O manejo das lavouras agrícolas muitas vezes é visto e trabalhado de forma conflituosa com os diferentes fatores que interferem no sistema de produção. Mas, e se fosse possível fazer com que ele trabalhe a favor do agricultor? A resposta para essa pergunta pode estar na construção e manutenção da fertilidade do solo, buscando desenvolver sistemas agrícolas cada vez mais produtivos e sustentáveis.
Para falar sobre o assunto, a Verde convidou o Mestre em Agronomia com ênfase em Fitotecnia e Engenheiro Agrônomo pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Alesson Felipe Eckert, para o “Encontro com Gigantes – Como melhorar a fertilidade do solo e aumentar a produtividade”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e Silício Forte, no dia 21 de outubro de 2021.
Você pode conferir a conversa, mediada por Rodrigo Mac Leod, na íntegra pelo link:
A relação entre a fertilidade do solo e a produtividade agrícola
Quando pensamos em produtividade na agricultura, é comum que ela seja associada ao uso intensivo do solo e da aplicação recorrente de insumos agrícolas. Esse tipo de pensamento é o que sustentou por muitos anos o crescente incremento da produtividade nos sistemas agrícolas.
Porém, Alesson Felipe destacou que esse enfoque somente nos atributos físicos e químicos do solo passou a se tornar cada vez mais insuficiente para garantir a produtividade das lavouras, principalmente pensando-se em sistemas de sucessão de culturas:
“Se queremos buscar produtividade, temos que pensar em novas estratégias e fazer coisas que nunca fizemos. Porque, se conduzirmos o sistema da mesma forma que as coisas sempre foram feitas, nós vamos ter os mesmos resultados. Diante disso, a agricultura moderna vem vivenciado um novo paradigma, onde o intuito é diminuir a agressão do sistema e fazer ele trabalhar a nosso favor.”
Por isso, muitos pesquisadores e agricultores tem buscado alternativas para atender a crescente demanda de alimentos no mundo, que irá aumentar em mais de duas vezes até 2050.
Dentre as diversas alternativas que vem sendo estudadas e testadas, a fertilidade do solo vem se destacando frente às demais.
Isso porque, dos 16 nutrientes essenciais que as plantas precisam para completar seu ciclo de vida, 13 são retirados do solo e os demais do ar e da água.
Mas, para que seu manejo seja efetivo, Alesson Felipe também ressaltou que a fertilidade do solo deve ser vista como uma parte integrante do sistema de produção, considerando os aspectos físicos, químicos e biológicos do solo.
“Precisamos otimizar as interações que o solo faz com os demais componentes do ecossistema, considerando além dos aspectos químicos e físicos, os aspectos biológicos do solo.”
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Uma microbiota rica é importante para obter bons resultados na lavoura.
É preciso entender que não basta apenas aplicar nutrientes no solo: também é preciso torná-los disponíveis para plantas.
Assim, a fertilidade do solo deve ser trabalhada de forma a otimizar as interações que o solo faz com os demais componentes do agroecossistema e ainda reduzir as limitações que ele possa vir a apresentar.
O manejo da fertilidade do solo
O manejo eficiente da fertilidade do solo começa com o entendimento das duas principais leis que regem essa prática agrícola: a Lei dos Mínimos e a Lei dos Incrementos Decrescentes. É o que explica Alesson Felipe:
“A Lei dos Mínimos, também conhecida como Lei de Liebig, diz que a produtividade sempre será limitada pelo elemento em menor quantidade. Já a Lei dos Incrementos decrescentes diz que o incremento na produção diminui à medida que se aumenta a dose do nutriente fornecido.”
O conceito dessas leis reflete na prática alguns aspectos muito importantes que podem se traduzir ou não em ganhos de produtividade e rentabilidade.
Alesson Felipe explicou que o agricultor não vai conseguir gerar um incremento da produção se não corrigir o elemento que está em deficiência. Ou ainda, que nem sempre vai compensar alcançar 100% da capacidade produtiva de uma área, porque o ganho em rendimento é menor do que os custos com fertilizantes.
Além disso, também é importante entender que os nutrientes podem estabelecer diferentes relações entre si, afetando a sua absorção. Para exemplificar essa relação, Alesson Felipe destacou a relação de sinergismo que acontece entre o potássio e o boro:
“Estudos indicam que plantas que crescem com a concentração adequada de boro, um nutriente que promove o aumento de atividade enzimática no sistema radicular, tem uma absorção mais rápida de potássio. Por isso, é preciso que o agricultor esteja atento tanto às necessidades nutricionais do solo e das plantas, quanto às interações entre elementos na hora de planejar o manejo da lavoura.”
Como, então, planejar um bom manejo de nutrientes, considerando os diversos conceitos da fertilidade do solo?
A fertilidade do solo na prática
Um dos principais pontos que garantem um bom plano de manejo nutricional da lavoura é o entendimento de que as culturas precisam dos nutrientes disponíveis no solo durante todo o seu ciclo produtivo, já que, assim como os seres humanos, as plantas se alimentam diariamente.
Para isso, Alesson Felipe explica o agricultor deve também passar a utilizar outros tipos de fertilizantes além daqueles que têm uma disponibilização imediata dos nutrientes:
“Conseguimos efetivamente enriquecer e criar uma reserva de nutrientes no solo, por exemplo, com a aplicação de fertilizantes de liberação gradual. Já que os nutrientes que não foram utilizados pelas culturas vão ficar ali para próxima safra, enriquecendo o patrimônio dos agricultores.”
Além disso, ele também destaca que, cada vez mais, as novas tecnologias da agricultura da precisão e a própria inclusão do componente biológico nas análises de rotina dos solos vão se tornar importantes ferramentas para melhorar a fertilidade do solo:
“É possível aumentar a produtividade através de estratégias de manejo que promovam a construção e a manutenção da fertilidade do solo. Buscando utilizar fertilizantes e doses adequadas, que possibilitem a interação e o equilíbrio entre os atributos químicos, físicos e biológicos. Promovendo a biodiversidade e fazendo com que o sistema trabalhe ao nosso favor.”
Para entender mais sobre como melhorar a fertilidade do solo e aumentar a produtividade, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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