Os drones, também conhecidos pelo nome técnico Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), são uma das tecnologias mais procuradas dos últimos anos e que vem revolucionando inúmeros segmentos, como o setor agrícola. Essa resposta é um resultado das múltiplas funções e usos dos drones na agricultura, que podem ser ferramentas úteis para otimizar o manejo diário do agricultor. Mas, quais são elas?
Para falar sobre esse assunto, o Agrônomo e Doutor em Fitotecnia/Produção Vegetal pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), Rafael Abreu participou do “Encontro com Gigantes – Como o uso de drones pode ajudar o agricultor?”.
O evento foi promovido pela Verde Agritech, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e Silício Forte, no dia 07 de abril de 2022.
Você pode conferir a conversa na íntegra pelo link:
Para que serve o drone na agricultura?
Apesar dos múltiplos usos dos drones na agricultura, o uso dessa tecnologia tem se destacado principalmente dentro do contexto da agricultura de precisão: uma ciência que estuda e desenvolve sistemas de gerenciamento agrícola que considera as especificidades espaciais e temporais de cada ponto dentro de uma propriedade rural.
“O drone é uma ferramenta usada principalmente na agricultura de precisão, que visa atender as necessidades atuais de aumento de produtividade e eficiência nas áreas, diminuindo o desperdício de insumos e a contaminação do meio ambiente”, define o Dr. Rafael Abreu.
Para atender a essas diferentes finalidades, o drone pode contar com tanques para armazenamento de insumos e/ou câmeras para a coleta dos dados referentes ao mapeamento aéreo das áreas.
Os tanques destinados à pulverização de insumos geralmente estão presentes apenas nos drones multirrotores, que têm uma menor autonomia de voo e área de cobertura em relação ao modelo de asa fixa. Sendo que esse último modelo é usado apenas para mapeamento das áreas.
Segundo o Dr. Rafael Abreu, apesar de existirem três diferentes classes de drones, a maior parte deles se enquadra na classe 3, que contempla os drones com peso máximo de decolagem de até 25kg e altura de voo de até 120m.
Além disso, o Dr. Rafael Abreu ressaltou que todas as exigências legais referentes a aquisição e operação dos drones são regulados pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que exige diferentes documentos, como:
- Cadastro do piloto de drone no DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo);
- Seguro R.E.T.A (Responsabilidade Civil do Explorador ou Transportador Aéreo);
- Homologação na ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações);
- Registro no SISANT (Sistema de Aeronaves Não Tripuladas);
- Análise de risco operacional;
- Manual do drone.
Como, então, se dá uma operação com drones na prática?
As etapas para a utilização de VANT’s na agricultura de precisão
As principais etapas que proporcionam o uso assertivo de VANT’s na agricultura de precisão incluem o planejamento do voo, seguido do registro das fotos do mapeamento aéreo e o processamento das imagens em softwares especializados.
Todas as informações geradas nesse processo levam à criação de diferentes modelos que serão usados na tomada de decisão, tais como:
- Modelo digital da superfície (MDS);
- Modelo digital do terreno (MDT);
- Curvas de nível do terreno;
- Modelo 3D da área;
- Ortoimagem.
O Dr. Rafael Abreu explicou que a obtenção desses diferentes produtos do drone só é possível pela constante sobreposição das fotos no momento da coleta, além do uso de diferentes tipos de câmeras para captação do estado de saúde das plantas, como a RGB e as multiespectrais.
As câmeras RGB vão ser capazes de captar a luz visível (400-760nm), conseguindo criar o índice VARI (Visible Atmospheric Resistant Index) a partir da visualização dos sintomas nas plantas.
Já as câmeras multiespectrais não precisam da visualização dos sintomas para geração dos índices, uma vez que conseguem captar de forma individualizada cada cor visível e também o infravermelho próximo. Sendo que, neste caso, elas irão gerar o índice NDVI (Normalized Difference Vegetation Index).
“O NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) é o principal índice de mapeamento aéreo, capaz de gerar o índice de vegetação por diferença normalizada a partir da ortoimagem. Esse índice é capaz de trazer a representação visual da saúde das plantas em diferentes cores, sendo que quando menor o NDVI mais estressada está a planta”, complementou o Dr. Rafael Abreu.
Exemplo de Índice de vegetação por diferença normalizada (NDVI) da área de estudo. (Fonte: BRITO et al., 2015)
O NDVI, por exemplo, pode ser usado pelo agricultor para tirar as mais diversas conclusões sobre a lavoura, como:
- A identificação de deficiência nutricional;
- A aplicação de insumos em taxa variável;
- A saúde e o crescimento da vegetação;
- A identificação de falhas no plantio;
- A identificação de pragas e doenças;
- A identificação de plantas daninhas;
- A taxa de ocupação do solo;
- A contagem de plantas.
Mas, quais as vantagens que o uso dos drones na agricultura tem proporcionado para que essa crescente adoção dessa tecnologia seja justificada?
O potencial do uso dos drones na agricultura
Segundo o Dr. Rafael Abreu, o uso dos drones para algumas finalidades agrícolas tem se mostrado mais vantajoso que os manejos convencionais, como o caso das pulverizações e do controle biológico.
No caso das pulverizações de ultra baixo volume, que preconizam o uso de até 5L por hectares, o uso de drones na agricultura tem garantido uma maior eficiência de aplicação. Isso porque o vórtex de vento criado pela hélice abre mais a planta e permite um melhor espalhamento de gotas, fazendo com que as gotículas alcancem até o baixeiro das plantas.
Já na área do controle biológico, o uso dos drones tem impulsionado positivamente o setor, uma vez que ele vem permitindo:
- O espalhamento mais homogêneo na área, quando comparado a aplicação manual;
- A aplicação nos horários com as condições mais recomendadas, usando o recurso de programação dos voos;
- O alcance de locais de difícil acesso na lavoura;
- O menor custo.
Assim, o Dr. Rafael Abreu concluiu que o drone tem se tornado uma importante ferramenta para aumentar a produtividade das lavouras, aliado a uma maior segurança e um maior retorno econômico para o agricultor.
Para entender mais sobre como como o uso de drones pode ajudar o agricultor, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
Não perca os próximos eventos. Confira toda a programação do Encontro com Gigantes e faça sua inscrição pelo link: Encontro com Gigantes.