Apesar do Cloreto de Potássio (KCl) ser um dos fertilizantes potássicos mais usados no mundo todo, tem-se observado uma tendência de substituição dessa fonte convencional de potássio nos últimos anos. Essa nova tendência é um resultado das diversas limitações que esse fertilizante pode impor nos sistemas agrícolas, incluindo o desequilíbrio de nutrientes no solo. Veja a seguir porque o Cloreto de Potássio (KCl) pode interferir no equilíbrio nutricional das plantas cultivadas em solos arenosos!
Qual a importância do equilíbrio nutricional para as plantas?
O uso dos fertilizantes é uma ferramenta essencial para manter a nutrição do solo, mas fertilizantes como o Cloreto de Potássio (KCl) podem interferir em um parâmetro importante nisso: o equilíbrio nutricional das plantas.
O equilíbrio nutricional é importante para a boa nutrição das plantas, porque no solo os nutrientes estabelecem diferentes relações que podem favorecer ou não a sua absorção.
Para alguns nutrientes, como o enxofre e o nitrogênio, o silício e o fósforo ou o boro e o potássio, pode existir uma relação de sinergismo, em que a presença de um nutriente favorece a absorção de outro, proporcionando efeitos benéficos para a planta.
O sinergismo é uma interação benéfica que pode otimizar a adubação da sua lavoura.
Entretanto, para outros nutrientes, como o cálcio, o magnésio e o potássio, pode existir uma relação de inibição, em que a presença em excesso de um nutriente diminui a absorção de outro.
Segundo o Doutor em Ciência do Solo e professor da ESALQ/USP, Valter Casarin, uma boa nutrição das plantas é alcançada principalmente quando existe um equilíbrio entre os nutrientes fornecidos:
“Equilíbrio nutricional é aquilo que faz com que uma planta possa ter o seu desenvolvimento adequado. Nutrir bem não significa adubar mais. A partir do momento em que você começa a adubar demais você pode afetar outros nutrientes do solo e prejudicar o desenvolvimento das plantas.”, ressaltou o Dr. Valter Casarin.
A presença excessiva de um nutriente no solo pode acontecer por diversos fatores. Mas, dentro do manejo agrícola, ela pode ser atribuída à escolha inadequada do método de análise do solo e dos fertilizantes.
A escolha do método inadequado de análise do solo pode levar a subestimação ou superestimação do estado de fertilidade do solo, levando, consequentemente, a recomendações de dosagens inadequadas de fertilizantes para a lavoura.
Já a escolha dos fertilizantes está relacionada a disponibilidade de nutrientes ao longo do ciclo produtivo da cultura, que pode favorecer ou não o equilíbrio de nutrientes no solo.
Fertilizantes de liberação progressiva de nutrientes tendem a manter um melhor equilíbrio do solo, uma vez que eles permitem uma melhor distribuição da liberação de nutrientes ao longo do desenvolvimento das plantas.
Entretanto, o mesmo não ocorre com os fertilizantes de liberação imediata, como o Cloreto de Potássio (KCl), que disponibilizam praticamente todos os nutrientes em um curto período após a aplicação e podem levar ao desequilíbrio dos nutrientes no solo.
E é esse efeito que Marcelo Raphael Volf e outros pesquisadores estudaram, no artigo Effect of potassium fertilization in sandy soil on the content of essential nutrients in soybean leaves.
Como o Cloreto de Potássio (KCl) pode levar ao desequilíbrio nutricional das plantas
O Cloreto de Potássio (KCl) é um fertilizante potássico muito utilizado na agricultura. Entretanto, ele vem sendo substituído nos últimos devido às diversas limitações que ele pode impor nos sistemas agrícolas.
Por ser uma fonte de potássio muito solúvel em água, o KCl não consegue manter um equilíbrio entre a sua taxa de disponibilização de nutrientes e taxa de absorção de potássio pelas plantas.
Com isso, o solo fica temporariamente com elevados teores de potássio que podem comprometer a absorção de outros nutrientes pelas plantas.
No estudo conduzido por Marcelo Raphael Volf, os pesquisadores observaram que quanto maior foi a dose de KCl aplicada menores eram as concentrações foliares de boro, magnésio, ferro e cálcio nas plantas de soja cultivadas em solos arenosos.
Além disso, sob as maiores taxas de aplicação de KCl (75 e 100kg/ha), foram encontradas as menores concentrações foliares de enxofre, zinco e manganês. Sendo que esses dois últimos nutrientes mostraram uma correlação positiva para produtividade e peso de 1000 grãos da soja.
Análise de correlação de Pearson mostrando como o aumento da taxa de potássio afetam as concentrações de nutrientes nas folhas, sendo em azul representadas as correlações positivas e em vermelho as negativas. (Fonte: VOLF et al., 2022)
Segundo os pesquisadores desse estudo, o potássio interage com quase todos os nutrientes e a sua aplicação excessiva com fontes de elevada solubilidade em água pode impactar negativamente a dinâmica fisiológica das plantas.
Além disso, dependendo da textura do solo e o fertilizante potássico aplicado também pode haver a redação da disponibilidade de potássio para as plantas.
Como o estudo conduzido por Marcelo Raphael Volf foi realizado em um solo de textura arenosa, os pesquisadores concluíram que a baixa disponibilidade de potássio para as plantas de soja ocorreu em razão da lixiviação de nutrientes.
Solos de textura arenosa tendem a possuir maiores taxas de lixiviação de nutrientes porque, naturalmente, possuem uma menor capacidade de troca catiônica (CTC), que é responsável pela retenção temporária de nutrientes catiônicos, como o potássio (K+).
Dessa forma, para evitar o desequilíbrio de nutrientes no solo e a lixiviação do potássio, é imprescindível que o agricultor adote novas tecnologias associadas a ajustes no manejo da correção e adubação do solo.
Como melhorar o equilíbrio de nutrientes no solo
Como mencionado anteriormente, as principais práticas agrícolas capazes de proporcionar um melhor equilíbrio de nutrientes no solo consistem na escolha correta da metodologia da análise de solo e no uso de fertilizantes de liberação progressiva, como o K Forte® e o BAKS®.
A adoção dessas práticas vai permitir tanto o ajuste fino das doses de fertilizantes, quanto da melhor disponibilidade de nutrientes ao longo do ciclo produtivo das culturas, proporcionando assim, um melhor equilíbrio de nutrientes no solo!