O uso de fertilizantes contendo micronutrientes no cultivo do algodão tem se tornado uma rotina para muitos agricultores nos últimos anos. Essa tendência, apresentada por Alfredo Scheid Lopes no estudo Solos sob cerrados: características, propriedades e manejo, revela a importância que micronutrientes, como o manganês, podem apresentar para a cultura do algodão. Conheça a seguir a importância do manganês no algodão e como fazer o manejo desse nutriente!
Qual a função do manganês na cultura do algodão?
Segundo o renomado engenheiro agrônomo Eurípedes Malavolta, depois do ferro, o manganês é o segundo micronutriente mais exigido pelas culturas agrícolas.
Estudos indicam que, para cada tonelada de algodão em caroço, são acumulados cerca de 52g a 92g de manganês. Já para produção de algodão em pluma, esses valores podem alcançar até 729g/ha para uma produtividade de até 2.725 kg/ha.
É o que observaram Ian J. Rochester e outros pesquisadores, no artigo Nutrient uptake and export from an Australian cotton field.
Grande parte dessa demanda está associada às diversas funções metabólicas vitais que o manganês desempenha na planta, contribuindo para:
- Síntese de proteínas, carboidratos e lipídeos;
- Funcionamento dos cloroplastos;
- Divisão e extensão celular;
- Processo de fotossíntese;
- Processo de respiração;
- Ativação enzimática;
- Fotólise da água.
Por estar intimamente ligado ao processo de fotossíntese e de fixação de carbono, o manganês pode desempenhar um papel crucial no crescimento e desenvolvimento do algodão.
Tal papel é evidenciado quando plantas de algodão são submetidas a condições em que existe uma disponibilidade restrita de manganês no solo.
Nessas condições é comum ser observada a redução na altura das plantas e entrenós mais curtos. Sintomas esses que são associados ao amarelecimento das bordas e da região entre as nervuras das folhas mais novas.
É o que relatam os pesquisadores Ciro Antônio Rosolem e Gustavo Bernardes Bastos, no artigo Deficiências minerais no cultivar de algodão IAC-22.
Além disso, a própria produtividade do algodão pode ser prejudicada caso esse período de deficiência coincida com a época de florescimento da cultura, em que há a maior velocidade de absorção do manganês.
Nesse mesmo trabalho conduzido pelos pesquisadores Ciro A. Rosolem e Gustavo B. Bastos, eles também observaram um menor número de maçãs em plantas de algodão deficientes em manganês.
Ainda, outros estudos indicam que mesmo sem sintomas aparentes, a deficiência de manganês pode causar prejuízos na fixação de estruturas reprodutivas do algodão, que podem se apresentar tardiamente de forma atrofiada e cair precocemente.
Se a deficiência de manganês no algodão pode prejudicar tanto o crescimento quanto a produtividade do algodão, como fazer o bom manejo desse nutriente na cultura?
O manejo do manganês no algodão
Apesar de a maior velocidade de absorção do manganês ocorrer durante o florescimento do algodão, pesquisas indicam que o algodoeiro absorve o manganês praticamente durante todo o ciclo.
É o que ressaltam os pesquisadores Mullins e Burmester no artigo Accumulation of copper, iron, manganese and zinc by four cotton cultivars.
Dessa forma, é preciso buscar por boas práticas de manejo do manganês no solo de forma a garantir uma boa disponibilidade desse nutriente ao longo do ciclo dessa cultura.
A primeira delas consiste no manejo adequado das práticas de correção e adubação do solo, através do uso dos métodos adequados de análise do solo e foliar do manganês.
Isso porque o manganês é conhecido por ser um nutriente sensível às alterações do pH do solo, tendo sua disponibilidade reduzidas em solos com pH elevado. Condição essa que é muito recorrente em algumas regiões do Brasil, como o Cerrado.
Além disso, alguns extratores de manganês alcalinos usados nas análises de solos, como o DTPA, podem quelatizar o manganês presente na solução de análise e subestimar os resultados da análise, levando a condições de superdosagem.
Algumas pesquisas relatam que a faixa de teores críticos de manganês em folhas de algodão recém-maduras, por exemplo, se situam entre 20 e 30mg/kg.
As técnicas de preparo do solo também são muito importantes para assegurar uma melhor disponibilidade de manganês ao longo do ciclo da cultura. Portanto, recomenda-se adotar aquelas que favoreçam a maior atividade microbiológica, porosidade e retenção de água e nutrientes do solo.
Outra forma de prolongar a disponibilidade de manganês para as plantas de algodão se dá também na etapa de adubação, com a escolha das fontes de manganês mais adequadas.
A escolha adequada dos fertilizantes além de favorecer a disponibilidade de manganês, também pode contribuir para qualidade e saúde do solo.
Nesse caso, é recomendado que o agricultor busque por aqueles fertilizantes de liberação progressiva de nutrientes e com longo efeito residual.
Isso porque eles são capazes de prolongar todos os benefícios que o fertilizante pode proporcionar a longo prazo, ao ajustar a liberação dos nutrientes às necessidades das plantas ao longo do seu ciclo e ainda reduzir as perdas no sistema solo-planta-atmosfera.
A adubação com manganês adequada pode favorecer o crescimento e a produtividade do algodão
Em conclusão, a adubação com manganês no algodão quando realizada de maneira adequada pode favorecer o crescimento e a produtividade da cultura, uma vez que esse nutriente contribui para diversos processos metabólicos essenciais para as plantas.
Entretanto, como o algodão absorve o manganês praticamente durante todo seu o ciclo é preciso adotar práticas de manejo que favoreçam a disponibilidade de manganês durante todo o desenvolvimento dessa cultura.
Dessa forma, é recomendado que o agricultor busque utilizar os métodos adequados de análise do solo e foliar do manganês, adote práticas que favoreçam a qualidade física, química e biológica do solo e use os fertilizantes mais adequados para a sua lavoura de algodão!