Entender como fazer a adubação com magnésio no eucalipto pode fazer toda a diferença para a construção e manutenção da fertilidade do solo. Isso levando em conta que o magnésio pode representar até 30% do total de nutrientes exportados pela extração de madeira. Mas, como fazer isso? Veja a seguir quais são essas boas práticas da adubação com magnésio!
A adubação com magnésio no eucalipto
O cultivo de eucalipto em solos de baixa fertilidade e que não costumam ser aptos para cultivos anuais, também conhecidos como solos marginais, é uma prática comum na agricultura brasileira. Contudo, essa prática traz muitos desafios para o setor.
Segundo Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o eucalipto pode se desenvolver em diferentes tipos de solos. Entretanto, no Brasil, esses diferentes solos são, de forma geral, intemperizados e apresentam baixos teores de nutrientes, como o magnésio.
Além disso, o manejo inadequado de algumas práticas agrícolas de correção do solo e da própria adubação tem agravado ainda mais a situação. Isso porque o magnésio pode ter sua absorção pelas plantas inibida, caso não seja atingido um equilíbrio de nutrientes no solo.
É o que acontece, por exemplo, na relação cálcio, magnésio e potássio, em que geralmente ocorre a inibição competitiva que pode levar à indução da manifestação de sintomas de deficiência de magnésio no eucalipto.
Dessa forma, algumas boas práticas de adubação com magnésio no eucalipto envolvem:
1. Atendimento das demandas nutricionais do povoamento florestal
A cultura do eucalipto, assim como de outras plantas, apresenta uma grande diversidade de variedades e espécies. E cada uma delas apresenta diferentes características e potencial produtivo, o que leva à expressão de diferentes demandas nutricionais.
Tendo isso em mente, é importante que o agricultor saiba identificar corretamente qual a demanda nutricional do seu povoamento florestal e utilizá-la como referência para trabalhar com a adubação com magnésio no eucalipto.
Acúmulo de macronutrientes em componentes removidos da área de produção, por espécies de Eucalyptus, expresso em Kg de nutrientes por tonelada de biomassa produzida. (Fonte: Gonçalves, 1995)
Uma vez identificada a demanda nutricional da espécie, o agricultor terá uma boa base para trabalhar a recomendação de adubação com magnésio no eucalipto.
Vale acrescentar que, nesta etapa, é também importante se atentar à análise correta do solo, considerando a grande mobilidade que o magnésio pode ter no perfil do solo.
Para isso, recomenda-se que a amostragem do solo não seja feita apenas na camada de 0-20cm, mas como também na camada de 20-40cm. Sendo também importante selecionar o método de análise de solo mais adequado para o objetivo da unidade produtiva.
2. Retenção dos resíduos culturais no campo
Nos sistemas florestais, já se é conhecido que a desrama natural das árvores e a decomposição e mineralização desses materiais pelos microrganismos do solo pode contribuir significativamente para manutenção e construção da fertilidade do solo.
No caso do magnésio, esse mesmo princípio se aplica. Estudos como o do pesquisador Celso Foelkel mostra que a exportação de magnésio somente pela extração da madeira chega ser menos que a metade do total exportado pela extração da madeira, casca e copa das árvores.
É o que ele relata no artigo Minerais e nutrientes das árvores dos eucaliptos: Aspectos ambientais, fisiológicos, silviculturais e industriais acerca dos elementos inorgânicos presentes nas árvores
Dessa forma, as práticas de descascamento e beneficiamento da madeira feitas visando à retenção da maior quantidade de resíduos culturais no campo, reduzem as taxas de exportação dos nutrientes da lavoura e dos gastos com fertilizantes.
Entretanto, vale ressaltar que o grande potencial produtivo das novas variedades de eucalipto, associado à baixa presença de magnésio nos solos brasileiros, quase sempre traz a necessidade de aplicação de fontes de magnésio na lavoura.
3. Escolha das fontes de magnésio adequadas
Por fim, a escolha de fontes de magnésio pode ter um grande impacto no desempenho do povoamento florestal.
Apesar do calcário dolomítico ser uma das principais fontes de magnésio adotadas na agricultura brasileira, apenas o seu uso por isolado pode não trazer resultados tão satisfatórios no caso do eucalipto.
Isso acontece, principalmente, porque o cálcio presente nesse corretivo pode inibir a absorção de magnésio pelas plantas, caso seja configurada no campo uma condição de supercalagem.
Além disso, a sua aplicação, que geralmente é feita à lanço, pode limitar o aproveitamento de magnésio pelo eucalipto. Isso porque alguns estudos indicam haver uma maior concentração de magnésio nas raízes do eucalipto, principalmente na fase inicial do crescimento.
É o que relatam Edson Namita Higashi e Ronaldo Luiz Vaz de Arruda Silveira, no material Fertirrigação em viveiros de mudas de Eucalyptus e Pinus.
Assim, tendo em vista o longo ciclo produtivo do eucalipto, as fontes de magnésio que podem apresentar um melhor desempenho são aquelas com uma liberação progressiva de nutrientes e um longo efeito residual.
Os fertilizantes de liberação progressiva e com longo efeito residual permitem uma melhor sincronia entre essas diferentes taxas, uma vez que eles estendem a janela de tempo a qual a planta terá para absorver os nutrientes.
Além disso, essa melhor sincronia também favorece a redução das perdas de nutrientes por lixiviação, já que o magnésio pode ser facilmente levado para as camadas mais profundas do solo.
O professor do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP, José Leonardo De Moraes Gonçalves, recomenda ainda que a escolha dos adubos deve sempre priorizar a utilização de fontes que contenham elementos secundários e micronutrientes, a fim de garantir o equilíbrio nutricional das árvores.
Como relata em seu artigo Recomendações de Adubação para Eucalyptus, Pinus e Espécies Típicas da Mata Atlântica.
Existem oito micronutrientes essenciais, insubstituíveis para o bom funcionamento do metabolismo da planta.
O uso de fontes de magnésio adequadas pode favorecer a construção da fertilidade da sua floresta
A adubação com magnésio em eucalipto é uma prática, muitas vezes, indispensável considerando os baixos teores de magnésio nas áreas de cultivo e o crescente potencial produtivo das novas variedades.
Sendo assim, é importante sempre considerar as particularidades nutricionais de cada espécie, optando por fontes de magnésio de liberação progressiva e com longo efeito residual para alcançar um bom desempenho da sua floresta.
Nesse sentido, é importante também sempre lembrar da importância de manter a maior parte dos resíduos culturais no campo, para minimizar a exportação de magnésio dos talhões!
