Como o potássio atua no metabolismo e transporte de carboidratos nas plantas? - Como o potassio atua no metabolismo e transporte de carboidratos nas plantas

Como o potássio atua no metabolismo e transporte de carboidratos nas plantas?

O potássio faz parte do chamado grupo dos macronutrientes primários, ao lado do nitrogênio e do fósforo. Dizer isso, significa que ele é essencial para os processos de crescimento e desenvolvimento das plantas, além de ser requerido em grandes quantidades por elas. De fato, de maneira geral, ele é o segundo nutriente mais requerido pelas culturas agrícolas. Entre as funções que ele exerce, algumas estão ligadas ao metabolismo e transporte de carboidratos nas plantas. Entenda quais são essas funções e como o potássio atua nesses processos tão importantes!

As funções gerais do potássio nas plantas

Os carboidratos são biomoléculas compostas fundamentalmente de carbono, hidrogênio e oxigênio e que são de suma importância para o funcionamento dos organismos vivos.

Eles possuem diversas funções dentro da fisiologia de animais e vegetais, mas uma das principais é o fornecimento de energia. E, nesse sentido, o potássio está diretamente ligado ao metabolismo e ao transporte de carboidratos nas plantas.

Para entender isso, primeiro é preciso ter uma visão das funções do potássio na fisiologia e no metabolismo vegetal. Embora ele não faça parte de nenhum composto orgânico e não desempenhe funções estruturais nas plantas, o potássio participa de processos como:

  • A ativação enzimática;
  • A síntese proteica;
  • A fotossíntese;
  • O transporte de fotoassimilados no floema;
  • O crescimento celular;
  • A melhoria da qualidade de flores e frutos;
  • A regulação do potencial hídrico das células;
  • A amenização de estresses bióticos e abióticos.

Pesquisadores como Ronaldo L.V. de Arruda Silveira e o renomado engenheiro agrônomo Eurípedes Malavolta, por exemplo, destacam a atuação do potássio na ativação de cerca de 50 enzimas, tais como:

  • Sintetases;
  • Oxiredutases;
  • Desidrogenases;
  • Transferases;
  • Quinases;
  • Aldolases.

É o que eles relatam no artigo no artigo Nutrição e adubação potássica em eucalyptus. E essa participação na ativação de proteínas é muito relevante no metabolismo e no transporte de carboidratos nas plantas.

A ligação do potássio com o metabolismo e transporte de carboidratos nas plantas

Dentro da fisiologia vegetal, estudos já identificaram que o potássio está diretamente ligado com a atividade de enzimas relacionadas ao metabolismo dos carboidratos.

No trabalho Nutrição mineral de plantas, por exemplo, Valdemar Faquin destaca pesquisas indicam que enzimas como a 6-fosfofrutoquinase e a piruvato quinase, que atuam na via glicolítica, apresentam um alto requerimento de potássio.

Além disso, outra enzima importante nesse processo de metabolização de carboidratos, a sintetase do amido, também é altamente dependente de cátions monovalentes, dentre os quais o potássio é o mais eficiente.

Outros estudos indicam como o potássio e também o magnésio influenciam na atividade da ATPase.

Vale destacar que o ATP, ou adenosina trifosfato, é uma molécula que é a principal forma de energia química utilizada pelos seres vivos nos seus processos fisiológicos e que é metabolizada pela ação de enzimas a partir dos carboidratos.

Atividade de ATPase de fração de membrana de raízes de milho, influenciada pelo pH, potássio e magnésio (Fontes: LEONARD & HOTCHRISS apud MARCHNER, 1986)

Atividade de ATPase de fração de membrana de raízes de milho, influenciada pelo pH, potássio e magnésio (Fontes: LEONARD & HOTCHRISS apud MARCHNER, 1986)

Valdemar Faquin também destaca que as pesquisas mostram que o potássio tem um papel ativo no carregamento e descarregamento do floema em fotoassimilados, ou seja, dos produtos da fotossíntese, que incluem os carboidratos.

Ele explica que esse transporte de carboidratos nas plantas é um processo ativo, que requer energia do ATP e envolve ATPases associadas às membranas celulares. Nesse contexto, o potássio atua na despolarização da membrana plasmática e na ativação das ATPases.

Transporte de fotoassimilados em plantas de cana-de-açúcar bem (+K) e mal (- K) nutridas em potássio (Fonte: HARTT apud MARSCHNER,1986)

Transporte de fotoassimilados em plantas de cana-de-açúcar bem (+K) e mal (- K) nutridas em potássio (Fonte: HARTT apud MARSCHNER, 1986)

Faquin explica, por exemplo, que, quando há uma boa nutrição potássica da cana-de-açúcar, o transporte de determinados carboidratos nas plantas, mais especificamente das folhas (órgãos fonte) até os colmos (órgãos armazenadores) é mais rápido e em maior quantidade.

