Você sabia que não são somente os macronutrientes que são capazes de favorecer a produtividade da soja? Existem outros fatores que podem afetar o desempenho das lavouras dessa cultura. Descubra a influência da fertilidade do solo na produtividade da soja e como fazer um bom programa de adubação para a sua lavoura!
Como a boa fertilidade do solo pode aumentar a produtividade da soja?
A manutenção da fertilidade do solo pode ser considerada essencial para sustentabilidade da produção agrícola, uma vez que a cada nova safra diversas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo acabam sendo afetadas.
No caso da cultura da soja, estudos indicam que a maior precocidade do ciclo de algumas variedades, aliada ao aumento do potencial produtivo das lavouras, fizeram com que essa cultura passasse a exigir cada vez mais nutrientes do solo.
Por isso, a adubação se tornou uma prática recorrente e indispensável para manutenção dos níveis de fertilidade do solo ao longo das safras. E isso, por sua vez, tem um grande impacto na produtividade da soja.
Muitos nutrientes absorvidos pela soja desempenham funções que podem estar diretamente ou indiretamente ligados ao potencial produtivo da cultura.
É o que acontece no caso dos macronutrientes primários, como o potássio e o fósforo, e secundários, como o magnésio e o enxofre.
O potássio, por exemplo, é capaz de favorecer um maior enchimento de grãos, produção de matéria seca e altura das plantas, além de uma maior resistência da soja às geadas. Isso acontece porque ele está envolvido em funções como:
- A fotossíntese;
- A síntese proteica;
- O crescimento celular;
- O transporte de fotoassimilados;
- A melhoria da qualidade de flores e frutos;
- A regulação do potencial hídrico das células;
Portanto, a adubação potássica tem demonstrado resultados muito positivos em pesquisas a campo para o incremento da produtividade da soja, que pode chegar a mais de 30%.
É o que observaram Vitor Antigo e outros pesquisadores, no artigo Avaliação de parâmetros agronômicos da cultura da soja em resposta a diferentes doses de adubação potássica.
O fósforo também é outro macronutriente primário que interfere positivamente em diversos aspectos que podem aumentar o potencial produtivo das lavouras de soja. Isso porque, assim como o potássio, ele exerce influência sobre a massa dos grãos e ainda contribui para a maior produção e pegamento de flores e vagens.
Já no caso dos macronutrientes secundários, a boa nutrição das plantas pode elevar não somente os níveis de produtividade da soja, mas também a qualidade dos grãos.
Estima-se que até 75% do magnésio foliar está envolvido com a síntese proteica, atuando como um dos principais ativadores enzimáticos das plantas e na incorporação do carbono obtido por meio do processo de fotossíntese.
O magnésio também tem um importante papel na formação de óleos: já existem diversos estudos que constataram a maior presença de magnésio em sementes oleaginosas. É o que afirmam os autores Edward J. Russell e E. Walter Russell, no livro Soil Conditions and Plant Growth.
Portanto, a ação combinada do magnésio para a síntese proteica e a formação de óleos em sementes pode levar a uma grande contribuição para a qualidade da soja, uma semente oleaginosa com mais de 40% de proteínas acumuladas nos grãos.
Mas, os benefícios da adubação para a produtividade da soja vão muito além dos macronutrientes.
Pesquisas indicam que alguns micronutrientes, como o boro, o zinco e o manganês, e elementos benéficos, como o silício, também são capazes de promover melhorias na produtividade das lavouras de soja
No estudo Relationship of seed boron concentration to germination and growth of soybean (t Glycine max), Benjavan Rerkasem e outros pesquisadores observaram que a aplicação de boro, por exemplo, diminuiu ou eliminou a incidência do sintoma de sementes ocas na soja.
Tal resultado é explicado pela atuação do boro na fase reprodutiva das culturas, assegurando a maior retenção de flores e o desenvolvimento e granação das sementes e frutos.
Já no caso do manganês e do zinco, esses dois micronutrientes estão muito ligados ao processo de fotossíntese da planta e outros processos metabólicos essenciais para a produtividade da soja.
Enquanto o manganês atua na fotossíntese como um componente estrutural de um importante composto que atua nesse processo, o Complexo de Evolução de Oxigênio (CEO), o zinco é considerado um cofator de parte das reações enzimáticas da fotossíntese e de diversos outros processos metabólicos.
