Saiba quais são as 6 principais doenças do algodão

Saiba quais são as 6 principais doenças do algodão

O controle de doenças do algodão nem sempre é uma tarefa fácil, já que essa cultura pode ser afetada simultaneamente por diferentes tipos de fitopatógenos. Conheça quais são as 6 principais doenças do algodão e como se dá o manejo delas no campo!

Quais doenças afetam a produção e qualidade do algodão?

O algodão é uma cultura de grande relevância para o agronegócio brasileiro, colocando o país entre os maiores fornecedores de algodão do mundo.

Entretanto, o Brasil ainda enfrenta uma série de desafios para o manejo do algodão e outras culturas agrícolas, uma vez que o clima predominantemente tropical acaba proporcionando condições ambientais muito favoráveis ao desenvolvimento de diversos tipos de doenças e seus vetores.

Dentre elas, podemos destacar:

1. O tombamento do algodão

Nos estágios iniciais de desenvolvimento do algodão, uma das principais doenças que acometem as lavouras é o tombamento de plântulas.

Essa doença é causada por um complexo de fungos presentes no solo e na semente do algodão, que causam perdas significativas de parte do estande pelo tombamento de pré e pós-emergência das plântulas e acabam elevando os custos de produção com as operações de replantio.

Apesar do principal agente causal do tombamento ser o fungo Rhizoctonia solani, existem outras espécies e grupos de patógenos que também estão envolvidos com essa doença do algodão, como:

  • O fungo Colletotrichum gossypii;
  • O fungo Macrophomina phaseolina;
  • E espécies dos gêneros Fusarium, Phythium e Rhizopus;

Atualmente, a maior parte das medidas de controle para o tombamento do algodão se concentram no tratamento químico das sementes, já que ele tem se mostrado suficiente para manter essa doença do algodão sob controle.

2. A ramulose do algodão

A ramulose é uma doença do algodão com uma ampla distribuição pelo país, que vem causando problemas sérios em vários estados brasileiros.

Causada pelo fungo Colletotrichum gossypii var. Cephalosporiodes, ela é capaz de causar danos irreversíveis na parte aérea das plantas e comprometer a formação de capulhos do algodão ao causar:

  • A redução do porte das plantas;
  • A redução do número de capulhos;
  • O enrugamento das olhas mais novas, que apresentam lesões necróticas;
  • O superbrotamento das plantas, com a formação de ramos aglomerados com entrenós curtos e entumecidos;

Sintomas de ramulose (Colletotrichum gossypii) em folhas de algodão

Sintomas de ramulose (Colletotrichum gossypii) em folhas de algodão (Fonte: PUIA, J. P. et al.,2020)

Grande parte dos problemas relacionados ao controle dessa doença do algodão estão relacionados à fácil disseminação e permanência do agente causal da ramulose nas lavouras afetadas.

Esse fungo causador dessa doença do algodão é capaz de sobreviver em restos culturais depositados no solo, possuindo várias espécies de plantas do gênero Gossypium como hospedeiros secundários.

Além disso, ele pode ser facilmente dispersado pela ação do vento ou via sementes contaminadas para novas áreas de plantio, sendo atribuído a essa última via de dispersão o agravamento do surgimento de novos focos da ramulose no Brasil.

Por isso, a associação do tratamento das sementes, o cultivo do algodão em sistemas de rotação/sucessão, o plantio de cultivares resistentes e o controle químico são práticas indispensáveis para o controle dessa doença.

3. As manchas foliares do algodão

Outro grupo de doenças do algodão de grande relevância econômica para essa cultura são as manchas foliares.

Elas são capazes causar lesões foliares severas e intensa desfolha das plantas atacadas. Isso, por sua vez, reduz a área fotossinteticamente ativa das plantas de algodão, afetando a produtividade e qualidade da cultura.

Apesar de existirem múltiplas doenças capazes de causar as manchas foliares no algodão, três delas se destacam frente às demais. São elas:

  • A mancha de ramulária, causada pelo fungo Ramularia areola;
  • A mancha angular, causada pela bactéria Xanthomonas citri sp. Malvacearum;
  • A mancha de alternaria, causada principalmente pelo fungo Alternaria macrospora.

Normalmente, esses três tipos de manchas foliares ocorrem simultaneamente na lavoura, podendo ocorrer em maior ou em menor intensidade dependendo das condições do clima e do próprio agroecossistema.

Contudo, de forma geral, condições de elevada precipitação, umidade do ar e ventos fortes acabam favorecendo a disseminação e infecção das plantas com os agentes causais dessas doenças do algodão.

Uma das formas mais comuns de identificar qual tipo de mancha foliar está presente nas plantas é através da observação dos seus sintomas nas folhas do algodão.

A mancha de ramulária, também conhecida como falso oídio ou mancha branca, pode ser identificada pela presença lesões brancas de formato angular e aspecto cotonoso. Ela ainda pode provocar a abertura precoce dos capulhos, reduzindo a qualidade da fibra do algodão.

No caso da mancha angular, apesar das lesões angulares possuírem a mesma dimensão e formato daquelas causadas pela mancha de ramulária, há um aspecto encharcado, adquirindo posteriormente uma coloração parda.

Já a mancha de alteraria geralmente apresenta lesões arredondadas, pequenas e amarronzadas com bordas enegrecidas, que irão atingir as folhas mais velhas, cotiledonares e as maçãs do algodão.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), uma das formas de prevenir ataques mais severos dessas doenças do algodão é através da escolha adequada dos espaçamentos e densidades de plantas, buscando facilitar a areação das lavouras.

Outras estratégias como a escolha de cultivares resistentes, o uso de sementes sadias e quimicamente tratadas e a utilização do controle químico também podem são muito importantes para se obter um controle efetivo das manchas foliares do algodão.

