Como a cercosporiose pode afetar a produtividade do milho?

Como a cercosporiose pode afetar a produtividade do milho?

Você sabia que as doenças foliares do milho, como a cercosporiose, podem afetar significativamente a produtividade dessa cultura e comprometer a sustentabilidade financeira da atividade agrícola? Entenda como a cercosporiose pode afetar a produtividade do milho e quais medidas podem ser adotadas para fazer o controle dessa doença. 

O que causa a cercosporiose no milho?

A cercosporiose do milho, também conhecida como mancha-de-cercospora, é uma doença foliar causada pelo fungo necrotrófico Cercospora zeae-maydis, um fitopatógeno exclusivo da cultura do milho. 

Apesar dessa doença ter sido inicialmente observada na região sudoeste do estado de Goiás, hoje ela já se encontra distribuída praticamente em todas as áreas de plantio de milho na região centro e sul do país. 

Entretanto, a sua dispersão acaba sendo limitada pelo clima, já que, aparentemente, a cercosporiose do milho não ocorre em áreas onde a umidade relativa do ar for inferior a 90% por mais de 12 horas. 

É o que afirmam João Américo Wordell Filho e Marciel João Stadnik, no artigo Cercosporiose do milho: desafio para os produtores de Santa Catarina. 

Mesmo assim, estudos indicam que não há necessidade de períodos contínuos de alta umidade relativa para ocorrência de infecção das plantas de milho pelo fungo, uma vez que ele é capaz de permanecer latente no ambiente até o retorno de condições ambientais favoráveis. 

Os sintomas da cercosporiose geralmente podem ser observados nas folhas baixeiras durante a fase de floração do milho, que passam a apresentar lesões de coloração verde-oliva paralelas às nervuras das folhas. 

Em condições de alta umidade relativa do ar e alta incidência da doença, a coloração dessas lesões pode adquirir uma tonalidade marrom-acinzentada e pode atingir outras regiões das plantas, como os colmos e as brácteas da espiga. 

Essa mudança de coloração das lesões é resultante da produção de esporos pelo agente causal da cercosporiose, esporos estes que podem ser facilmente dispersados através do vento e respingos de chuva. 

Quando totalmente desenvolvidas, as lesões da cercosporiose do milho podem apresentar até 6 cm de comprimento e 4 cm de largura.  

Tais lesões são bem maiores do que aquelas causadas pela mancha-foliar-de-Phaeosphaeria, outra doença do milho que possui sintomas bem similares a cercosporiose, mas com manchas foliares bem menores. 

Sintomas da cercosporiose no milho, causado pelo fungo necrotrófico Cercospora zeae-maydis

Sintomas da cercosporiose no milho, causado pelo fungo necrotrófico Cercospora zeae-maydis (Fonte: Cota, L. V. – Embrapa Milho e Sorgo, 2021)

Em estádios mais avançados, as manchas causadas pela cercosporiose podem coalescer, destruindo grande parte do tecido foliar. E a partir desse ponto, acabam impactando severamente na produtividade do milho. 

A cercosporiose do milho afeta a produtividade da cultura de várias maneiras. Quando as folhas são afetadas, a capacidade da planta de realizar a fotossíntese é reduzida, o que pode levar a um crescimento mais lento e a uma produção de grãos menor.  

Estima-se que para cada 1% de acréscimo na severidade foliar da cercosporiose, reduz-se cerca de 50kg/ha no rendimento de grãos do milho. E quando essa doença acomete cultivares suscetíveis, as perdas de produtividade podem ser superiores a 80%. 

Por isso, o controle adequado dessa doença foliar do milho é imprescindível para alcançar a boa produtividade da cultura. 

Como controlar a cercosporiose no milho?

Como o único hospedeiro do C. zeae-maydis é o milho, a prática de rotação com outras plantas é uma das principais estratégias para lidar com a presença dessa doença na lavoura, principalmente em áreas em que a cercosporiose do milho ocorre em alta severidade. 

Para realizar a rotação de culturas com o objetivo de controlar essa doença, recomenda-se que essa prática seja feita no mínimo por um período de 1 a 2 anos nas regiões de ocorrência da mancha por cercospora em alta severidade, podendo ser utilizadas culturas como a soja, o sorgo, o algodão, entre outras. 

Adicionalmente, recomenda-se que a cada nova safra de milho sejam introduzidas cultivares diferentes, visando garantir a presença de genótipos com diferentes níveis de resistência a essa doença. 

A aplicação de fungicidas para cercosporiose do milho só é indicada a partir do estádio V8 (8 folhas totalmente expandidas) para híbridos ou variedades altamente suscetíveis. 

Aqui é importante destacar que, caso o controle químico seja utilizado na lavoura, o agricultor deve sempre fazer a rotação dos princípios ativos, utilizar os equipamentos de proteção individual adequados e seguir todas as recomendações do profissional especializado para realizar uma aplicação eficiente e eficaz dos fungicidas. 