Por isso, a adubação da soja com macronutrientes e micronutrientes é muito importante para assegurar o bom desempenho e produtividade das lavouras.
Complementarmente, o agricultor também pode incluir no seu programa de adubação elementos benéficos, como o silício, uma vez que já existem pesquisas demonstrando alguns dos seus benefícios para a produtividade da soja, como:
- A redução das perdas de colheita, pelo aumento da altura de inserção da primeira vagem;
- O aumento no vigor de sementes e rendimento das lavouras;
- O favorecimento do processo de nodulação da soja.
O silício está relacionado com vários parâmetros importantes para a produtividade da soja.
Tendo em vista esses diferentes benefícios dos macronutrientes, micronutrientes e elementos benéficos para a produtividade da soja, como melhorar a disponibilidade deles no solo para as plantas?
Como os agricultores podem melhorar a fertilidade do solo para a cultura da soja?
Para melhorar a fertilidade do solo e, assim, a produtividade da soja, um dos primeiros passos que devem realizados é a análise correta do real estado de fertilidade do solo.
A dinâmica única dos nutrientes no solo faz com que muitos deles apresentem algumas particularidades, que podem interferir na interpretação correta da análise laboratorial das amostras de solo.
Esse é o caso, por exemplo, do potássio e do enxofre, em que podem existir diferenças significativas nos resultados dependendo do extrator químico utilizado nas análises de solo.
Essas diferenças acontecem porque os elementos estão distribuídos em diferentes “reservatórios” de nutrientes do solo, que podem apresentar uma maior ou menor disponibilidade para as plantas dependendo da associação que eles fazem com as diferentes partículas do solo, como minerais, argilas e a própria matéria orgânica.
Portanto, é interessante que o agricultor busque considerar na sua análise não somente os nutrientes que se encontram prontamente disponíveis na solução do solo, como também outras frações do solo menos prontamente disponíveis, como a não-trocável.
É o que recomendam Michael J. Bell e outros pesquisadores, no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops.
Isso porque, dessa forma, o agricultor estará aplicando somente as quantidades de nutrientes que a soja precisa para atingir seu máximo potencial produtivo sem ter problemas relacionados ao excesso ou a falta de nutrientes no solo.
Outro aspecto muito importante a ser considerado pelo agricultor para a melhoria da fertilidade do solo é se a cultura da soja está ou não inserida em um sistema de rotação ou sucessão de culturas.
Cada planta apresenta um padrão de exigência único de nutrientes, que precisa ser atendido para que todas as culturas inseridas no sistema atinjam a produção e a qualidade esperadas.
Entretanto, dependendo da cultura que virá antes ou depois da soja, muitas vezes é necessário fazer a adubação do solo para duas ou mais culturas de forma a evitar que a baixa disponibilidade de nutrientes no solo afete a produtividade da soja e vice-versa.
Para isso, é importante que agricultor busque aplicar fontes de nutrientes capazes de manter os níveis de nutrientes no solo estáveis por longos períodos de tempo e que, ao mesmo tempo, não causem sintomas de intoxicação nas culturas, especialmente aquelas que vão estar inseridas logo no início do ciclo do sistema.
Considerando também que grande parte dos nutrientes apresentam uma grande mobilidade no solo, é recomendável que o agricultor sempre busque utilizar fertilizantes de liberação progressiva e com longo efeito residual.
Isso porque eles, além de minimizarem as perdas de nutrientes no solo por lixiviação, conseguem alcançar um melhor equilíbrio entre a taxa de nutrientes liberada pelo fertilizante e a taxa de absorção de nutrientes pelas plantas.
Essas características favorecem a melhor disponibilidade de nutrientes para a soja e todas as demais culturas inseridas no sistema de produção.
Para aumentar a produtividade da soja é preciso buscar por boas fontes de nutrientes
Como vimos anteriormente, diferentes nutrientes e elementos benéficos podem influenciar a produtividade da soja. Sendo que, dentre eles, podemos destacar:
- Os macronutrientes, como o potássio, o fósforo, o magnésio e o enxofre;
- Os micronutrientes, como o boro, o zinco e o manganês;
- Os elementos benéficos, como o silício.
Dessa forma, o agricultor deve sempre buscar manter uma boa disponibilidade desses nutrientes no solo para alcançar o máximo potencial produtivo das suas lavouras. Para isso, é importante ter boas práticas de manejo da lavoura, a exemplo da aplicação de fertilizantes que favoreçam essa relação!