Inicialmente, a preservação dos recursos naturais era tratada apenas como uma crescente “exigência dos consumidores”, que estão se tornando cada vez mais conscientes do processo produtivo dos alimentos. Entretanto, o avanço das pesquisas no campo tem mostrado que essa prática pode trazer muitos benefícios para agricultor, já que nesses ambientes naturais reside uma importante ferramenta que pode proporcionar o aumento da produção e qualidade das lavouras: os polinizadores, como as abelhas.
Para falar sobre esse assunto, o Doutorando em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), Gleycon Silva, participou do “Encontro com Gigantes – Agricultura sustentável e polinização: como essa aliança beneficia o agricultor?”.
O evento foi promovido pela Verde Agritech, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte®, K Forte Boro e Silício Forte, no dia 21 de julho de 2022.
Você pode conferir a conversa, mediada por Thaisa Teixeira de Souza, na íntegra pelo link:
O que é polinização e qual a sua importância para as plantas?
A polinização se refere ao processo de transferência de grãos de pólen do órgão masculino da flor para parte do seu aparelho reprodutor feminino, conhecidos como anteras e estigma respectivamente.
É o que define os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Norte.
Esse processo, é segundo Gleycon Silva, um importante serviço ecossistêmico desempenhado pelos agentes polinizadores, como as abelhas. Através dele, as abelhas conseguem obter grande parte do seu alimento e ao mesmo tempo proporcionam diversos benefícios para os ecossistemas naturais e áreas agrícolas.
Estimativas indicam que o serviço ecossistêmico da polinização seja avaliado em até 577 bilhões de dólares. É o que descreve o relatório de Avaliação sobre Polinizadores, Polinização e Produção de Alimentos da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES).
“Dentre as abelhas, estima-se que os meliponíneos, também conhecidos como abelhas sem ferrão, são os principais responsáveis pela polinização de plantas nativas do Brasil. Eles são importantes agentes polinizadores que contribuem para a reconstituição de florestas tropicais e conservação dos remanescentes, podendo ainda atuar como bioindicadoras da qualidade ambiental”, complementou Gleycon Silva
Uma pesquisa da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, revelou que as abelhas são responsáveis pela polinização de 80% dos cultivos do planeta. O que é um número muito expressivo, ao considerarmos que 75% das culturas e 87,5% das plantas com flores, também conhecidas como angiospermas, são dependentes da polinização.
É o que observaram os pesquisadores Jeff Ollerton, Rachael Winfree,Sam Tarrant, no estudo How many flowering plants are pollinated by animals?
Segundo Gleycon Silva, mesmo que a flor não dependa 100% de um agente polinizador para ser fecundada, ela pode se beneficiar da polinização. É o caso por exemplo da cultura de café arábica, que pode apresentar ganhos de rendimento com a presença de abelhas mesmo com as suas flores apresentando a característica marcante da autofecundação.
Entretanto, Gleycon Silva explicou que os resultados podem ser bem variados nas condições de campo, já que algumas flores se especializaram para receber tipos específicos de polinizadores.
Se as abelhas são tão importantes para o agroecossistema, quais práticas podem contribuir para uma melhor preservação dessas espécies?
Como contribuir para a preservação das abelhas?
Uma das principais formas de contribuir para a preservação das abelhas no meio agrícola consiste na adoção de práticas voltadas para o desenvolvimento sustentável da propriedade:
“As boas práticas de sustentabilidade no campo além de garantir que o meio ambiente seja respeitado, contribuem para que o desenvolvimento socioeconômico das atividades se dê forma viável e promissora. Portanto, praticar a sustentabilidade no campo é aumentar a produção de alimentos e melhorar a segurança alimentar, garantindo o suprimento das necessidades de nossa geração e das gerações futuras.” complementou Gleycon Silva.
Gleycon Silva explicou que para conquistarmos as transformações necessárias para um futuro sustentável, é importante ter claro que as mudanças, assim como todo o processo educativo, são graduais e devem ser contínuas.
Dessa forma, é preciso muita organização e planejamento para que o retorno desse investimento de longo prazo também se dê de forma economicamente sustentável para o agricultor. Ou seja, o processo é tão importante quanto o resultado final.
Dentre as diferentes boas práticas que o agricultor pode adotar para promover a transição da sua propriedade para um modelo de agricultura sustentável, Gleycon Silva destacou:
- A redução e/ou erradicação do uso de pesticidas, fertilizantes e adubos químicos;
- O cuidado com as nascentes e das áreas de preservação (APP e reserva legal);
- O uso da água de forma consciente e racional;
- A adoção de fontes limpas de energia;
- O uso da adubação verde.
Além dessas práticas, Gleycon Silva explicou que nesse processo de transição também é muito importante que o agricultor procure valorizar os alimentos regionais e os conhecimentos tradicionais, já que a abertura de novas áreas para lavouras convencionais tem um custo muito alto para o meio ambiente.
Em conclusão, Gleycon Silva afirmou que o agricultor vai desempenhar cada vez mais um importante papel no resgate dessa conexão do homem com a natureza e que apesar da busca pela agricultura sustentável não ser fácil e simples, ela é possível quando utilizadas soluções inteligentes.
Para entender mais sobre os benefícios da polinização e como ela colaborar com um processo de produção agrícola mais sustentável, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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