Deficiência de potássio (K) na cultura da soja, evidenciada pela borda amarelada ao longo das margens da folha. (Fonte: Embrapa Soja)

Entenda porque é importante otimizar a adubação com potássio

O potássio (K) pertence ao grupo dos macronutrientes primários, sendo, de maneira geral, absorvido em grandes quantidades. Entenda a importância que esse elemento tem para as plantas e a necessidade de nutrir adequadamente o solo com potássio.

A importância do potássio para as plantas

Os macronutrientes primários são um grupo de elementos absorvidos em grandes quantidades pelas plantas, estando inclusos o nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). Dentre os três, o potássio normalmente é o segundo elemento mais requerido pelas plantas, estando envolvido em funções essenciais, tais como:

  • Melhoria da qualidade do produto agrícola;
  • Ativação enzimática;
  • Síntese proteica;
  • Fotossíntese;
  • Transporte de fotossintatos no floema;
  • Crescimento celular;
  • Regulação do potencial hídrico das células;
  • Amenização de estresses bióticos e abióticos.

Uma vez no solo, o potássio é preferencialmente absorvido pelo sistema radicular da planta na forma do íon K+. De maneira geral, os solos brasileiros apresentam baixo teor de potássio, variando entre 0,05 a 2,5%.

O estudo Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil, feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mostra que, em relação a disponibilidade, 43,3% dos solos brasileiros têm disponibilidade baixa ou muito baixa de potássio, ao passo que somente 4,4% têm disponibilidade muito alta.

Para entender se a quantidade disponível de potássio no solo está suprindo a demanda nutricional da planta, devem ser realizadas análises de solo e análises foliares da cultura. Outra ferramenta disponível para o agricultor é a diagnose visual.

Segundo o engenheiro agrônomo e Dr. em fitotecnia José Luís da Silva Nunes, um dos sintomas mais comuns da deficiência de potássio nas plantas é o amarelecimento ao longo das margens da folha, que leva a dificuldades na realização de fotossíntese e queda das folhas em casos mais graves.
Deficiência de potássio (K) na cultura da soja, evidenciada pela borda amarelada ao longo das margens da folha. (Fonte: Embrapa Soja)

Deficiência de potássio (K) na cultura da soja, evidenciada pela borda amarelada ao longo das margens da folha. (Fonte: Embrapa Soja)

Entretanto, quando os sintomas estão visíveis na planta, a deficiência nutricional já atingiu níveis que comprometeram a produtividade da cultura. Além disso, baixos níveis de potássio também fazem com que as plantas apresentem uma menor resistência às estiagens, excesso de água, baixas temperaturas, pragas e doenças.

Considerando as características do solo brasileiro e a importância do potássio para as plantas, é necessário recorrer a alternativas para que o agricultor possa suprir a demanda nutricional da sua lavoura.

As fontes de potássio para a agricultura

As fontes de potássio para a agricultura são diversas, perpassando desde fontes orgânicas a químicas. Dentre elas, as mais empregadas na agricultura são os fertilizantes, que também apresentam uma grande variedade de produtos disponíveis no mercado, considerando as diferentes vantagens e desvantagens que cada produto apresenta.

Um dos tipos de fertilizantes químicos mais convencionais utilizados são as “formulações NPK”.  Elas possuem uma ampla variedade de formulações disponíveis prontamente no mercado, atendendo diversas culturas, sendo atualmente uma das fontes mais usadas pelo mercado agrícola.

Além das formulações NPK, alguns outros fertilizantes específicos utilizados como fonte de potássio são os sulfatos, nitratos e cloretos de potássio, além dos fertilizantes minerais feitos a partir de rochas como a biotita e Siltito Glauconítico.

O fertilizante que mais se destaca em relação a quantidade empregada na agricultura é o Cloreto de Potássio (KCl). Apesar de ser uma das fontes mais concentradas do nutriente, ele ainda apresenta uma série de limitações e desvantagens no campo.

As limitações do Cloreto de Potássio

O KCl contém aproximadamente 53% de potássio e 47% de cloro. Apesar de apresentar um alto teor de potássio,  o Cloreto de Potássio apresenta uma série de desvantagens, como:

  • Formação de cloro gasoso;
  • Ser altamente suscetível à lixiviação, devido a sua alta solubilidade;
  • Apresentar um dos maiores índices de salinidade, dentre as fontes de potássio;

No solo, o Cloreto de Potássio se combina com nitratos formando o cloro gasoso. A consequência é a diminuição do ar no solo, que reduz a respiração da raiz e aumenta a produção de componentes tóxicos pelas plantas, resultando na redução dos microrganismos presentes no solo e quebra da matéria orgânica.

Além disso, como é um fertilizante que apresenta uma elevada solubilidade, o KCl tem uma grande mobilidade no perfil do solo. Isso faz com que ele apresente uma tendência em se deslocar mais facilmente para as camadas mais profundas do solo. Devido à ausência do efeito residual, exige um maior número de aplicações do insumo ao longo dos ciclos produtivos das culturas.

Uma consequência do maior número de aplicações do Cloreto de Potássio é o aumento da salinidade do solo, já que ele apresenta um elevado índice salino de 116%. O acúmulo de sais no solo gera a elevação do estresse hídrico nas plantas, o que pode levar, por exemplo,a diminuição no rendimento de grãos.

A aplicação de altas doses de cloreto também pode gerar um desbalanceamento do equilíbrio fosfato:potássio no solo e as plantas podem apresentar acumulação excessiva de cloro nas folhas.

Isso pode ser prejudicial às plantas. O professor Thimothy Ellsworth, no estudo The Potassium paradox: Implications for soil fertility, crop production and human health,  ressalta que “muitas culturas leguminosas, incluindo a soja, são sensíveis a toxicidade do cloro”.

A Doutora e especialista em Solos e Nutrição de Plantas, Michele Megda, explica mais sobre as consequências da utilização do Cloreto de Potássio:

A escolha da fonte de potássio sempre deve ser consciente

A escolha da fonte de potássio para sua lavoura sempre deve ser feita de forma consciente, sendo necessário cada vez mais compreender as diferentes relações que se estabelecem entre o insumo e o seu agroecossistema.

Ao se entender as diferentes vantagens e desvantagens de cada fonte de potássio e as taxas mais adequadas para o fornecimento do insumo, o agricultor consegue garantir uma boa qualidade e produtividade da sua lavoura.

Nesse processo, o auxílio de profissionais qualificados se torna imprescindível, para garantir que todas as fases, desde a interpretação da análise foliar e do solo, à aplicação do insumo, sejam feitas de forma correta.

Além disso, o agricultor pode cada vez mais contar com novas fontes sustentáveis de potássio que são livres de cloro, como o Siltito Glauconítico. Ele traz ainda as vantagens da glauconita, que melhora as propriedades físicas e químicas do solo. Além disso, a sua liberação gradual dos nutrientes proporciona um efeito residual que mantém os níveis de potássio no solo por mais tempo.

Estar atento às pesquisas e novas tecnologias da área, bem como analisar sempre as melhores opções que estão à disposição do agricultor, que vão tornar o uso do solo mais sustentável, são a chave para otimizar a adubação com potássio.

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