Além disso, o transporte de outros compostos importantes, como proteínas e compostos nitrogenados, também é favorecido pelo potássio.

Nesse sentido, é muito importante que o agricultor esteja atento à adubação com potássio na sua lavoura, de forma a evitar a deficiência desse importante nutriente e os danos da sua falta no metabolismo e transporte de carboidratos nas plantas. Mas, como fazer isso?

Como fazer a adubação potássica de maneira mais eficaz

Para que a adubação potássica seja feita de maneira mais eficiente e que ele exerça de maneira correta as suas funções no metabolismo e transporte de carboidratos nas plantas, um dos primeiros passos é entender as condições de fertilidade do solo.

Para isso, saber quais são os níveis desse nutriente no solo é essencial e, nesse âmbito, o agricultor precisa utilizar ferramentas como a análise de solo.

Todavia, é necessário estar atento aos métodos adequados para isso. Isso porque os métodos mais utilizados nas análises laboratoriais não levam em conta o potássio não-trocável do solo.

No entanto, já existem pesquisas que demostram que esse reservatório de potássio também tem uma contribuição importante na nutrição vegetal.

É o que ressalta Michael J. Bell, juntamente com seus colegas, no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops.

É como se, dentro da dinâmica do potássio no solo, os reservatórios desse nutriente fossem diferentes caixas d’água: à medida que a planta utiliza o potássio das caixas d’água da solução e da fração trocável, o nutriente da caixa d’água da fração não-trocável vai repondo o que foi utilizado.

Assim, utilizando a análise de solo e também outras ferramentas como a análise foliar de maneira adequada, o agricultor pode tomar decisões mais assertivas na hora de pensar o manejo do potássio.

Tais decisões incluem a época de aplicação e a quantidade de potássio utilizada no manejo. Mas, além disso, permitem que se tenha uma compreensão melhor para escolher o tipo de fertilizante que vai fornecer esse nutriente.

Com o avanço das tecnologias e das pesquisas na área, o potencial benéfico das fontes de potássio de liberação gradual tem se mostrado cada vez mais evidente.

Entre as vantagens dessas fontes potássicas, está o fato de que elas são menos suscetíveis a problemas como a lixiviação e ainda têm um efeito residual duradouro no solo.

As fontes de potássio de liberação gradual têm muitos benefícios para a produtividade das lavouras

Graças a essas características, o agricultor consegue construir e manter a fertilidade do solo de maneira mais eficaz, ajudando a incrementar a produtividade das lavouras.

Outro ponto importante que deve ser observado na hora de pensar na adubação potássica é em relação aos níveis de cloro das fontes utilizadas. O Cloreto de Potássio (KCl), uma das fontes mais utilizadas na agricultura, por exemplo, é composto por aproximadamente 47% de cloro.

Com isso, há um excesso de cloro sendo aplicado no solo, o que pode trazer problemas para as plantas e também para o solo, como a compactação, a salinização e prejuízos para a microbiota do solo.

Nesse sentido, as fontes de potássio livres de cloro são uma opção interessante para o manejo do potássio nas plantas.

Já em relação a quanto de potássio aplicar nas plantas, é importante lembrar que cada cultura tem a sua recomendação própria e ter esse conhecimento é essencial. Todavia, existem alguns parâmetros que devem ser levados em consideração na hora de planejar o manejo, tais como:

  • Tipo de cultivar utilizada na lavoura;
  • A textura do solo;
  • A disponibilidade dos nutrientes no solo.

Utilizando o conhecimento da análise do solo e outras ferramentas, com o estabelecimento de expectativas de produção, é possível determinar esses parâmetros.

Desse modo, o agricultor pode melhorar a adubação potássica e garantir o seu papel no metabolismo e transporte de carboidratos nas plantas!

Adubar a lavoura com potássio é essencial para o metabolismo e transporte de carboidratos nas plantas 

Resumindo, o potássio tem diversas funções muito importantes no metabolismo e fisiologia vegetais, que fazem com que ele seja um dos nutrientes mais requeridos por elas em seus processos de crescimento e desenvolvimento.

Entre essas funções, está a ativação de enzimas que estão intimamente ligadas ao metabolismo e transporte de carboidratos nas plantas.

Por isso, é fundamental que o agricultor tenha boas práticas de manejo de potássio, para garantir que as plantas estejam bem nutridas e possam se beneficiar dessas funções tão importantes do potássio!

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