Quais são as relações de antagonismo e sinergismo existentes entre nutrientes?

Quais são as relações de antagonismo e sinergismo existentes entre nutrientes?

Você sabia que os nutrientes são capazes de interagir entre si no solo e isso pode favorecer ou prejudicar a absorção deles pelas plantas? Conheça quais são as relações de antagonismo e sinergismo existentes entre os nutrientes e como o agricultor pode usar esse conhecimento a seu favor na hora de realizar a adubação da sua lavoura!

O que são as relações de antagonismo e sinergismo dos nutrientes?

O solo é considerado um ambiente extremamente dinâmico, onde constantemente estão ocorrendo diferentes interações e transformações entre os seus componentes físicos, químicos e biológicos.

Entretanto, essas diferentes interações e transformações podem tanto potencializar quanto limitar algumas práticas agrícolas no campo. Por isso, o conhecimento delas pode ser considerado indispensável para alcançar um bom desempenho das lavouras.

Dentre as diversas interações que acontecem no solo, podemos destacar as que acontecem entre os nutrientes como sendo algumas das mais importantes. Isso porque elas podem interferir diretamente na nutrição de plantas, dependendo do tipo de relação que se estabelece entre eles.

Alguns exemplos de interações entre elementos na nutrição de plantas

Alguns exemplos de interações entre elementos na nutrição de plantas (Fonte: Malavolta, 1980)

Quando essa interferência é positiva, ou seja, quando a interação entre dois ou mais nutrientes do solo acaba favorecendo a melhor absorção deles pelas plantas, dizemos que está ocorrendo uma relação de sinergismo entre nutrientes.

O potássio e o boro são exemplos de elementos que apresentam essa relação de sinergia.  Estudos indicam que plantas que crescem com a concentração adequada de boro no solo têm uma absorção mais rápida de potássio.

Isso acontece porque o boro promove um aumento da atividade enzimática no sistema radicular das plantas e esse aumento cria uma força motriz para o transporte ativo de nutrientes, especialmente do potássio.

Assim, no contexto agrícola, é possível usar essa interação para potencializar os efeitos benéficos que a adubação potássica tem para a qualidade e a produtividade das culturas agrícolas, com a aplicação de boro e vice-versa.

Além disso, especialistas indicam que as interações positivas entre o boro e o potássio também podem inclusive minimizar os efeitos do estresse hídrico nas lavouras.

Ambos os nutrientes estão envolvidos com funções que favorecem o melhor desempenho das culturas mesmo em condições em que a disponibilidade de água no solo é limitada. E, dentre essas funções, podemos destacar:

  • A regulação do funcionamento estomático das plantas, minimizando as perdas de água por transpiração;
  • O melhor desenvolvimento do sistema radicular, permitindo que as plantas alcancem reservatórios de água do solo mais profundos;
  • A garantia da integridade da membrana celular e das aquaporinas, que estão intimamente ligadas com o processo de absorção e retenção de água pelas plantas.

As interações de sinergismo benéficas estabelecidas entre os nutrientes, como aquela que acontece entre o potássio e o boro, podem otimizar a adubação da sua lavoura.

Outros nutrientes que estabelecem uma relação de sinergismo benéfica para a nutrição das plantas são o enxofre e o nitrogênio.

Embora não tenham uma relação direta de sinergismo entre si, esses dois nutrientes interagem de maneira positiva na fisiologia das plantas, mais especificamente no metabolismo vegetal.

No capítulo Sulphur cycling in rice wetlands do livro Sulphur cycling on the continents, Lefroy e seus colegas observaram que o enxofre e o nitrogênio “andam juntos” no metabolismo das plantas, uma vez que eles estão envolvidos com processos como:

Além da relação de sinergismo entre os nutrientes, também existem alguns casos em que a presença de um nutriente diminui a absorção de outro, independente da sua concentração no meio.

Quando isso acontece, dizemos que está ocorrendo uma relação de antagonismo entre os nutrientes.

Dependendo da forma como for manejada, a relação de antagonismo entre nutrientes pode trazer alguns benefícios em alguns casos, especialmente aqueles relacionados à mitigação dos problemas relacionados a toxidez de nutrientes.

É o que acontece, por exemplo, quando se faz uma calagem adequado do solo. Essa prática, além de elevar o pH do solo e favorecer a disponibilidade de muitos nutrientes, é capaz de evitar os problemas de toxidez das plantas por cobre.

Isso devido ao fato de que o cálcio e o cobre são elementos que têm uma relação antagônica.

Dessa forma, podemos perceber que as relações de antagonismo e sinergismo entre nutrientes podem impactar a nutrição das lavouras. Mas, como o agricultor pode aplicar esse conhecimento na prática?

Como melhorar a nutrição de plantas através das relações de antagonismo e sinergismo entre nutrientes

Um dos primeiros aspectos a serem considerados na hora de aplicar os conhecimentos acerca das relações de antagonismo e sinergismo entre nutrientes é a dinâmica dos nutrientes no solo.

