O controle de pragas e doenças das plantas é fundamental para que as lavouras sejam mais produtivas e rentáveis, além de assegurar uma maior qualidade para os alimentos produzidos. Nesse sentido, o enxofre é um nutriente que tem uma grande importância, sendo reconhecido como uma ferramenta valiosa no Manejo Integrado de Pragas (MIP). Descubra a importância do enxofre no controle de pragas e doenças das plantas!
A importância do enxofre para as plantas
O enxofre é um macronutriente secundário, ou seja, ele é requerido em grandes quantidades pelas plantas e é essencial para diversos processos do desenvolvimento vegetal.
De maneira geral, ele é o 4º nutriente mais requerido pelas plantas, exercendo funções muito importantes no desenvolvimento vegetal. Tais funções são habitualmente ligadas ao metabolismo das plantas e, entre elas, podemos destacar:
- A formação de compostos importantes, como aminoácidos, proteínas, coenzimas e outros;
- A melhoria de parâmetros de qualidade nos alimentos;
- O melhor aproveitamento do nitrogênio no metabolismo vegetal;
- A otimização da adubação com fósforo;
- A indução da resistência aos estresses bióticos e abióticos.
As diversas funções do enxofre nas plantas.
Em relação à última função, vale destacar o importante papel do enxofre no controle de pragas e doenças das plantas de importância agrícola.
De fato, o enxofre pode ser considerado um dos primeiros inseticidas utilizados pelo homem, com relatos do seu uso no controle de ácaros e insetos pelos antigos sumérios que datam de 2.500 anos antes de Cristo.
É o que afirmam o Dr. Julio César Guerreiro e o Dr. Antônio Carlos Busoli, professores do Departamento de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e do Departamento de Fitossanidade da Universidade Estadual Paulista (UNESP- Campus de Jaboticabal), respectivamente, no artigo Enxofre com inseticida – Alternativa contra as lagartas, publicado na Revista Campo e Negócios.
Os professores destacam que, atualmente, a utilização do enxofre no Manejo Integrado de Pragas (MIP) pode ser uma ferramenta valiosa no controle de variadas espécies de pragas e doenças de culturas importantes para o agronegócio.
Isso porque o enxofre é considerado seletivo a inimigos naturais, além de ser pouco tóxico à saúde humana e com baixos impactos ao ambiente.
Mas, como o enxofre atua no controle de pragas e doenças das plantas?
Como o enxofre atua no controle de pragas e doenças das plantas?
Uma das formas do enxofre utilizadas para o manejo de pragas e doenças das plantas é o enxofre elementar. Esse uso foi descoberto por William Forsyth em 1802.
Heloísa Sabino Prates e seus colegas pesquisadores, no artigo O enxofre como nutriente e agente de defesa contra pragas e doenças, explicam que há relatos do uso do enxofre no controle do oídio em vinhedos na França ainda no final do século XIX.
Já em 1970, o enxofre elementar foi utilizado com sucesso no controle de fungos em plantações de beterraba nos Estados Unidos. Entretanto, o exato mecanismo pelo qual essa forma age para induzir a resistência vegetal aos ataques patogênicos ainda é incerto.
Os pesquisadores J.S. Williams e Richard Cooper, resumem as duas hipóteses mais aceitas para isso no artigo The oldest fungicide and newest phytoalexins – a reappraisal of the fungitoxicity of elemental S.
A primeira delas é a de que as células dos fungos são permeáveis ao enxofre elementar, podendo absorver 2 m/m de enxofre. E, uma vez dentro dos esporos fúngicos, o enxofre afeta a cadeia respiratória mitocondrial, podendo causar a transferência de íons de hidrogênio para o enxofre elementar ao invés do oxigênio (O2). Isso resulta na produção do sulfito de hidrogênio, que é uma substância tóxica, causando a morte dos fungos.
A outra hipótese é que o enxofre elementar pode rapidamente e não enzimaticamente, oxidar grupos sulfidrílicos proteicos e não-proteicos importantes em muitas funções respiratórias nas mitocôndrias.