Além da rotação de culturas, uso de variedades resistenes e a aplicação de fungicidas, a prática da adubação é outros métodos de controle da cercosporiose do milho muito recomendado pelos especialistas. 

A importância da relação entre o nitrogênio e o potássio para a minimização dos efeitos da cercosporiose na produtividade de milho

É muito importante que o agricultor evite desequilíbrios nutricionais na sua lavoura, especialmente na relação nitrogênio/potássio, a fim de evitar que isso crie uma condição favorável ao desenvolvimento do fungo causador da cercosporiose do milho. 

Enquanto o nitrogênio é essencial para a produção de proteínas e outras moléculas importantes para o crescimento e desenvolvimento das plantas, o potássio é importante para o metabolismo vegetal, ajudando a regular o crescimento e a resistência das culturas as doenças e condições de estresses abióticos, como as secas e as geadas. 

A relação entre o nitrogênio e o potássio é um tópico importante em agricultura, porque um desequilíbrio entre os dois nutrientes pode afetar negativamente o crescimento e a saúde das plantas.  

Uma quantidade excessiva de nitrogênio em relação ao potássio, por exemplo, pode levar a um crescimento excessivo de folhas e um atraso no florescimento e frutificação das culturas. 

Por outro lado, uma quantidade insuficiente de nitrogênio em relação ao potássio pode levar a um crescimento lento e a um aumento na susceptibilidade às doenças. Por isso, o ajuste da relação desses nutrientes é tão importante para produtividade do milho e o controle de doenças, como a cercosporiose. 

Para realizar o ajuste adequado da adubação do milho com esses dois nutrientes, o agricultor deve ter cautela tanto no momento de realizar a análise do solo, quanto na hora de escolher o fertilizante mais adequado. 

No caso da adubação nitrogenada, os maiores cuidados recaem na escolha de fontes menos suscetíveis a sofrer perdas por lixiviação e volatilização com o uso de novas tecnologias para nutrição de plantas disponíveis no mercado.   

Uma delas é a exclusiva tecnologia N Keeper, que está presente em fertilizantes  multinutrientes da empresa Verde Agritech, como o K Forte®. 

Estudos indicam que quanto maior for a quantidade de K Forte® utilizada junto com a ureia, maior será a maior retenção de amônio (NH4+) no solo e, consequentemente, menores serão as perdas desse fertilizante nitrogenado por volatilização.   

Para ajudar o agricultor a Verde Agritech desenvolveu a N Keeper, uma tecnologia que ajuda a reduzir as perdas de nitrogênio na lavoura.

Já no caso da adubação potássica, é preciso tanto se atentar a esse aspecto de redução de perdas de nutrientes no solo, quanto da análise do real estado de fertilidade do solo e do conteúdo do potássio dos fertilizantes. 

Atualmente, existem diferentes metodologias para análise do potássio no solo e nos fertilizantes, que podem apresentar resultados divergentes dependendo da sensibilidade dos extratores às diferentes fontes de potássio. 

No caso da análise do K2O solúvel das amostras de K Forte®, por exemplo, a Verde Agritech recomenda que seja utilizada a solução extratora de ácido tartárico a 5% + fluoreto de sódio 0,5% na relação 1:500 seguindo os procedimentos descritos no Manual de métodos analíticos oficiais para fertilizantes e corretivos (MAPA, 2017). 

Isso porque esse fertilizante multinutriente, diferentemente de outras fontes de potássio disponíveis no mercado, apresenta uma matéria-prima que garante uma liberação progressiva de nutrientes e que pode ter o seu conteúdo de nutrientes subestimado por outras metodologias de análise. 

Assim, a escolha adequada dos métodos de análise e dos fertilizantes, associada as boas práticas de aplicação, poderão proporcionar uma maior otimização no uso de fontes de nitrogênio e potássio no campo. 

Consequentemente, a adubação adequada poderá favorecer o melhor ajuste da relação nitrogênio/potássio para as plantas, o que é importante para minimizar os efeitos da cercosporiose na produtividade de milho. 

Os efeitos negativos da cercosporiose na produtividade do milho podem ser minimizados através da adubação adequada

Em conclusão, podemos perceber que os sintomas da cercosporiose podem comprometer severamente a produtividade da cultura do milho. Por isso, é importante que o agricultor faça o monitoramento periódico dos seus talhões para iniciar as medidas de controle assim que essa doença for constatada na sua região.  

Além disso, medidas como a rotação de culturas e a boa adubação da lavoura de milho, principalmente com fontes adequadas de nitrogênio e potássio, como o uso do K Forte® associado a ureia, podem evitar a ocorrência de condições propícias para o desenvolvimento do agente causal do fungo. 

Contudo, é importante ressaltar que todas essas medidas contidas dentro do manejo integrado de doenças (MID) só serão realmente efetivas no longo prazo caso sejam aplicadas regionalmente, para que assim, haja um controle efetivo da cercosporiose do milho! 

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