Com um mercado em franca ascensão, o controle de biológico tem ganhado cada vez mais destaque entre as práticas de controle de pragas e doenças. Só em 2020, 19 milhões de hectares foram tratados com produtos biológicos e as estimativas apontam para uma movimentação de mais de 16,7 bilhões de dólares desse setor em 2024. Mas, por que os agentes de controle biológico estão sendo tão utilizados?
Para falar sobre o assunto, a Verde convidou Pós-doutor em Fitopatologia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Professor Adjunto do Curso de Agronomia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Dr. Daniel Debona, para o “Encontro com Gigantes – Controle biológico: como combater doenças na lavoura de maneira sustentável?”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte®, K Forte Boro e Silício Forte, no dia 01 de julho de 2021.
Você pode conferir a conversa, mediada por Rodrigo Mac Leod, na íntegra pelo link:
O controle biológico no Brasil
O controle biológico tem se tornado uma importante ferramenta no manejo integrado de pragas e doenças e vem demonstrando um expressivo potencial no mercado, com um crescimento anual estimado de 15%.
Nos últimos 7 anos foram registrados mais da metade dos 450 produtos biológicos registrados, sendo 95 deles somente em 2020. Na imagem, uma colônia do fungo entomopatogênco Beauveria bassiana, um dos mais estudados e comercializados do mundo no controle biológico de insetos. (Fonte: LIMA, A. L. – Embrapa Amapa)
A definição do controle biológico mais aceita pela comunidade científica é de que ele visa a redução das atividades determinantes da doença, provocada por um patógeno, por meio de um ou mais organismos. Além disso, o controle biológico não se limita a aplicação de produtos à base de microrganismos, como explica o Dr. Daniel Debona:
“O conceito do controle biológico é bastante amplo e não se limita somente a um microrganismo antagonista, mas pode envolver o próprio patógeno ou mesmo práticas culturais. Ou seja, existem uma série de ações que vão resultar no controle biológico que vão muito além da aplicação de um produto a base de microrganismos.”
Grande parte da crescente ascensão do controle biológico no mercado vem da sua capacidade em se tornar um método de controle efetivo para muitos fitopatógenos que vem desenvolvendo resistência aos métodos de controle convencionais.
O Dr. Daniel Debona destacou o cenário do problema dos nematoides na cultura soja, uma praga que tem gerado prejuízos anuais de mais de 16 bilhões de reais: grande parte dos produtos químicos utilizados no combate aos nematoides na soja teve a sua utilização suspensa devido a uma elevada toxicidade.
E a falta de opções de produtos não é o único desafio que vem sendo enfrentado pelo agricultor para controlar pragas e doenças. A efetividade dos métodos de controle vem sendo testada, já que muitos fitopatógenos apresentam mecanismos naturais de defesa, como explica o Dr. Daniel Debona :
“Os fungos fitopatogênicos, por exemplo, apresentam uma ampla gama de hospedeiros e inviabiliza a adoção da rotação de culturas para controle. Eles ainda são capazes de sobreviver no solo e nos restos culturais por um longo período, formando estruturas de resistência, conhecidas como escleródios ou lamidósporos.”
Quais, então, são os resultados que o controle biológico vem apresentando?
Os resultados do controle biológico
Os diversos resultados que estão sendo obtidos nas pesquisas e resultados a campo vêm primeiramente da seleção correta do agente do biocontrole, com base no problema. Dos diferentes agentes, o Dr. Daniel Debona destacou:
- Fungos do gênero Trichoderma spp: 36 produtos;
- Bactérias do gênero Bacillus spp: 59 produtos;
- Purpureocillium lilacinum: 10 produtos;
Os fungos do gênero Trichoderma spp, por exemplo, são usados em mais 8 milhões de hectares de soja para controle o mofo branco graças a sua capacidade de parasitar fungos fitopatogênicos e diversos mecanismos, como explica o Dr. Daniel Debona:
“Se os fungos do gênero Trichoderma spp, estão colonizando uma raiz, consequentemente eles estão ocupando um espaço que não pode ser ocupado por um fungo fitopatogênico, por exemplo. Além disso, eles são capazes de produzir um agente quelante que reduz a disponibilidade do ferro para os patógenos, enzimas que degradam as suas paredes celulares, induzem a resistência sistêmica foliar das culturas e ainda promovem o crescimento nas plantas.”
Ação do fungo do gênero Trichoderma spp (em verde) nas raízes da planta. (Fonte: PIMENTEL et al, 2020)
Em outros microrganismos, como as bactérias do gênero Bacillus spp, existem mecanismos que permitem a produção de antibióticos. Com até 5% do genoma destinado a produção desses compostos, eles são capazes de comprometer a estabilidade da membrana plasmática dos fitopatógenos e prevenir a germinação do esporo do fungo.
Porém, o Dr. Daniel Debona destacou que os diversos mecanismos de ação dos agentes de biocontrole só são realmente efetivos com a aplicação criteriosa do produto de acordo com as recomendações prescritas. E práticas complementares, como a utilização de palhada no solo, podem otimizar ainda mais esses resultados a campo.
O controle biológico tem sido uma das ferramentas na agricultura de alta performance
Não são somente nos ambientes controlados que o controle biológico tem demonstrado resultados promissores. No concurso nacional de máxima produtividade da soja avaliado pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), o campeão nacional:
- Na safra 19/20 alcançou 118,82 sc/ha e aplicou Bacillus subtilis no estádio V2 da cultura;
- Na safra 20/21 alcançou 129,16 sc/ha e aplicou no sulco de semeadura Purpureocillium lilacinum e Trichoderma Harzianum.
Esses são apenas mais alguns resultados que corroboram para a efetividade e potencial do controle biológico a campo e que deve ser cada vez mais utilizado pelo agricultor que busca uma maior sustentabilidade, rentabilidade e qualidade na sua lavoura.
Para entender mais sobre controle biológico, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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