Dessa maneira, há uma modificação no estado de oxidação do complexo respiratório, alterando o fluxo de elétrons na cadeia respiratória mitocondrial. A consequência disso é a fosforilação oxidativa, que resulta na fungitoxicidade.
Mas, há ainda outros mecanismos através dos quais o enxofre age na fisiologia vegetal para ajudar a combater as pragas e doenças.
A ação do enxofre na fisiologia vegetal e a importância do manejo adequado desse nutriente
Diversos estudos relatam a participação do enxofre na composição de substâncias produzidas pelas plantas em condições de estresse bióticos, que atuam como uma resposta a ataques patogênicos.
Por exemplo, no artigo Milestones in plant sulfur research on sulfur-induced-resistance (SIR) in Europe, a pesquisadora Elke Bloem e seus colegas relatam que um fornecimento adequado de enxofre está associado com maiores concentrações de cisteína, glutationa, sulfeto de hidrogênio (H2S) e glucosinolatos em culturas de Brassica (gênero botânico que inclui espécies como a couve, a couve-flor, o nabo e a couve-de-bruxelas).
Em razão da interação dessas substâncias dentro da fisiologia vegetal e também da interação com os agentes patogênicos, isso confere às plantas não somente uma maior proteção antecipada contra-ataques, mas também faz com que elas sejam capazes de ativar mais rápida e intensamente os seus mecanismos de defesa.
Outros estudos apontam também benefícios da adubação com enxofre para controle de pragas e doenças das plantas em culturas como uva, tomate, pêssego e nectarina, entre outras culturas.
Assim, é importante que o agricultor esteja atento ao manejo do enxofre na sua lavoura, utilizando-o como uma ferramenta para ajudar as plantas a lidarem com condições de estresses bióticos.
O cuidado com esse manejo começa com o entendimento do estado de fertilidade do solo, através de análises adequadas. Assim, o agricultor consegue tomar decisões mais assertivas na hora de planejar o manejo agrícola.
A escolha da fonte de enxofre também é importante. Como já mencionado, o enxofre elementar é uma das formas do enxofre que têm ações fisiológicas nas plantas que induz a resistência a doenças e pragas.
Entretanto, essa forma do enxofre pode ser utilizada no manejo como enxofre elementar granulado, pastilhado ou ainda o enxofre elementar micronizado.
O enxofre elementar micronizado é uma forma vantajosa de nutrir a lavoura com esse nutriente. Isso porque as suas características auxiliam na distribuição homogênea na área da lavoura, bem como numa maior eficiência na oxidação, processo responsável pela disponibilização do nutriente para as plantas.
O enxofre elementar micronizado é distribuído mais homogeneamente. A ilustração representa a comparação entre o
enxofre elementar granulado ou pastilhado e o BAKS®, fertilizante multinutriente da Verde Agritech que usa o enxofre elementar micronizado como matéria-prima, em 1 hectare considerando uma aplicação de 30 kg de enxofre por hectare. O número de partículas da ilustração é baseado em um cálculo proporcional ao peso e concentração de cada produto.
O acompanhamento da resposta da lavoura à adubação com enxofre, através de análises foliares, por exemplo, também é importante para que o agricultor consiga mensurar os resultados do manejo e adequar as ações do programa de nutrição.
Com isso, o manejo se torna mais eficiente e o agricultor consegue ter o enxofre como ferramenta no controle de pragas e doenças das plantas.
Estar atento à nutrição com enxofre é uma ferramenta valiosa no controle de pragas e doenças das plantas
Em síntese, o enxofre é um nutriente que desempenha funções muito relevantes dentro da fisiologia vegetal.
Uma delas é a composição de substâncias e a participação em processos que ajudam as plantas a terem uma capacidade de defesa maior contra pragas e doenças, além de conseguirem ativar suas reações naturais contra agentes patogênicos de maneira mais rápida e eficaz.
Por isso, o bom manejo do enxofre na lavoura, o que inclui a escolha de fontes eficientes desse nutriente, é essencial para o agricultor que deseja uma lavoura mais saudável!