Os preços dos fertilizantes mais utilizados na agricultura brasileira tiveram alta de mais de 200% nos últimos nove anos e tem impactado diretamente nos custos da produção agrícola do país, segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP). Entenda mais sobre a dinâmica de valores do mercado de fertilizantes e alternativas para aumentar o seu lucro.
Por que os fertilizantes são tão caros no Brasil?
O preço dos fertilizantes mais utilizados na agricultura brasileira tem aumentado significativamente nos últimos anos.
O Cloreto de Potássio (KCl), por exemplo, custava U$ 250,00 por tonelada em janeiro de 2021. Já em 2023, ele alcançou U$ 520,00 por tonelada. Houve uma estabilização, mas o valor ainda permaneceu relativamente alto, com a tonelada do KCl custando U$ 290,00 em meados de novembro de 2024.
Fertilizante | Preço por tonelada - CFR (preços no porto) | |
05/01/2023 | 21/11/2024 | |
Ureia | $460 a $475 | $330 a $345 |
Sulfato de Amônio | $245 a $255 | $153 a $163 |
Fosfato Monoamônico 11-52 | $655 a $665 | $630 a $635 |
Super Simples (SSP) | $210 a $240 | $170 a $208 |
Cloreto de Potássio | $500 a $520 | $280 a $290 |
Preço de alguns dos principais fertilizantes utilizados no Brasil em 2023 e 2024 (Fonte: ACERTO Weekly Fertilizer Report Brazil 05/01/2023 e 21/11/2024)
Em reais, o valor do preço do Cloreto de Potássio foi de R$ 2.782,00 (na cotação do dia 05/01/2023) e R$ 1.684,90 (na cotação do dia 21/11/2024).
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No contexto brasileiro, isso tem um grande impacto na agricultura do Brasil. Isso porque existe uma alta demanda de fertilizantes, que vem dos quase 70 milhões de hectares destinados a atividade agrícola do país, segundo o Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra realizado em 2018.
Grande parte dessas terras, naturalmente, apresentam uma baixa disponibilidade de nutrientes por serem muito antigas e intemperizadas. E, em algumas regiões, como o cerrado, isso é ainda mais potencializado pela acidez excessiva, que pode gerar:
- Baixos teores de cálcio e magnésio do solo;
- Baixa Capacidade de Troca Catiônica (CTC);
- Maior solubilidade e presença de elementos tóxicos, como alumínio e manganês;
- Redução da fixação simbiótica de nitrogênio pelas plantas;
- Menor atividade dos microrganismos decompositores de matéria orgânica;
- Baixo aproveitamento dos nutrientes pelas plantas.
Com isso, a alta demanda de fertilizantes não vem apenas da grande extensão de terras agrícolas, mas como também devido a características intrínsecas aos solos do país. De acordo com o Canal Rural, em 2020, foram consumidos mais de 30 milhões de toneladas de fertilizantes contudo, todo esse montante não chega nem perto da capacidade de produção da indústria nacional.
Nos últimos anos, observou-se uma tendência de queda da produção nacional de fertilizantes que registrou apenas 8,2 milhões de toneladas em 2020. A revista Cultivar destacou que um dos motivos para essa queda é a tributação.
A discrepância entre as alíquotas estaduais de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e bitributação que acontece quando a comercialização envolve duas unidades da federação, apenas desestimulam as empresas nacionais e tornam o Brasil extremamente dependente do mercado externo.
Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), mais de 70% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira são importados, com destaque para alta dependência externa do:
- Cloreto de Potássio: com cerca de 95%;
- Nitrogênio: com mais de 80%;
- Fosfato: com cerca de 60%.
A GloblaFert apontou que, em 2020, o Brasil, a China, a Índia e os Estados Unidos concentraram 58% da demanda global de macronutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio). (Fonte: Henry Be – Unsplash)
Entretanto, não é somente o dólar que vem afetando essa dinâmica de preços, que vêm subindo desde o começo do ano de 2021. Mas, o que pode explicar esse aumento?
As mudanças geopolíticas também influenciam os preços dos fertilizantes
A própria imprevisibilidade da situação dos principais produtores de fertilizantes mundial pode afetar severamente os preços do mercado.
Nos últimos meses, por exemplo, a interferência da crise sociopolítica da Bielorrúsia ou ainda o fechamento das minas de potássio da Mosaic no Canadá, afetaram a comercialização e os preços dos fertilizantes potássicos no mundo inteiro.
Essa interferência acontece porque a Bielorússia e o Canadá, juntamente com a Rússia, controlam 80% da produção e distribuição mundial do Cloreto de Potássio (KCl).
Mas será que só o cenário externo tem influência nos preços dos fertilizantes no país? Não, outro fator responsável pela alta do preço dos fertilizantes no Brasil foi o tabelamento feito após a greve dos caminhoneiros que ocorreu em meados de 2018.
De acordo com um levantamento feito pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o valor do transporte rodoviário ficou 12% mais caro com a medida e levou ao aumento do preço dos fretes.
E o que torna todo esse cenário ainda mais preocupante para o agricultor é que ele ainda não acabou. Em comparação com janeiro de 2020, o preço dos fertilizantes no país teve um aumento em média de 59,8% só no primeiro semestre em decorrência dos diversos motivos evidenciados pelo o economista Luiz Carlos Hauly e o Engenheiro Agrônomo Décio Gazzoni:
Uma das formas de lidar com os altos preços dos fertilizantes é buscar substitutos aos insumos importados
Uma das estratégias para alcançar a redução de custos dos fertilizantes é buscar por alternativas que substituam parcialmente ou totalmente os insumos importados. O agricultor, ao buscar por fornecedores mais próximos da sua propriedade, reduz os custos do insumo com o fretamento e ainda pode encontrar fontes de nutrientes com diversos benefícios.
Esse é o caso, por exemplo, do Siltito Glauconítico encontrado no município de São Gotardo em Minas Gerais. Ele é uma rocha sedimentar rica em minerais potássicos que dá origem aos fertilizantes multinutrientes da Verde Agritech, como o BAKS® e o KFORTE®, entre outros.
Além de suprir as demandas nutricionais da planta, esses fertilizantes nacionais são capazes de melhorar a qualidade física e química do solo e não causam problemas recorrentes em muitos fertilizantes convencionais, como a:
- Acidificação;
- Salinização;
- Lixiviação;
- Compactação.
Assim, o agricultor que utiliza fontes de nutrientes nacionais para adubação, não estará apenas reduzindo os efeitos da alta dos preços dos fertilizantes importados nos seus lucros, mas como também estará oferecendo benefícios para sua lavoura que podem incrementar a sua produtividade!