Entenda Como Funciona A Dinâmica De Potássio No Solo

Entenda como funciona a dinâmica de potássio no solo

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O potássio apresenta uma grande dinâmica no agroecossistema, uma vez que ele é considerado o elemento mais móvel no sistema solo-planta. Com isso, o entendimento dessa grande diversidade de interações que ele estabelece no sistema de produção pode se tornar um diferencial para alcançar a máxima eficiência do manejo desse macronutriente na lavoura.

Quais são as formas de potássio no solo?

O entendimento do ciclo de potássio (K) no sistema solo-planta por muitos anos ficou limitado a um modelo que representava quatro ou até mesmo dois grandes “reservatórios” de potássio no solo.

Entretanto, esses modelos, acompanhados de terminologias inconsistentes, estavam dificultando a compreensão da dinâmica do potássio no solo e o seu uso como base para conduções de pesquisas sobre recomendações agronômicas para as lavouras.

Isso é o que notam por Sylvie M. Brouder e outros pesquisadores do capítulo The Potassium Cycle and Its Relationship to Recommendation Development, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops.

A solução para esse problema foi a ampliação do modelo convencional de representação da dinâmica do potássio no solo. Esse novo modelo propõe mais de 10 “reservatórios” de potássio no sistema solo-planta, também conhecidos como pools, e os diferentes fluxos de potássio que se estabelecem entre eles.Uma Visão Mais Ampliada Do Ciclo Do Potássio No Solo (Fonte: Bell Et Al., 2021)

Uma visão mais ampliada do ciclo do potássio no solo (Fonte: Bell et al., 2021)

Em cada um desses “reservatórios” se encontram diferentes formas de potássio que, de forma geral, são agrupados considerando a velocidade da sua disponibilidade para plantas, localização e movimentação dentro do sistema de produção.

De acordo com o diagrama e os seus conceitos, as entradas de potássio (azul escuro) num sistema de produção são representadas pela introdução desse nutriente ao sistema, ou seja, quando ele é adicionado seja através de fertilizantes e outras fontes de potássio.

Uma vez dentro da área de cultivo, o potássio pode ter três destinos principais: estar dentro dos tecidos das plantas (azul claro), ser mantido no solo (amarelo claro) ou ser retirado do sistema de produção (laranja).

Quando ele se encontra dentro dos tecidos vegetais das culturas, o potássio pode estar tanto acumulado nos diversos órgãos das plantas (número 6), quanto retornando à solução do solo através da exposição da matéria orgânica à água ou pelo processo de perda de seiva (exsudação) das plantas.

Uma das vantagens do potássio frente aos demais nutrientes é que ele não é metabolizado dentro das plantas. Ou seja, ele forma apenas complexos fracos, que podem facilmente ser rompidos, permitindo assim, o retorno do potássio para a solução do solo.Taxa De Liberação De Potássio De Diferentes Resíduos Vegetais De Soja (Esquerda) E Milho (Direita) Ao Longo Do Tempo. (Fonte: (Oltmans E Mallarino, 2015)

Taxa de liberação de potássio de diferentes resíduos vegetais de soja (esquerda) e milho (direita) ao longo do tempo. (Fonte: (Oltmans e Mallarino, 2015)

A solução do solo (número 8) representa a principal fonte de potássio disponível para absorção das plantas, que é abastecido constantemente por outros “reservatórios” de potássio do solo (números 9 a 13).

Assim como o potássio introduzido no sistema (número 1), a solução do solo também está sujeita a sofrer perdas de nutrientes, seja na região da superfície do solo pelo escoamento subterrâneo e erosão (número 4), seja em profundidade pelo processo de lixiviação (número 5).

As demais fontes de perdas de potássio do sistema estão associadas às próprias plantas, pela exportação direta de produtos agrícolas (número 2) e carreamento de cinzas e fuligens de resíduos vegetais queimados (número 3).

Entretanto, o potássio também pode ficar retido no sistema de produção, transitando entre as suas mais diversas formas dependendo do tipo de relação que estabelece com as partículas do solo.

Dentre eles, é possível destacar dois extremos quanto à facilidade de biodisponibilização dos nutrientes para as plantas: o potássio adsorvido na superfície das partículas do solo (número 9) e o potássio que está incluso como componente estrutural de minerais (número 12).

O potássio adsorvido na superfície das partículas do solo é considerado o “reservatório” do solo mais disponível para plantas, uma vez que os nutrientes se encontram apenas associados a outros componentes que possuem carga negativa no solo, como a matéria orgânica.

Diferentemente dessa condição, o potássio também pode estar incluso como componente estrutural de minerais, principalmente de feldspatos e feldspatoides. Nessas condições, o potássio só é liberado quando a superfície do material é exposta e dissolvida pela ação de diferentes fatores do agroecossistema.

Os fatores que promovem a mobilização do potássio no solo

Segundo o livro Potassium Solubilizing Microorganisms for Sustainable Agriculture, a mobilização de potássio no solo é afetada por muitos fatores ambientais bióticos e abióticos, como:

Os microrganismos, por exemplo, conseguem liberar o potássio dos mineiras do solo por meio de mecanismos de acidificação e protonação, que são promovidos pela liberação de ácidos orgânicos no meio.

Já as raízes das plantas também podem desempenhar um importante papel nesse processo. Isso porque o seu crescimento e desenvolvimento promove a fragmentação dos minerais do solo, aumentado a área a área para atuação dos microrganismos na mobilização mineral.

Além disso, as raízes ajudam a promover o constante incremento populacional das comunidades microbióticas, já que os exsudatos radiculares são uma importante fonte de alimento para os microrganismos do solo.

Entender a dinâmica do potássio no solo ajuda a otimizar o manejo do nutriente

Dessa forma, é possível perceber que práticas agrícolas que promovem a melhoria da qualidade do solo, do vigor vegetativo das raízes das plantas e dos microrganismos são importantes ferramentas que favorecem a dinâmica de potássio no solo.

Assim, o manejo do potássio no solo pode ser otimizado, com escolhas de fertilizantes mais assertivas, por exemplo. Isso melhora a eficiência da adubação e evita o aparecimento de sintomas de deficiência de potássio!

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