4. A murcha de fusarium do algodão

Relatada na cultura do algodão pela primeira vez no Brasil em 1935, a murcha de fusarium é outra doença do algodão que tem preocupado muitos agricultores em diversas regiões produtoras do país.

Ela é capaz de causar a morte de plantas de algodão jovens poucos dias após os primeiros sintomas externos serem observados ou ainda comprometer a produtividade das plantas mais velhas infectadas, que ficam enfezadas e sofrem severa redução de crescimento.

Quando o algodão é infectado pelo agente causal da murcha de fusarium, o fungo Fusarium oxysporum f. sp. Vasinfectum, as folhas e ramos começam a murchar e secar, permanecendo apenas o caule enegrecido com o avanço dos sintomas nas plantas.

Internamente, o ataque do fungo também provoca a descoloração dos feixes vasculares e obstrução dos vasos, que prejudicam o fluxo de água e nutrientes na planta e acabam induzindo o sintoma de murcha.

Como esse fungo é considerado um habitante de solo e é capaz de infectar outras plantas hospedeiras, ele pode sobreviver por vários anos depois de ser introduzido em uma lavoura.

Por isso, medidas de controle para evitar a introdução desse patógeno nos agroecossistemas, como o plantio de sementes sadias e tratadas e a limpeza de ferramentas e implementos agrícolas, são muito importantes.

Outros estudos também indicam que a presença de nematoides na área, principalmente espécies dos gêneros Meloidogyne, Pratylenchus e Rotylenchus, pode aumentar a severidade da murcha de fusarium no algodão.

Assim, o monitoramento e controle constante dessa praga também pode fazer uma grande diferença para se obter o sucesso no controle dessa doença do algodão.

O controle de nematoides no campo é feito em diferentes etapas, que vão desde a identificação correta das espécies a adoção de práticas específicas, como a rotação de culturas.

5. O mosaico do algodão

Além dos fungos e bactérias, os vírus são outro grupo de patógenos que podem causar doenças do algodão de difícil manejo, como o mosaico comum do algodão e o mosaico das nervuras.

Tanto o mosaico comum do algodão quando o mosaico das nervuras são doenças do algodão associados a infecção das plantas por algumas espécies e estirpes de vírus específicos.

No caso do mosaico comum, estudos indicam que ele é causado pelo vírus Abutilon mosaic virus (AbMV) e transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci).

Já o mosaico das nervuras está associado diferentes estirpes do vírus Cotton leafroll dwarf virus, que são transmitidas principalmente pelo pulgão do algodoeiro (Aphis gossypii).

Quando as plantas são infectadas por esses vírus, elas passam a apresentar diferentes sintomas dependendo do agente causal da doença.

Manchas mosqueadas pequenas amarelas ou avermelhadas nas folhas geralmente são mais associadas a ocorrência do mosaico comum, enquanto a presença de rugosidade, amarelecimento e mosaicos ao longo das nervuras das folhas está associado a ocorrência do mosaico das nervuras.

Algumas plantas de algodão ainda podem apresentar redução significativa do seu porte e apresentar uma coloração foliar que varia de verde escuro a azulado.

Nesse caso, esses sintomas estão relacionados a ocorrência de uma segunda forma mais agressiva do mosaico das nervuras, conhecida como doença azul, mosaico azul ou moléstia azul.

Normalmente, grande parte das medidas de controle dos mosaicos do algodão envolve o monitoramento e controle da população dos seus vetores, associado ao arranquio de plantas sintomáticas e eliminação de plantas nativas hospedeiras dos vírus.

6. O mofo branco do algodão

Por fim, o mofo branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, é outra das doenças do algodão que precisa sempre estar sendo constantemente monitorada e controlada no campo.

Também conhecida como podridão-de-Sclerotinia, o mofo branco do algodão é caracterizado por ser de ocorrência endêmica em algumas regiões do Brasil e é capaz de afetar diversas culturas, incluindo o algodão.

Na cultura do algodão, o mofo branco foi constatado pela primeira vez no final da década de 90 no estado de Minas Gerais e hoje já se encontra amplamente distribuído por diversas regiões produtoras do país.

A identificação do mofo branco nas lavouras geralmente é feita observando os seus sintomas característicos nas plantas, que incluem murcha, necrose e podridão úmida da haste, do pecíolo, da folha e da maçã e a presença dos micélios de coloração branca nos ramos e nos capulhos.

Para o controle dessa doença, o pesquisador Luiz Gonzaga Chitarra recomenda, no seu estudo Mofo Branco em Algodoeiro, a adoção integrada de algumas medidas de controle, como:

  • A rotação de culturas com plantas que promovam a degradação natural das estruturas de resistência do fungo no solo, como as gramíneas;
  • A utilização de sementes sadias, certificadas, de procedência conhecida e com certificado fitossanitário de origem;
  • A formação de palhada homogênea sobre o solo e o plantio do algodão sob palhada;
  • A redução das densidades de semeadura e aumento espaçamento entre linhas;
  • A limpeza de equipamentos e implementos agrícolas;
  • A aplicação equilibrada de nutrientes nas lavouras.

O manejo das doenças do algodão deve ser feito com a integração de diferentes práticas

Em conclusão, podemos perceber que o algodão pode ser afetado por uma grande diversidade de doenças, que podem ocorrer de forma isolada ou simultânea ao longo do ciclo da cultura.

Por isso, é importante que o agricultor sempre busque integrar ao máximo as práticas de controle das doenças do algodão e esteja sempre atento a nutrição da sua lavoura com macronutrientes e micronutrientes essenciais, para que as plantas possam responder bem a todas as medidas de controle adotadas!

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