Estudo inédito publicado na revista Nature alerta que o gesso agrícola de origem química, o fosfogesso, pode prejudicar a qualidade do solo e os seus microrganismos

Estudo inédito publicado na revista Nature alerta que o gesso agrícola de origem química, o fosfogesso, pode prejudicar a qualidade do solo e os seus microrganismos

Na agricultura, a utilização de resíduos advindos da indústria ou mesmo da própria lavoura é uma prática comum para manter o alto desempenho das culturas, otimizar os custos da propriedade e aumentar a sustentabilidade da cadeia produtiva agrícola. Entretanto, nem sempre o uso deles traz benefícios para o agricultor. É o que revela um estudo recente publicado revista Nature que é reconhecida pelas suas publicações científicas robustas, originais e da mais alta qualidade. Segundo os autores do estudo, um dos principais tipos de gesso agrícola utilizados na agricultura, o fosfogesso, pode prejudicar a qualidade do solo e os seus microrganismos. Conheça mais sobre esse estudo logo a seguir! 

O fosfogesso e suas limitações na agricultura

O fosfogesso (FG), também conhecido como gesso agrícola de origem química, é nome dado ao subproduto gerado na produção do ácido fosfórico, o principal componente utilizado para fabricação dos fertilizantes fosfatados. 

Por ter uma composição similar ao gesso natural, o fosfogesso vem sendo utilizado na agricultura como condicionador do solo e fonte de nutrientes para as plantas. Isso porque ele é capaz de reduzir a toxidez do alumínio e aumentar a quantidade de cálcio e enxofre disponível em solos ácidos. 

Entretanto, estudos recentes revelam que alguns elementos presentes no fosfogesso, como o flúor e os metais pesados, podem causar problemas relacionados a sua acumulação indesejada no solo e nos alimentos. 

Fato este que é muito preocupante, já que apenas cerca de 30% da produção mundial de fosfogesso, que é estimada em 300 milhões de toneladas anuais, é reciclada. 

Além disso, uma pesquisa recente conduzida no exterior aponta que o uso do fosfogesso também pode ter um grande impacto negativo na abundância e diversidade dos microrganismos do solo, assim como acelerar de forma indesejada o processo de decomposição da matéria orgânica. 

É o que descrevem Changan Li, Yonggang Dong e outros pesquisadores, no estudo Effects of phosphogypsum on enzyme activity and microbial community in acid soil. 

Estudo este que foi publicado no periódico Scientific Reports da revista multidisciplinar Nature que é reconhecida pelas suas publicações científicas robustas, originais e da mais alta qualidade.

Somente em 2021, esse periódico alcançou quase 700 mil citações e mais de 2 milhões de visitantes por mês nas diversas plataformas online nas quais os estudos são divulgados.

Os impactos negativos do fosfogesso na qualidade do solo

Para entender mais sobre os impactos que o fosfogesso têm na qualidade do solo, Changan Li, Yonggang Dong e sua equipe de pesquisadores conduziram um estudo acerca dos efeitos do fosfogesso na atividade enzimática e microbiológica de um solo ácido coletado na prefeitura de Guiyang na China. 

Para isso, foram examinadas cinco amostras diferentes de solo tratados com fosfogesso em diferentes proporções, que variaram de 0 a 10%. 

Inicialmente, foi-se contatado que a aplicação do fosfogesso alterou significativamente as propriedades químicas e físicas do solo, promovendo em alguns tratamentos: 

  • O aumento da condutividade elétrica e da presença de íons de cálcio, amônio e sulfato no solo; 
  • A redução da taxa de respiração, atividade enzimática e do conteúdo de matéria orgânica do solo; 

Ao analisar os dados do experimento, os pesquisadores observaram que a alteração de alguns desses parâmetros podem trazer certas limitações para o ambiente agrícola. Esse é o caso da redução da atividade enzimática e do conteúdo de matéria orgânica do solo. 

A atividade de enzimas como a catalase, a urease e a fosfatase mostraram uma correlação negativa com aumento das doses de fosfogesso em alguns tratamentos. 

