A deficiência de magnésio no solo ainda impõe muitos desafios para os agricultores, uma vez que a sua correção depende de práticas de manejo que vão muito além da adubação. Conheça a seguir quais são essas práticas e como elas podem corrigir a deficiência de magnésio no solo!
O manejo do magnésio no solo
No Brasil, a prática de adubação dos solos com magnésio tem ganhado cada vez mais atenção dos agricultores nos últimos anos, visto a crescente limitação que esse nutriente vem impondo nos sistemas agrícolas brasileiros.
Solos deficientes em magnésio tendem a prejudicar tanto a qualidade quanto a produtividade de diversas culturas agrícolas.
Isso porque o magnésio está envolvido com processos fisiológicos essenciais das plantas que incluem, por exemplo, o processo de fotossíntese, a ativação enzimática e a síntese proteica.
A deficiência de magnésio nos solos brasileiros tem diferentes origens: a primeira delas é natural, devido ao longo processo de intemperismo pelo qual alguns tipos de solos passaram e que levou à perda de grande parte dos nutrientes, especialmente daqueles móveis como o magnésio e o potássio.
Já as demais origens estão relacionadas, em grande parte, com o manejo do solo no campo.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o manejo inadequado da calagem, da gessagem e da adubação no Brasil estão entre os principais fatores que têm acentuado as limitações que a ausência de teores adequados de magnésio no solo impõe nas lavouras.
Isso porque a baixa disponibilidade de magnésio no solo e, consequentemente, o aparecimento dos sintomas de deficiência desse nutriente pode ser influenciado por diversos fatores.
Então, quais práticas são necessárias para corrigir a deficiência de magnésio no solo?
1. Fazer uma análise adequada do solo
Um dos primeiros passos para corrigir a deficiência de magnésio no solo começa com a análise adequada do solo, uma vez que ela irá orientar todas as tomadas de decisão do agricultor para correção e adubação do solo.
Na etapa de coleta das amostras, é importante considerar que o magnésio possui uma grande mobilidade no perfil do solo. Dessa forma, pode ser adequado realizar a amostragem tanto na camada de 0-20 cm, quanto de 20-40 cm do solo.
No momento de enviar as amostras para análise, também é indicado considerar qual o método de análise mais adequado a ser empregado e a forma de representação dos teores de magnésio no laudo.
Usualmente, para análise dos teores de magnésio trocáveis do solo os laboratórios empregam os métodos da resina trocadora de cátions no estado de São Paulo e do Cloreto de Potássio (KCl) 1 mol/L para os demais estados brasileiros.
É o que destacam Luiz Carlos Prezotti e André Guarçoni M., no Guia de Interpretação de análise de solo e foliar.
Entretanto, a disponibilidade do magnésio no solo também pode ser representada como porcentagem de saturação na capacidade de troca catiônica (CTC) do solo ou dentro da relação potássio e magnésio.
Assim, o agricultor junto ao técnico responsável deve buscar escolher o método de análise de magnésio no solo que mais atenda às necessidades da sua propriedade.
2. Saber identificar os sintomas de deficiência de magnésio nas plantas
Outra forma de corrigir a deficiência de magnésio no solo parte da identificação correta dos sintomas de deficiência em plantas.
O sintoma mais característico da deficiência de magnésio nas plantas é o amarelecimento entre as nervuras das folhas mais velhas, conhecido pelo termo “clorose internerval”. Sintoma este que é um reflexo da participação do magnésio na síntese do pigmento fotossintético que dá a cor verde às plantas: a clorofila.
Além dele, existem diversos outros sintomas que são específicos para cada cultura agrícola, podendo-se destacar:
- A cana-de-açúcar;
- As pastagens;
- O eucalipto;
- O algodão;
- A banana;
- Os citros;
- O milho;
- O café;
- A soja.
