Ter um solo descompactado é muito importante para assegurar bons resultados na agricultura. Isso porque um solo compactado afeta parâmetros importantes, como a capacidade de retenção de água do solo, a aeração e difusão de gases importantes para o desenvolvimento saudável das raízes da planta. Entenda sobre as origens da compactação excessiva do solo para atuar de forma preventiva e como descompactar o solo com ações corretivas.
Entendendo as origens da compactação solo e seus efeitos na lavoura
Para que um solo se torne compactado é preciso que haja a diminuição dos espaços vazios (chamados de poros) entre as partículas que compõem o solo. Sem esses espaços, as partículas se adensam e tornam o solo difícil de ser penetrado, gerando efeitos negativos para a agricultura.
A compactação é um fenômeno complexo e que pela combinação de diferentes fatores, como explica o Doutor em Ciência do Solo pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Professor Adjunto na área de Física do Solo, Dr. Bruno Montoani Silva:
Ela se diferencia do adensamento por ser uma causa não-natural, ou seja, que não tem influência do gradiente de textura ou mesmo o processo de formação do solo. Mas, é preciso entender que nem sempre a compactação vai afetar negativamente os parâmetros envolvidos com a produtividade agrícola.
Isso acontece porque ela se dá em três diferentes estágios, de acordo com a relação entre a produtividade da planta e o grau de compactação:
- Solo solto;
- Solo no estágio ótimo;
- Solo compactado.
Em um solo solto podemos verificar um ganho positivo, por exemplo, na relação entre a compactação e a germinação de sementes. Diversas pesquisas constataram que as partes dos implementos agrícolas com finalidade de compactação exercem considerável influência sobre o meio ambiente do solo em torno da semente, incluindo a umidade, a temperatura e a aeração.
Exemplo de implemento agrícola destinado a semeadura e adubação. Os compactadores, geralmente apresentam um formato de “V”, fechando o sulco depois dos discos da semente.
(Fonte: Manual semeadora SAM 200 ROTO)
Contudo, se as análises de solo e das plantas indicarem o 3º estágio de compactação, ou seja, com compactação excessiva do solo, é preciso traçar planos de ação para corrigir esse problema. Uma vez que, quando o solo atinge esse estado, o aumento da densidade do solo pode levar a redução da produtividade.
Isso acontece porque a planta passa a ter um maior gasto energético para o desenvolvimento do sistema radicular, resultando na redução do potencial produtivo. Além disso, o aumento da densidade das partículas reduz a aeração do solo, comprometendo a drenagem e infiltração da água e gerando problemas relacionados a erosão.
Nos estudos conduzidas por Amauri Nelson Beutler e seus colegas pesquisadores no artigo Efeito da compactação na produtividade de cultivares de soja em latossolo vermelho, foi constatado que o valor de resistência à penetração a partir do qual ocorreu redução da produtividade da soja variou de 2,24 a 2,97 MPa entre cultivares estudadas.
A partir dessa compreensão do que é a compactação, é possível então aplicar não somente ações corretivas, mas também preventivas. Vejamos primeiro as ações corretivas.
Aplicação de ações corretivas da compactação excessiva do solo
Para garantir a perenidade de todo o processo de descompactação do solo, o primeiro passo é entender a origem do problema e atuar diretamente sobre ela, que pode estar nos seguintes fatores:
- Desregulagem de implementos agrícolas;
- Tráfego intenso de cargas, como animais e máquinas;
- Manejo inadequado do solo, com mobilização excessiva ou ainda em condições inadequadas (solo úmido);
- Uso excessivo de insumos inadequados.
Substâncias com alto teor de cloro, como o Cloreto de Potássio (KCl), podem contribuir para a compactação do solo. Rajesh Prasad Shukla e outros pesquisadores da Universidade de Roorkee, estudaram o comportamento de solos expansivos quando expostos a ação do KCl, no artigo Stabilization of Expansive Soil Using Potassium Chloride.
Os solos expansivos se expandem ou se compactam de acordo com a quantidade de umidade presente em suas partículas e os pesquisadores verificaram que o uso do Cloreto de Potássio diminuiu a umidade, aumentando, consequentemente, a compactação excessiva do solo.
Em 2020, o Brasil importou mais de 11 milhões de toneladas de Cloreto de Potássio. Já imaginou o impacto desse volume na compactação do solo?
Isso tem consequências para agricultura, como nota o professor de Geologia e Ciência Agrícola da Universidade de Illinois, nos EUA, Dr. Timothy Ellsworth, juntamente com outros pesquisadores, no estudo The Potassium paradox: Implications for soil fertility, crop production and human health:
“O valor estabilizador do KCl há muito tempo é reconhecido na construção de pavimentos e fundações impermeáveis. Infelizmente, as consequências agronômicas [dessa compactação excessiva do solo e impermeabilidade] incluem a perda de CTC (Capacidade de Troca Catiônica) e baixa capacidade de retenção de água, o que não traz crescimento e produtividade da lavoura”.
Dessa forma, ter uma escolha assertiva de insumos agrícolas, garantir a regulação adequadas dos implementos agrícolas, realizar somente os manejos necessários do solo na época correta são algumas das ações preventivas que podem ser adotadas.
Mas existem também as ações corretivas da compactação excessiva do solo e, entre elas, se destaca a subsolagem.
A subsolagem é um dos principais métodos corretivos da compactação excessiva do solo
Dentre os diversos métodos corretivos para descompactação do solo, o Dr. Bruno Montoani aponta que o subsolador é o que vem demonstrando um maior potencial para melhorar a produtividade das lavouras.
A subsolagem é um dos manejos de preparo do solo usada com a finalidade de quebrar as camadas compactadas do solo. Normalmente, a operação é realizada a uma profundidade de 5 a 10 cm abaixo da camada compactada.
Por ser um manejo agrícola com maior custo agregado, principalmente para áreas maiores, o Dr. Bruno Montoani recomenda que existam intervalos de 18 a 24 meses entre cada manejo. E que seu uso deve ser aliado a outros métodos, como a rotação de culturas, uso de plantas de cobertura e até mesmo os próprios métodos mecânicos.
A rotação de culturas auxilia na formação de bioporos, que são formados quando as raízes das plantas se decompões e formam novos poros no solo. E o uso de plantas de cobertura auxilia na maior retenção de água nas camadas mais profundas, aliviando a resistência mecânica natural do solo.
Ao implementar ações preventivas e corretivas na sua propriedade, o agricultor garante a perenidade de todo o processo de descompactação do solo e assegura a produtividade da sua lavoura.
E esse efeito pode ser ainda mais otimizado com o uso de novas tecnologias disponíveis no mercado, como o Siltito Glauconítico, que agrega aspectos tanto preventivos quanto corretivos na descompactação do solo.