A matéria orgânica do solo é uma peça-chave para qualquer sistema agrícola produtivo. Ela serve como um termômetro do estado de saúde do solo, estando relacionada a diversos processos essenciais, que vão desde a fixação de carbono à ciclagem de nutrientes. Mas, nem sempre adicionar a matéria orgânica é suficiente para aumentar os seus teores no solo, já que outros fatores, como o manejo agrícola, exercem uma grande influência nessa relação.
Para falar sobre o assunto, a Verde convidou o Mestre em Solos e Nutrição de Plantas pela ESALQ-USP e criador de conteúdo sobre agronegócio, Diego Pelizari, para o “Encontro com Gigantes – Influência do manejo no acúmulo da matéria orgânica do solo”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e Silício Forte, no dia 09 de dezembro de 2021.
Você pode conferir a conversa, mediada por Luiz Antônio, na íntegra pelo link:
A importância da matéria orgânica para o solo
A matéria orgânica (MO) é um constituinte chave do solo, pois ela é capaz de influenciar os seus diferentes componentes químicos, físicos e biológicos. Diego Pelizari explicou que esta influência pode ter um grande impacto na produtividade agrícola, já que ela está envolvida com diversos aspectos da qualidade do solo, como:
- Fonte de energia e nutrientes para os microrganismos do solo;
- Estrutura do solo (aeração e permeabilidade);
- Retenção de água e nutrientes;
- Mineralização de nutrientes.
“Quando olhamos para o solo, nós temos uma fase sólida ou “geladeira”, onde a maior parte dos nutrientes se encontram aderidos nas partículas de solo e da matéria orgânica, e a solução do solo, que pode ser considerada o “prato de comida” da planta”, complementou ele.
Essa influência também se estende para além do solo. Diego Pelizari destacou que o incremento da matéria orgânica no solo pode ter uma contribuição significativa na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
A primeira contribuição mais direta está relacionada à deposição de carbono no solo. Como as plantas são capazes de reter o carbono da atmosfera, a presença delas, seja na forma viva ou nos vários estágios de decomposição, resulta em um maior “estoque” de carbono no solo.
Para que esse carbono estocado seja retido no solo, é necessário haver a atuação dos microrganismos. Estes por sua vez são favorecidos pela presença de matéria orgânica no solo, já que ela é uma importante fonte de energia e nutrientes.
Diego Pelizari ressaltou como processos como a compostagem podem ajudar a incrementar a matéria orgânica e a biodiversidade do solo:
“Podemos favorecer o aumento da biodiversidade do solo com o uso da compostagem, cobertura morta, rotação de culturas, que melhoram a estrutura do solo, transferência de água e estocagem de carbono.”
Porém, o acúmulo a longo prazo do carbono no solo vai depender também de outros fatores, que podem ou não ser controlados pelo agricultor, como:
- Material de origem do solo;
- Tipo de vegetação;
- Manejo;
- Relevo;
- Tempo;
- Clima.
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Os microrganismos do solo atuam no ciclo biológico do carbono.
Mas, de onde vem a matéria orgânica?
O que é matéria orgânica?
Segundo a Encyclopedia of Soil Science, a matéria orgânica pode ser definida como todos os derivados de materiais vegetais e animais incorporados ao solo ou dispostos sobre sua superfície, na forma viva ou nos vários estágios de decomposição, excluindo-se a parte aérea das plantas.
Diego Pelizari destacou que as principais constituintes de matéria orgânica em um agrossistema são:
- Macro fauna, meso fauna e microrganismos do solo;
- Liteira, restos culturais e resíduos orgânicos;
- Raízes das plantas;
- Pluviolixiviados.
“Dentro da fração solo, nós temos uma parte que é a matéria orgânica estável (húmus), que tem um período de permanência maior no solo, e a matéria orgânica prontamente decomponível, que está pronta para ser decomposta em curto prazo, além dos organismos vivos”, acrescentou ele.
Uma das formas de transformar a matéria orgânica prontamente decomponível em estável, visando prolongar o seu tempo de permanência no solo, é através da compostagem.
O processo de compostagem é uma técnica que envolve decomposição controlada de matéria orgânica rica em elementos nutritivos, como resíduos animais e vegetais, por meio da ação dos microrganismos.
Entre os benefícios da compostagem, Diego Pelizari ressaltou a disponibilização mais rápida dos nutrientes e a eliminação de possíveis contaminantes e sementes viáveis de plantas daninhas.
Então, adicionar compostos orgânicos no solo é suficiente para garantir o bom aproveitamento dos benefícios da matéria orgânica? Não, na maioria das vezes, é necessário controlar os diversos fatores que afetam a sua dinâmica do solo.
Como o manejo pode favorecer o uso eficiente da matéria orgânica do solo
Quando pensamos na matéria orgânica como fonte de nutrientes para plantas, os aspectos que mais precisam ser manejados são aqueles que interferem no processo de mineralização da matéria orgânica.
A mineralização nada mais é do que o processo de conversão de uma substância orgânica a inorgânica, que é a forma como os nutrientes são absorvidos pelas plantas.
Diego Pelizari pontuou que é possível favorecer a mineralização da matéria orgânica fornecendo, por exemplo, condições aeróbias, boa disponibilidade de água e faixas adequadas de temperatura e pH.
Condições estas que foram demonstradas por Shinsuke Agehara e Darryl D. Warncke no artigo Soil moisture and temperature effects on nitrogen release from organic nitrogen sources.
Por isso, Diego Pelizari mencionou ser imprescindível olhar de uma forma sistêmica para lavoura e entender que muitas vezes uma deficiência nutricional não está associada só com a deficiência de nutrientes, por exemplo.
Para entender mais sobre a influência do manejo no acúmulo da matéria orgânica do solo, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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