Também é importante ressaltar que algumas doenças, como aquelas causadas pelos vírus do “amarelo das folhas baixeiras” do tomateiro e do “vermelhão” do algodoeiro, podem apresentar sintomas semelhantes ao da deficiência de magnésio.
Por isso, cabe cautela do agricultor ou técnico responsável no diagnóstico correto para a tomada de decisão.
Aqui também é importante ressaltar que a identificação dos sintomas de deficiência deve ser vista apenas como uma ferramenta auxiliar, já que a sua manifestação já indica comprometimento da qualidade e produção das culturas.
3. Cuidar da qualidade do solo
Antes de realizar efetivamente a aplicação dos fertilizantes para correção da deficiência no solo, é essencial cuidar da qualidade do solo para alcançar a máxima eficiência dos insumos aplicados.
Como o magnésio é um nutriente catiônico, técnicas agrícolas que proporcionem o aumento da CTC do solo irão proporcionar a maior retenção temporária do nutriente na região da rizosfera das plantas.
Além disso, como o processo de absorção de magnésio pelas plantas é altamente dependente de água, a adoção de práticas que aumentem a capacidade de retenção de água do solo é essencial para melhorar a disponibilidade e absorção de magnésio pela planta. Sendo algumas delas:
- A aplicação de insumos que favoreçam a maior porosidade do solo;
- A incorporação da matéria orgânica no solo;
- A manutenção da cobertura vegetal.
A matéria orgânica é um fator determinante quando pensamos na qualidade do solo. Isso porque ela interfere, direta e indiretamente, em uma série de processos bioquímicos que acontecem nesse ambiente.
4. Escolher a fonte adequada de magnésio
No momento de escolher a fonte mais adequada de magnésio para as plantas, o principal aspecto que deve ser levado em consideração pelo agricultor é a dinâmica desse nutriente no solo.
Como o magnésio é um nutriente móvel no solo, ele pode ser facilmente removido pelo processo de lixiviação e erosão do solo. Tanto que, no Brasil, os intensos processos de formação dos solos os tornaram, de forma geral, pobres nesse nutriente.
Ou seja, fontes de magnésio de liberação imediata de nutrientes, como o sulfato de magnésio, nem sempre são as mais adequadas para repor esse nutriente no solo, já que elas podem ser muito suscetíveis a sofrerem perdas por lixiviação.
De forma geral, os fertilizantes que proporcionam uma melhor disponibilidade de magnésio para as plantas no médio e longo prazo são aqueles de liberação progressiva de nutrientes e com longo efeito residual.
Isso porque eles conseguem prolongar os benefícios que os fertilizantes podem oferecer para o solo e para as plantas, ao manter os níveis de nutrientes no solo ficam estáveis por mais tempo.
5. Manter o equilíbrio de nutrientes no solo
Por fim, vale destacar que mesmo que os teores de magnésio no solo estejam adequados, a deficiência de magnésio pode estar presente na lavoura. Isso acontece porque a presença excessiva de alguns nutrientes no solo, pode inibir a absorção de magnésio pelas plantas.
Assim, os principais nutrientes que o agricultor deve levar em consideração na hora de realizar o ajuste da calagem e da adubação, a fim de favorecer a disponibilidade de magnésio para as plantas, são:
- Nitrogênio, na forma de amônio (NH4 +);
- Manganês (Mn2+/4+);
- Cálcio (Ca2+);
- Potássio (K+).
A correção da deficiência de magnésio no solo envolve diferentes práticas de manejo
Em conclusão, podemos perceber que a correção da deficiência de magnésio no solo envolve diferentes práticas de manejo, que começam com a análise do solo e das plantas, perpassam pela manutenção da qualidade do solo e se encerram com a adoção de práticas corretas de correção e adubação visando a manutenção do equilíbrio de nutrientes no solo.
Dessa forma, quanto mais integrada for a visão das diferentes práticas envolvidas no manejo do magnésio no solo, melhores poderão ser os resultados obtidos com a aplicação dos fertilizantes adequados!