As lagartas estão entre as principais pragas do milho, sendo capazes de comprometer não somente o desenvolvimento das plantas, mas também a produtividade de grãos das lavouras. Por isso, é muito importante saber como identificar as principais lagartas do milho e quais são as alternativas para fazer o seu controle!
O que as lagartas causam no milho?
Segundo a Embrapa, a agricultura vivenciou, especialmente na última década, um retrocesso nos programas de manejo integrado de pragas (MIP) com o aumento do uso excessivo de inseticidas nas lavouras, trazendo graves consequências econômicas, ecológicas e ambientais.
Uma dessas consequências foi o aumento da ocorrência de diversas pragas, como as lagartas, que acabaram desenvolvendo resistência a diversos princípios ativos químicos pelo uso incorreto e indiscriminado dos inseticidas.
Devido a isso, o manejo e controle de lagartas no milho ainda é visto como um grande desafio por muitos agricultores, porque essa praga é capaz de comprometer o desenvolvimento das plantas e a produtividade de grãos das lavouras.
Além disso, como algumas espécies conseguem se alimentar de uma ampla variedade de espécies de plantas, a permanência das lagartas durante grande parte do ano acaba sendo uma realidade de muitas regiões agrícolas.
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), por exemplo, é considerada a campeã em fazer a “ponte verde”, porque ela consegue se alimentar de mais de 300 espécies de plantas, incluindo de culturas como o milho, o algodão, o arroz, a cana de açúcar, a soja, o sorgo e as pastagens.
Essa característica faz com que as lagartas afetem inclusive as lavouras de milho safrinha, mesmo quando essa cultura é associada a outras culturas em sistemas de rotação, como a soja, por exemplo.
Em suas fases iniciais de desenvolvimento, os danos associados às lagartas do milho geralmente são identificados pela presença de folhas raspadas e excrementos. Entretanto, como o desenvolvimento dessas pragas é rápido, os danos rapidamente evoluem para perfurações nas folhas e espigas, causando a desfolha precoce das plantas e a perda de produtividade.
No artigo Efeito do milho geneticamente modificado MON810 sobre a lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda, Odnei D. Fernandes e outros pesquisadores relatam que as perdas em produtividade causadas pelo ataque de algumas espécies de lagartas do milho, como a lagarta-do-cartucho, podem atingir até 50%, dependendo da cultivar e do estádio fenológico da planta.
Dessa forma, é preciso o quanto antes fazer a identificação correta das lagartas no milho, para adotar as medidas de controle mais indicadas e evitar que ocorram prejuízos significativos à cultura do milho.
De acordo com a pesquisadora e especialista na área de entomologia da Embrapa Milho e Sorgo, Simone Martins Mendes, para saber o que pode ser feito de controle para as lagartas do milho é preciso muitas vezes associar os danos com o tamanho das lagartas.
Além disso, também é possível fazer o reconhecimento de algumas espécies fazendo a associação da região da planta atacada com algumas características morfológicas que são específicas de cada espécie.
Na parte aérea do milho, podem ser encontradas algumas espécies, como:
- A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda): que apresenta uma coloração escura, com listras claras no dorso e pontuações escuras em todo o corpo.
- A lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus): que inicialmente são verdes e vão adquirindo uma coloração amarronzada conforme vão se desenvolvendo.
- A lagarta-rosca (Agrotis ipsilon): que apresenta colorações que variam entre cinza e marrom.
- O curuquerê-dos-capinzais (Mocis lapides): que apresenta coloração preta ou amarelada, com estrias longitudinais castanhas.
Já no colmo e na espiga do milho, podem ser encontradas as lagartas do gênero Helicoverpa (H. zea e H. armigera) e as lagartas da broca da cana (Diatraea saccharalis), que apresenta colorações que variam do branco até cores mais escuras e forma galerias no interior do colmo.
Danos e características morfológicas das espécies de lagartas do milho Spodoptera frugiperda, à esquerda, e Helicoverpa armigera, à direita (Fonte: Pessoa, M. e Alves, L. W. R. – Embrapa, 2014)
Uma vez feita a identificação correta das lagartas no milho, o agricultor deve então buscar selecionar as melhores estratégias de controle propostas pelo manejo integrado de pragas.
Quais são as estratégias para se controlar as lagartas do milho?
Um dos grandes avanços para o controle de lagartas do milho e outras pragas na agricultura, foi a introdução dos programas de manejo integrado de pragas (MIP) nas propriedades.
Na década de 90, a implementação do MIP proporcionou uma redução de 50% no uso de inseticidas nas lavouras, sem quebra no rendimento de grãos das culturas. É o que relata Décio Luiz Gazzoni no estudo Manejo de pragas da soja: uma abordagem histórica.
