Aprenda Como Evitar Os Prejuízos Causados Pelos Nematoides Na Soja E No Milho

Aprenda como evitar os prejuízos causados pelos nematoides na soja e no milho

As infestações por nematoides na soja e no milho causam grandes prejuízos na agricultura. Mundialmente, esses patógenos invisíveis a olho nu causam perdas de 10,6% na produtividade das lavouras.

Traduzido em números, isso significa um prejuízo anual de 100 bilhões de dólares. No Brasil, o prejuízo é estimado em 16,5 bilhões de reais somente para a cultura da soja.

Para falar sobre esse assunto, a Doutora em Fitopatologia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), sócia-proprietária e pesquisadora da PlantCare, Dra. Simone Brand participou do “Encontro com Gigantes – Manejo de nematoides em sistemas integrados de soja e milho”.

O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes multinutrientes Silício Forte, K Forte®, K Forte Boro e BAKS®, no dia 10 de dezembro de 2020.

Você pode conferir a conversa, mediada por Rodrigo MacLeod, na íntegra pelo link:

Por que o combate aos nematoides na soja e no milho é um grande desafio para o agricultor?

O combate às infestações por nematoides na soja e no milho são um grande desafio para o agricultor, especialmente por causa de algumas características desse tipo de patógeno:

  • Eles costumam ser nativos do solo da lavoura;
  • Podem ser polífagos, ou seja, parasitarem diversas culturas;
  • Em geral, não são visíveis a olho nu;
  • Quando os danos causados por eles são percebidos, geralmente já há um alta população;
  • Os sintomas provocados por eles são facilmente confundidos com outras causas;
  • Sua disseminação pela lavoura é altamente dependente do homem: até mesmo o trânsito de máquinas entre uma parte e outra da lavoura pode espalhar a infestação.

Por isso, é preciso, antes de tudo, fazer uma boa identificação do problema. Essa etapa começa com uma análise de qual o tipo de nematoide está afetando a lavoura. Para isso, a realização de constantes análises do solo é muito importante.

A Dra. Simone Brand ressalta, no entanto, que a análise para identificação de nematoides na soja e no milho é diferente da análise de níveis de nutrientes, destacando que o nematoide é um organismo vivo e que precisa estar atrelado à planta para sobreviver:

“Para retirar a amostra é importante tirar a raiz e proteger com um pouco de terra e colocar em um lugar que tenha sombra. Também não demorar muito para fazer o envio para o laboratório, se preparar para fazer a coleta e o envio em tempo hábil. Porque senão ele até vai conseguir identificar a presença do nematoide, mas não vai conseguir identificar o tamanho da população, por exemplo”.

Outra estratégia para que a identificação seja mais eficiente é o uso de plantas indicadoras. Com essa técnica, o produtor separa algumas linhas do terreno da lavoura e planta diferentes espécies suscetíveis a diferentes tipos de nematoides na soja e no milho, o que ajuda a identificar qual é a espécie que está causando problemas.

Sobre isso, a Dra. Simone Brand avalia: “É uma experimentação in loco. Eu acho que é uma ferramenta importante, barata e pouco explorada”.

Após a identificação de qual espécie de nematoide está causando a infestação, é preciso que haja um planejamento de como lidar com o problema. Isso porque cada nematoide tem características diferentes, como ciclo de vida e tipos de planta que ele afeta.

Segundo a Dra. Simone, o planejamento do combate aos nematoides se apoia em três ações principais:

  • Identificação do patógeno (qual nematoide é, população, raça);
  • Identificação dos hospedeiros suscetíveis;
  • Criação de um ambiente favorável para que as plantas consigam se fortalecer

O último item também inclui ações como proporcionar um nível adequado de umidade do solo e o conhecimento do perfil físico-químico do solo, para que as plantas possam desenvolver um sistema radicular mais robusto, capaz de resistir à infecção.

Além desse tripé, há outras estratégias para mitigar as infestações por nematoides na soja e no milho, como a rotação de culturas, o controle químico e o controle biológico.

Estratégias para combater os nematoides na soja e no milho

A rotação de culturas é uma das estratégias que pode ser utilizada para o combate às infestações por nematoides na soja e no milho. Nesse caso, a Dra. Simone chama a atenção para a importância de que haja também um planejamento no uso dessa estratégia.