Efeito do fosfogesso na atividade enzimática do solo. Catalase (A), Invertase (B), Fosfatase (C) e Urease (D)Efeito do fosfogesso na atividade enzimática do solo. Catalase (A), Invertase (B), Fosfatase (C) e Urease (D) (Fonte: Li, C., Dong, Y. et al.. 2023)

Os pesquisadores explicaram que esse resultado pode ter relação com a condição de estresse e toxicidade causada pelo excesso de sais solúveis, cálcio e flúor provocado pela aplicação do fosfogesso, que restringiram o crescimento de microrganismos do solo reduzindo, portanto, a capacidade deles de secretar enzimas. 

Enzimas essas que são muito importantes para a manutenção dos seres vivos no agroecossistema, assim como para diversas reações que resultam na ciclagem de nutrientes do solo. 

Estudando mais a fundo as mudanças promovidas pelo fosfogesso na comunidade de microrganismos do solo, foi-se constatado que a aumento das doses de fosfogesso nos tratamentos reduziram significativamente a abundância, diversidade ou uniformidade das comunidades bacterianas e fúngicas do solo. 

De forma geral, as comunidades bacterianas foram mais sensíveis ao fosfogesso do que as comunidades fúngicas e as diferenças de abundância, diversidade ou uniformidade foram mais pronunciadas quanto maior foi a dose do fosfogesso usada nos tratamentos. 

Além disso, devido as condições de estresse causada pela aplicação do fosfogesso, microrganismos de filos mais tolerantes e adaptáveis a condições ambientais extremas acabaram se sobressaindo sobre os demais. Esse é o caso dos filos Proteobacteria, Actinobacteria, Firmicutes, Bacteroidetes e Verrucomicrobia. 

Efeito do fosfogesso na abundância relativa dos filos das comunidades bacterianas (A) e fúngicas (B)

Efeito do fosfogesso na abundância relativa dos filos das comunidades bacterianas (A) e fúngicas (B)(Fonte:Li, C., Dong, Y. et al.. 2023)

Essa mudança nas comunidades de microrganismos do solo provocada pela aplicação do fosfogesso também acabou promovendo outro impacto negativo para qualidade do solo: a aceleração indesejada da degradação da matéria orgânica do solo. 

Segundo os pesquisadores, a redução do conteúdo de matéria orgânica do solo pode ser atribuída a maior abundância relativa de microrganismos dos filos Firmicutes e Proteobacteria, que estão intimamente ligados com o processo de ciclagem de nutrientes na natureza. 

E isso pode trazer diversas consequências negativas para o agricultor, já que a matéria orgânica do solo desempenha um papel fundamental para manutenção da biodiversidade do solo e dos seus benefícios para as plantas, maior retenção de água no solo, melhoria da estrutura e estabilidade do solo, dentre outros benefícios. 

A matéria orgânica é um fator determinante quando pensamos na qualidade do solo. Isso porque ela interfere, direta e indiretamente, em uma série de processos bioquímicos que acontecem nesse ambiente.

Em conclusão, os autores do estudo concluíram que apesar do fosfogesso melhorar algumas propriedades do solo, o agricultor deve considerar que a aplicação desse insumo pode causar alguns efeitos negativos, principalmente no que se refere a redução da atividade enzimática, do conteúdo de matéria orgânica e da abundância e diversidade dos microrganismos do solo. 

O fosfogesso é um insumo que pode impor diversas limitações à atividade agrícola

Em resumo, o uso do fosfogesso na agricultura deve ser muito bem avaliado, já que ele pode impor diversas limitações que podem prejudicar a produtividade das culturas agrícolas. 

Portanto, o agricultor deve sempre considerar as opções de insumos disponíveis no mercado, buscando por aqueles que mais se adequem à sua cadeia produtiva e que potencializem a performance das lavouras. 

Um dos insumos que pode substituir o fosfogesso como fonte de enxofre para as plantas é  o BAKS®.

Como ele apresentam uma liberação gradual de seus nutrientes e um longo efeito residual,  o BAKS® é capaz de proporcionar uma boa disponibilidade de enxofre e outros nutrientes no solo ao longo do ciclo das culturas a um custo justo e acessível para o agricultor.   

Além disso, ele é livre de grande parte dos problemas causados pelo fosfogesso e outros fertilizantes convencionais, como a salinização, a acidificação e a compactação do solo.    

Sendo assim, o BAKS® é uma excelente fonte eficiente de nutrientes que podem ser inclusos no manejo das lavouras, buscando explorar o seu máximo potencial produtivo e de qualidade! 

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