Em 2021, gigantes do ramo alimentício, como a PepsiCo e a General Mills, anunciaram investimentos milionários na agricultura regenerativa, um conjunto de práticas que busca reestabelecer os recursos naturais em áreas de grande intensidade agrícola. Mas, será que a agricultura regenerativa é o caminho para uma produção agrícola economicamente viável e ambientalmente sustentável?
Para falar sobre esse assunto, a Doutoranda em Ciências pelo CENA/USP e Mestre em Nutrição de Plantas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Natalia Carr, participou do “Encontro com Gigantes – Agricultura regenerativa: a chave para uma produção mais sustentável”.
O evento foi promovido pela Verde Agritech, empresa que produz os fertilizantes BAKS®, K Forte® e MONDÉ®, no dia 28 de julho de 2022.
Você pode conferir a conversa, mediada por Olavo Vieira, na íntegra pelo link:
Como funciona a agricultura regenerativa?
De acordo com Natalia Carr, a agricultura regenerativa é um termo criado pelo agricultor americano Robert Rodale em 1980, usado para se referir ao conjunto de práticas que busca por um modelo agrícola mais rentável, produtivo e sustentável:
“A agricultura regenerativa é uma agricultura responsável e inteligente, onde o agricultor, o técnico e o pesquisador pensam naquilo que eles estão realmente fazendo e utilizam todas as ferramentas e tecnologias a seu favor.”
A agricultura regenerativa funciona com base na implementação de práticas agrícolas e de pastoreio que busquem reverter as mudanças climáticas, reconstruir a matéria orgânica do solo e restaurar a biodiversidade degradada. Entre essas práticas, estão:
- A construção de terraços, barraginhas e corredores ecológicos;
- O uso de adubos verdes e plantas de cobertura do solo;
- O uso de fontes alternativas de nutrientes;
- O manejo do mato;
- O plantio direto.
Por estar situada entre a agricultura convencional e a agricultura orgânica, a agricultura regenerativa vem permitindo uma abordagem mais sustentável da agricultura de forma a procurar estabelecer um equilíbrio entre os 3 pilares da sustentabilidade.
No viés econômico, Natalia Carr explica que são trabalhados muitos aspectos da sucessão familiar e da gestão financeira da propriedade, de forma a tornar a atividade desenvolvida pelo agricultor economicamente viável.
Já no viés social, a maior atenção recai sobre a qualidade de vida do agricultor e a sua humanização. Sendo que, na prática, esse pilar é muito trabalhado com base na Norma Regulamentadora 31 (NR-31).
Por fim, o viés ambiental irá englobar todas as boas práticas agrícolas que impliquem na preocupação com a paisagem, trazendo benefícios diretos e indiretos para o agricultor. Dentre essas práticas, podemos citar a construção de corredores ecológicos, por exemplo.
Natalia Carr explicou que, quando os corredores ecológicos são colocados estrategicamente dentro da propriedade, eles são capazes de proporcionar:
- A manutenção do microclima;
- A atração de inimigos naturais;
- A maior ciclagem de nutrientes;
- A redução do processo erosivo dos solos;
- A redução da entrada de pragas e doenças.
Mas, por onde o agricultor deve começar para fazer a transição da produção convencional em sua propriedade para uma que utilize a agricultura regenerativa?
O processo de transição da agricultura regenerativa
Natalia Carr recomenda que um dos primeiros passos para implementar a agricultura regenerativa consiste no conhecimento dos diferentes talhões da propriedade e das suas respectivas características.
Essa ação é importante para que sejam implementadas as primeiras mudanças da paisagem do agroecossistema.
Tais mudanças incluem tanto a adequação da propriedade ao código florestal vigente, quanto alterações no relevo que favoreçam a retenção de água e a redução dos processos erosivos. São casos como o planejamento e construção de terraços, barraginhas e corredores ecológicos, entre outros.
Desse ponto em diante, Natalia Carr recomenda que o agricultor adquira um “olhar macro” do seu agroecossistema e procure por pontos de melhoria, como áreas de pasto degradado ou com solo exposto.
Esse “olhar macro” do agroecossistema também auxilia o agricultor no processo de padronização da sua produção, uma vez que ele vai passar a ter uma maior rastreabilidade de toda a sua cadeia produtiva.
Além disso, essa forma de olhar para o agroecossistema também possibilita agregar valor ao produto, principalmente através da exploração dos créditos de carbono.
“Hoje, o consumidor está cada vez mais antenado, principalmente aos pilares social e ambiental. Ou seja, o consumidor quer saber de onde o produto está vindo e se está sendo produzido de forma sustentável. Além disso, o mercado consumidor está muito atento à questão do carbono e você consegue, através dele, agregar valor ao seu produto”, complementou Natalia Carr.
Por fim, a doutoranda ressaltou que nesse processo de transição também é importante ter um olhar atento às condições de trabalho e à valorização do próprio trabalho agricultor, já que elas são áreas muitas vezes pouco trabalhadas ou até mesmo “esquecidas”.
Em conclusão, Natalia Carr destacou a grande importância da adoção de novas fontes de nutrientes na agricultura.
Isso porque essas novas fontes favorecem a estruturação física e química do solo, a inoculação de microrganismos, a formação de matéria orgânica e diversos outros aspectos buscados pela agricultura regenerativa.
Para entender mais sobre a agricultura regenerativa e porque ela a chave para uma produção mais sustentável, confira o vídeo do Encontro com Gigantes na íntegra!
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