Como os nematoides podem parasitar diferentes tipos de plantas, é preciso observar qual é o tipo de patógeno que está presente no solo, para que a planta que será utilizada como entressafra também não seja afetada pela doença.

Essa identificação também ajuda a selecionar variedades da cultura principal que são resistentes aos nematoides. Entretanto, a Dra. Simone Brand chama a atenção de que em alguns casos, dentro do ciclo de rotação, é preciso utilizar variedades que são suscetíveis.

Isso porque se forem utilizadas somente plantas resistentes, haverá um efeito indesejado: a seleção de uma raça de nematoides que consegue atingir as plantas resistentes. Isso acontece porque dentro de uma população, sempre haverá indivíduos de raças diferentes, com alguns poucos que são capazes de infectar as plantas resistentes.

É possível também fazer o controle químico e o controle biológico dos nematoides na soja e no milho. O controle químico é feito através de substâncias que conseguem proteger a planta, geralmente em períodos mais críticos da infecção, possibilitando que elas se estabeleçam e fiquem mais fortes.

Já o controle biológico tem uma ação mais duradoura, agindo após esse período mais crítico. Por isso, é interessante que haja uma associação entre o controle químico e o controle biológico.

O controle biológico também tem outras vantagens, como tornar o solo biologicamente mais ativo e mais resiliente. Além disso, para que ele seja bem sucedido, é preciso ter uma orientação técnica, já que ele requer métodos de armazenamento, manuseio e aplicação mais precisos.

Apesar disso, a Dra. Simone Brand avalia que, a longo prazo, o uso controle biológico traz mais benefícios que somente o uso do controle químico:

“Se você cria condições para que os agentes biológicos se estabeleçam no ambiente, o controle biológico tem um tempo maior de ação. Se você tem outros problemas, outros patógenos também, ele pode ter um efeito no controle desses patógenos.”

Outro fator que interfere na eficiência do controle de nematoides na soja e no milho é o manejo nutricional do solo, especialmente do equilíbrio dos macro e micronutrientes fornecidos.

A importância do equilíbrio nutricional do solo

Ter um solo com um manejo nutricional bem feito e adequado é de grande valia no combate aos nematoides na soja e no milho. Isso porque existem nutrientes que podem ajudar a tornar as plantas mais resistentes, como o silício.

Além disso, quando há desequilíbrio no fornecimento de nutrientes, até aqueles que são essenciais, como o nitrogênio, podem acabar atrapalhando e deixando as plantas mais frágeis. É o que explica a Dra. Simone Brand:

“A palavra de ordem é equilíbrio. Se um nutriente tiver em falta ou em excesso vai atrapalhar. Mas a gente sabe que o excesso de nitrogênio torna os tecidos mais tenros, facilitando a penetração. Já o potássio e o cálcio tornam as membranas mais resistentes. O silício também é um nutriente que contribui muito, ativando as defesas das plantas, as barreiras, etc. E o que a gente vê é que muitas vezes há uma deficiência de nutrição com micronutrientes.”

Por isso, além de planejar o controle dos nematoides na soja e no milho, realizando a correta identificação dos patógenos, da população e utilizando meios de controle químicos e biológicos, é preciso manter o solo saudável e bem nutrido.

Para entender mais sobre o controle de nematoides na soja e no milho, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!

Não perca os próximos eventos. Confira toda a programação do Encontro com Gigantes e faça sua inscrição pelo link: https://www.kforte.com.br/encontrocomgigantes/

Dra. Simone Brand – Simone Cristiane Brand é Doutora em Fitopatologia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP). Além disso, é sócia-proprietária e pesquisadora da PlantCare,  estação experimental que realiza testes de eficácia agronômica, elaboração de laudos, atividades de ensino e orientação acadêmica. Dentro da PlantCare, a Dra. Simone exerce atividades voltadas para pesquisa e prestação de serviços para empresas Nacionais e Multinacionais de Defensivos Agrícolas. Especialista em Agronegócio e Gestão de Negócios também pela ESALQ/USP, ela também é orientadora nos cursos de Agronegócio e Gestão de Negócios do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (PECEGE) da ESALQ. Simone Brand também é professora no curso de Pós-Graduação em Fitossanidade do Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos (UNIFEOB).

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