Qual o papel do potássio na adubação de sistemas?

Qual o papel do potássio na adubação de sistema?

Entre os diversos tipos de manejo agrícola, a adubação de sistema tem ganhado destaque pelos benefícios que ela pode trazer para o agricultor. Dentro desse âmbito, o potássio é um nutriente que pode ter influências positivas no sucesso dessa forma de manejo. Descubra quais são as vantagens de realizar a adubação de sistema e qual o papel do potássio nessa forma de manejo!

Quais as vantagens da adubação de sistema?

A adubação de sistema é uma prática que pode ajudar o agricultor a otimizar o manejo nutricional da sua lavoura, trazendo vantagens econômicas e também para o meio ambiente. Mas, o que é exatamente essa prática e quais são as suas vantagens?

A adubação de sistema é executada em lavouras que utilizam o chamado sistema de plantio direto (SDP). De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o SDP é um método conservacionista de manejar o solo para fins agropecuários.

Nele, existe a busca pela rentabilidade do sistema agrícola, através da máxima expressão dos potenciais genético, edáfico e ambiental do mesmo. Assim, ele propicia a melhoria da qualidade de solo, água e ar, aumentando e estabilizando a renda da agropecuária.

Dentro desse contexto, a adubação de sistema utiliza a rotação de culturas para aproveitar de maneira mais eficiente os fertilizantes aplicados. Em geral, são utilizadas culturas de ciclo mais rápido e que são plantadas em sucessão dentro de uma mesma área, como a soja e o milho, por exemplo.

A utilização dos sistemas de sucessão no manejo agrícola pode trazer uma série de benefícios para a lavoura, tais como:

Além disso, existe a oportunidade de otimizar o aproveitamento da adubação, uma vez que a segunda cultura plantada pode se beneficiar do efeito residual das fontes aplicadas e também da ciclagem de nutrientes vindas da matéria orgânica que pode ser aproveitada.

Laercio Dalla Vecchia, Campeão Nacional do Cesb, fala sobre as vantagens da adubação de sistema

Dado esse cenário, qual o papel do potássio na adubação de sistema?

O papel do potássio na adubação de sistema 

O potássio é um nutriente essencial para o desenvolvimento das plantas. Sendo parte do grupo dos chamados macronutrientes primários, de maneira geral, ele é o segundo nutriente mais requerido pelas culturas agrícolas.

Essa alta necessidade desse nutriente se relaciona com as funções que o potássio exerce no metabolismo e na fisiologia das plantas, que incluem:

  • A ativação enzimática;
  • A síntese proteica;
  • A fotossíntese;
  • O transporte de fotoassimilados no floema;
  • O crescimento celular;
  • A melhoria da qualidade de flores e frutos;
  • A regulação do potencial hídrico das células;
  • A amenização de estresses bióticos e abióticos.

Assim, o potássio se torna um nutriente muito relevante para a fertilidade do solo, já que ele é essencial para as plantas.

No contexto brasileiro, isso é ainda mais exacerbado, dado o fato de que a maioria dos solos do Brasil têm baixa disponibilidade de potássio. É o que afirma o documento Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil, da Embrapa.

Nas lavouras que utilizam a adubação de sistema em seu manejo, estudos recentes demonstram que a adubação potássica resulta em uma boa correlação com a produção de fitomassa das culturas.

É o que destacam Hugo Henrique Andrade Meneghette e outros pesquisadores, no artigo Adubação potássica em plantas de coberturas no sistema de plantio direto e efeitos na cultura da soja em sucessão.

As razões para isso estão muito ligadas ao ciclo do potássio já que, devido às suas características físico-químicas e seu comportamento na fisiologia das plantas, ele pode voltar ao solo após a colheita ou após a senescência das plantas, fazendo da palhada um reservatório expressivo desse nutriente.

É o que explica o pesquisador Tiago de Lisboa Parente, juntamente com seus colegas, no trabalho Potássio em cobertura no milho e efeito residual na soja em sucessão.