Essa metodologia proporcionou grandes avanços dos pontos de vista técnicos, econômicos, ecológicos e sociais para o controle de pragas na agricultura, porque ela preconiza a integração de diferentes métodos de controle, incluindo:
- O controle físico;
- O controle químico;
- O controle mecânico;
- O controle biológico;
- O controle legislativo;
- O controle silvicultural;
- O controle por comportamento;
- O controle por resistência de plantas.
Para o controle de lagartas do milho podem ser pensadas estratégias de controle tanto para as fases adultas quanto larvais dos insetos.
Como grande parte dos adultos das lagartas do milho são mariposas, é possível fazer o monitoramento e controle delas utilizando armadilhas luminosas e com feromônios.
Já no caso das fases juvenis das lagartas do milho, o seu monitoramento pode ser feito fazendo-se a observação da porcentagem de plantas atacadas nos talhões, para determinar o nível de controle.
Para a lagarta-do-cartucho, por exemplo, preconiza-se que o nível de controle se dá quando existem 20% ou mais de plantas de milhos atacadas até o estádio vegetativo V8.
Quando esse nível é atingido, é comum que seja feito o uso do controle químico ou biológico, como o uso de inimigos naturais específicos.
Entretanto, existem algumas medidas que promovem benefícios de proteção que se estendem por grande parte do ciclo do milho. Esse é o caso da aplicação do silício para controle das lagartas no milho.
Dentro de um programa de manejo integrado de pragas, o uso de silício no milho pode ser muito benéfico, porque ele é capaz de promover melhoria da resistência induzida das culturas e a manifestação de diversos benefícios.
No artigo Silicon-augmented resistance of plants to herbivorous insects: a review, Olivia Reynolds e demais pesquisadores destacaram que o silício pode induzir a resistência da planta, provavelmente, por meio de diferentes compostos voláteis e/ou pela quantidade de compostos voláteis produzidos pela planta atacada, que são responsáveis pela atração de inimigos naturais.
Além disso, essa maior resistência induzida é uma consequência direta da capacidade do silício em criar ou favorecer modificações celulares, fisiológicas e morfológicas que induzem respostas de defesa nas plantas.
A primeira delas é pela deposição e formação de uma dupla camada de sílica abaixo da cutícula dos tecidos vegetais de culturas acumuladoras de silício, como o arroz, cana e milho.
Com isso, a dupla camada de sílica funciona como uma espécie de “barreira física” que danifica o aparelho bucal das lagartas e diminui ou atrasa a velocidade dos danos, deixando as pragas mais expostas a atuação de inimigos naturais e outros agentes de controle.
No artigo Effect of silicon application on corn plants upon the biological development of the fall armyworm Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae), Marcio M. Goussain e outros pesquisadores constataram que a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) apresentou acentuado desgaste na região incisora das mandíbulas quando alimentada com folhas de plantas de milho adubadas com silício.
O resultado desse desgaste se refletiu numa maior dificuldade de alimentação da lagarta, que levou ao aumento da mortalidade e canibalismo nas condições do estudo, favorecendo o controle da praga.
O silício pode ser um aliado no manejo de pragas para lidar com as lagartas, aumentando a mortalidade e diminuindo a população.
Como o silício se acumula principalmente nas áreas de máxima transpiração, ele também vai proporcionar o aumento da produção de tricomas. Esses pequenos pelos que ficam na superfície da planta, tornam a planta menos palatável e dificulta a digestão das lagartas do milho.
Assim, o uso da adubação com silício associada a outros métodos de monitoramento e controle de lagartas no milho são ferramentas muito importantes que o agricultor dispõe para assegurar a baixa incidência dessas pragas no milho.
A adubação com silício pode ser uma importante aliada do agricultor no controle de lagartas do milho
Em resumo, as lagartas podem se tornar uma praga muito limitante para a produtividade das lavouras de milho, uma vez que elas afetam não apenas o desenvolvimento da cultura, mas como também a produção de grãos.
Portanto, o agricultor deve estar constantemente fazendo o monitoramento dos seus talhões, em busca de sinais que justifiquem o emprego dos métodos de controle.
Dentre eles, aquele que mais tem se destacado frente aos demais para o controle de lagartas do milho é a adubação com silício. Isso porque os benefícios da aplicação adequada desse elemento benéfico para proteção das plantas são capazes de se estender por períodos prolongados de tempo.
E, no mercado, o agricultor já encontra fertilizantes fontes de silício, como o BAKS® e o Silício Forte, que são capazes de oferecer todos os benefícios que esse elemento benéfico tem para o controle de lagartas no milho!