Muitos nutrientes, como o potássio e o boro, possuem uma grande mobilidade no solo dependendo da fonte de nutriente aplicada. Com isso, nem sempre a aplicação deles garante uma boa disponibilidade para as plantas, uma vez que eles podem ser facilmente perdidos para as camadas mais profundas do solo pelo processo de lixiviação.

O mesmo acontece com nutrientes facilmente volatilizados, como o nitrogênio, que pode ser facilmente perdido para a atmosfera dependendo do fertilizante escolhido e da forma de aplicação.

No livro Fertilizantes de eficiência aprimorada, os pesquisadores Márcio Valderrama e Salatiér Buzetti estimam que 40% a 70% dos fertilizantes usados no manejo agrícola podem se perder por lixiviação e volatilização.

Por isso, na hora de realizar a adubação da sua lavoura, o agricultor deve sempre buscar priorizar a escolha de fontes nutricionais capazes de reduzir as perdas de nutrientes por lixiviação e volatilização, para conseguir aproveitar ao máximo das relações de antagonismo e sinergismo entre os nutrientes.

Uma das formas de alcançar isso é através da aplicação de fertilizantes de liberação progressiva.

Tais fertilizantes permitem um melhor ajuste entre a taxa de disponibilização de nutrientes pelo fertilizante e a taxa de absorção de nutrientes pelas plantas mitigando, assim, as perdas dos nutrientes no agroecossistema.

Além disso, especificamente no caso do nitrogênio, já existem fertilizantes no mercado com tecnologias capazes de aumentar a retenção desse nutriente no solo.

Esse é o caso do K Forte®, um fertilizante multinutriente desenvolvido pela Verde Agritech a partir de uma matéria-prima nacional e rica em glauconita, cujas propriedades contribuem para a redução das perdas por volatilização e lixiviação do nitrogênio.

Graças à sua estrutura física, que possibilita trocas catiônicas, a glauconita ajuda a reduzir a lixiviação e a volatilização do amônio

Graças à sua estrutura física, que possibilita trocas catiônicas, a glauconita ajuda a reduzir a lixiviação e a volatilização do nitrogênio (Fonte: Débora Moreira) 

Outra grande vantagem em utilizar fontes de nutrientes de liberação progressiva para otimizar as relações de antagonismo e sinergismo entre nutrientes no solo e os benefícios que elas podem trazer está no ajuste da liberação das doses dos fertilizantes.

Apesar das doses dos fertilizantes serem ajustadas de acordo com as recomendações das análises de solo, em alguns casos, a sua aplicação pode fazer com que os níveis de nutrientes no solo alcancem temporariamente níveis muitos elevados.

Isso acontece porque quando fertilizantes altamente solúveis em água são usados no solo eles, normalmente, liberam grande parte do seu conteúdo de nutrientes após a aplicação. E isso acaba prejudicando o desempenho das plantas por dois motivos.

O primeiro deles está relacionado aos sintomas de toxicidade, que podem afetar negativamente tanto a produção quanto a qualidade das culturas agrícolas. Já o segundo deles está relacionado diretamente a interação entre os nutrientes do solo.

Quando a disponibilidade de um nutriente no solo é muito alta, ele pode passar a competir com outros nutrientes para ser absorvido pelas plantas, deixando de ter essa interação sinérgica com os demais.

Nesses casos, dizemos que está ocorrendo uma interação conhecida como inibição, em que a presença em excesso de um elemento diminui a absorção de outro.

É o que acontece, por exemplo, na interação entre o cálcio, magnésio e o potássio, em que a presença excessiva de um deles pode acabar prejudicando a absorção dos demais.

Por isso, o agricultor deve sempre buscar por fontes de nutrientes que promovam um melhor equilíbrio de nutrientes no solo desde o momento da aplicação.

Assim ele consegue evitar que se estabelecem interações indesejadas de inibição e se mantenham apenas aquelas relações de antagonismo e sinergismo entre os nutrientes almejadas.

A escolha dos fertilizantes é muito importante para otimizar as relações de antagonismo e sinergismo entre os nutrientes

Tendo em vista a influência das interações entre os nutrientes na nutrição vegetal, podemos perceber que os nutrientes são capazes de estabelecer entre eles diversas relações de antagonismo e sinergismo.

Entretanto, para utilizá-las ao seu favor, o agricultor deve sempre considerar fazer a escolha assertiva dos fertilizantes a serem aplicados na lavoura, buscando por aqueles capazes de melhorar a disponibilidade de nutrientes no solo e, assim, potencializar os efeitos benéficos que essas relações têm para a nutrição de plantas.

Além disso, vale destacar que essas relações sinérgicas não se limitam à interação entre os nutrientes. Elas também podem envolver outras componentes do agroecossistema, como os microrganismos do solo.

Por isso, a aplicação de uma fonte de nutrientes adequada, juntamente com o cuidado com a qualidade do solo, são importantes ferramentas que o agricultor dispõe para conseguir otimizar as relações de antagonismo e sinergismo entre os nutrientes na sua lavoura!

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