Todavia, as fontes de potássio utilizadas na adubação também podem ter uma influência na eficiência do manejo e nos impactos positivos do potássio na adubação de sistema.

Por exemplo, fontes de liberação gradual, que disponibilizam o nutriente ao longo de mais tempo para as plantas e têm um efeito residual duradouro beneficiam as culturas utilizadas nesse sistema de manejo.

Dito isso, como o agricultor pode otimizar a adubação potássica para aproveitar melhor os efeitos positivos do potássio na adubação de sistema?

Como otimizar a adubação potássica? 

Um dos primeiros passos tanto para a implementação da adubação de sistema quanto para a realização de uma adubação potássica efetiva é o conhecimento das condições de fertilidade do solo.

Para isso, o agricultor precisa lançar mão de métodos adequados de análise de solo. É através dessa análise de solo que ele vai entender tanto as condições físico-químicas do solo, como também o seu estado de fertilidade para, a partir disso, tomar decisões mais assertivas no manejo.

Essas decisões incluem a correção de parâmetros como a acidez do solo e aquelas relacionadas à aplicação de fertilizantes.

Nesse sentido, é importante que o agricultor entenda quais são as necessidades da lavoura. No caso do potássio, cada cultura tem uma demanda específica desse nutriente e, conhecendo essas demandas juntamente com as expectativas de produtividade, é possível planejar a adubação de forma mais adequada.

Como já apontado, as fontes utilizadas no manejo também podem ter uma grande influência no sucesso da adubação.

No caso da adubação potássica, fontes de liberação rápida, como o  Cloreto de Potássio (KCl), conseguem disponibilizar os nutrientes mais rapidamente. Entretanto elas são mais suscetíveis à lixiviação.

Assim, os nutrientes são perdidos para as camadas mais profundas do solo, reduzindo o aproveitamento daquilo que é aplicado.

Aqui, o uso de fontes de liberação gradual podem ser uma boa opção, já que elas são menos sujeitas a esse fenômeno, além de terem o efeito residual duradouro já citado. Além de contribuir para a construção e manutenção da fertilidade potássica do solo, isso beneficia os sistemas de adubação, já que os nutrientes ficam no solo por mais tempo.

Outra ação vantajosa para o agricultor otimizar tanto a adubação potássica quanto a adubação de sistema é o investimento em práticas que favoreçam a saúde da microbiota do solo.

Os microrganismos são parte importante do ecossistema do solo, sendo em sua maioria benéficos e importantes para a disponibilização de nutrientes como o potássio. Por isso, o uso de fertilizantes livres de cloro, por exemplo, é beneficial para a microbiota.

Isso porque o excesso desse elemento no solo, além de ser prejudicial para as plantas, também aumenta a salinidade e a compactação, tendo também um efeito biocida aos microrganismos do solo.

Além disso, a implementação de técnicas como a compostagem ajuda a aumentar a matéria orgânica do solo. Isso auxilia na preservação da microbiota, além de também melhorar parâmetros que influenciam a eficiência da adubação potássica, a exemplo da capacidade de troca catiônica (CTC) do solo.

O acompanhamento da resposta da lavoura à adubação através, por exemplo, de técnicas como a análise foliar, também é muito importante para implementar correções e melhorias no manejo.

Assim, com um conhecimento mais amplo da lavoura e a implementação de técnicas adequadas, o agricultor consegue otimizar o manejo do potássio e a adubação de sistema.

Uma boa adubação potássica pode potencializar a adubação de sistema

Em resumo, a adubação de sistema é uma técnica que pode trazer vantagens para o agricultor, melhorando tanto parâmetros importantes do solo como o aproveitamento dos nutrientes e da adubação.

Nesse sentido, o potássio tem um papel importante e a realização de uma adubação potássica adequada, com fontes eficientes e benéficas pode ser uma ferramenta essencial para o sucesso da lavoura!

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