após o plantio;
  • 2ª adubação de cobertura, realizada entre 6 e 9 meses após o plantio;
  • Adubações de manutenção, realizada entre 18 e 24 meses após o plantio.

Já em relação às doses de potássio aplicadas, Ronaldo L.V. de Arruda Silveira e Eurípedes Malavolta, em seu artigo Nutrição e adubação potássica em eucalyptus, recomendam que:

  • No plantio, sejam aplicadas 20kg de K2ha-1, em sulco ou em cova de plantio nas regiões mais acidentadas.
  • Nas adubações de cobertura, a dose varia conforme os teores de potássio no solo, podendo ir de 20kg de K2ha-1 a até 45kg de K2O.ha-1.
  • Nas adubações de manutenção, a dose recomendada é entre 60kg de K2ha-1 e 75kg de K2O.ha-1, caso os níveis de potássio no solo estejam baixos.

Recomendações de quanto aplicar de potássio no eucalipto. (Fonte: SILVEIRA & MALAVOLTA, 2020)

Recomendações de quanto aplicar de potássio no eucalipto. (Fonte: SILVEIRA & MALAVOLTA, 2020)

Ronaldo Silveira e Eurípedes Malavolta recomendam ainda outras práticas que auxiliam na manutenção dos níveis de potássio no solo. Uma dessas práticas é a manutenção dos restos culturais da lavoura.

De acordo com Silveira e Malavolta, mais de 50% do potássio acumulado pelo eucalipto está distribuído entre folhas, ramos e casca. Assim, manter esses restos culturais no solo devolve o potássio que foi extraído pelas árvores.

Os autores argumentam que somente o descascamento no campo pode diminuir a quantidade de potássio aplicada na próxima rotação em 40 a 80 kg de potássio (em K2O.ha-1), dependendo da produtividade desejada.

Esses cuidados na adubação ajudam a otimizar o manejo do potássio no eucalipto e, consequentemente, na prevenção dos danos da geada nessa cultura.

A boa adubação potássica ajuda a minimizar os danos da geada no eucalipto

Em síntese, a geada é um fenômeno climático que pode trazer muitos prejuízos para a agricultura, incluindo para a cultura do eucalipto.

Com as crescentes instabilidades climáticas, o agricultor precisa estar atento aos cuidados da lavoura que possam otimizar as defesas das árvores contra os danos da geada no eucalipto. Isso inclui a boa adubação potássica.

Boas práticas de manejo, como a escolha de fertilizantes adequados ricos em potássio, como o BAKS® e o K Forte®, e do momento e das doses corretas de aplicação, são muito importantes nesse sentido.

Dessa maneira, é possível se prevenir com mais eficiência e minimizar os impactos da geada no eucalipto!

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