Potássio no tomate: como fazer a adubação adequada?

Potássio no tomate: como fazer a adubação adequada?

O potássio pode se tornar um dos fatores mais limitantes na produção do tomate, já que ele é o nutriente mais absorvido pela cultura, seguido pelo nitrogênio e o cálcio. Por isso, é muito importante saber como realizar uma adubação potássica adequada para sua lavoura. Veja dicas de como realizar uma nutrição potássica para o tomate de forma mais eficiente!

A influência do potássio na cultura do tomate

O Brasil é o maior produtor de tomate da América do Sul e está dentre os dez maiores produtores mundiais.

Tal destaque no cenário internacional é sustentado pela produção de quase 2 milhões de toneladas por ano somente do tomate de mesa, produzido em mais de 70% dos municípios brasileiros, segundo o último censo agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Estimativas da revista Hortifruti Brasil apontam que 50% das principais regiões produtoras cultivam o tomate de mesa em sistemas tutorados de alta tecnologia, que tem potencial para alcançar até 90 t/ha.

Contudo, este elevado potencial produtivo dos sistemas tutorados, associado às novas variedades, traz consigo novos desafios para os produtores.

Como o tomateiro é uma espécie muito exigente em adubação, os solos podem ter sua fertilidade rapidamente exaurida, principalmente no caso de nutrientes como o potássio, que são muito extraídos.

A presença de baixos teores de potássio no solo pode acarretar em sérias consequências que comprometem tanto a estrutura vegetal da planta, quanto a produtividade, qualidade e características sensoriais dos frutos.

Os principais sintomas de deficiência de potássio no tomate incluem:

  • Amarelecimento (clorose) das folhas mais velhas, começando pelas bordas;
  • Pontos necróticos brancos, que evoluem para colorações amareladas e escuras, dentro das áreas cloróticas das folhas mais velhas;
  • Falta de firmeza e baixos níveis de graus brix nos frutos, com maior propensão a apresentar rachaduras na casca;
  • Presença de áreas verdes em frutos maduros;
  • Redução do número e tamanho dos frutos.

Esses sintomas são um reflexo das funções que o potássio exerce na cultura, influenciando em diversos parâmetros que impactam diretamente o potencial produtivo e a qualidade do tomate.

O potássio é um nutriente chave para produção e qualidade do tomate

O suprimento adequado de potássio, juntamente com cálcio e fósforo, contribui substancialmente no aumento da firmeza dos frutos, aumentando sua capacidade de armazenamento e manuseio.

Isso além de trazer um aumento da produtividade e melhoria da qualidade comercial. É o que destacam Siefried Mueller e outros pesquisadores, no artigo Produtividade de tomate em função da adubação potássica.

Tais benefícios que o potássio proporciona na cultura do tomate são um reflexo da sua influência sobre o metabolismo da planta, como a síntese e transporte de proteínas e carboidratos.

Além disso, o potássio participa também da síntese de carotenoides, que são pigmentos que dão a coloração vermelha ao tomate.

No livro Tabela de composição química dos alimentos, Guilherme Franco menciona que o potássio é o principal componente dos frutos do tomateiro, representando mais de 200 miligramas para cada 100 gramas de fruto.

Por isso, a cultura do tomate apresenta altas demandas de potássio, que podem chegar a mais de mais de 300kg por hectare.

No mesmo estudo conduzido por Siefried Mueller e outros pesquisadores, por exemplo, a dose de máxima eficiência econômica foi obtida com a aplicação de 464 kg/ha de potássio (K2O) na safra 2006/07, para a produtividade comercial de frutos.Massa média de frutos de tomate em função de doses de potássio (K2O)

Massa média de frutos de tomate em função de doses de potássio (K2O). (Fonte: MUELLER et al., 2014)

A Comissão de Fertilidade do Solo do estado de Minas Gerais (CFSMG) sugere que a recomendação de adubação para o tomateiro de mesa deve ser orientada de acordo com os seguintes parâmetros:

  • Resultados da análise de solo;
  • Tipo de solo;
  • Sistema de condução da planta.

Nesse sentido, é importante realizar a amostragem e análise de solo mais adequadas ao objetivo do sistema de produção e considerar as orientações de interpretação de disponibilidade de nutrientes dos órgãos regionais para realização da adubação de plantio e cobertura.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) recomenda que o parcelamento das adubações de cobertura deve ser programado de acordo com a finalidade de comercialização da lavoura e o desenvolvimento da cultura.

Esse desenvolvimento geralmente é mensurado com os dias após transplante das mudas no campo, período conhecido como DAT.

Para o tomate com finalidade industrial, a Embrapa recomenda três aplicações espaçadas de 15 dias, sendo a primeira realizada 45 DAT.

Já para o tomate com finalidade para mesa, recomenda-se a primeira adubação de cobertura 15 DAT na proporção de N:P:K igual 1:4:2 ou 1:5:2. Entre 30 e 60 DAT, procede-se com a segunda à quarta adubação de cobertura na relação N:K de 1:1.

Por fim, a partir da quinta aplicação deve-se triplicar o fornecimento de potássio em relação ao nitrogênio.

A relação entre o potássio e o nitrogênio é usada como parâmetro, pois, a partir do início da frutificação do tomate, essa relação se altera drasticamente.

Visando a maximização da produtividade, da qualidade dos frutos e maior resistência aos estresses, os pesquisadores Adams e Massey, por exemplo, sugerem manter uma relação N:K de 1:1,2 no estádio vegetativo e 1:2,5 no estádio reprodutivo, o que se aproxima das recomendações da Embrapa.

Mas, existe algo a mais para se preocupar para alcançar uma adubação potássica adequada para o tomate?

A fonte e as doses de potássio podem causar um grande impacto no tomateiro

A fonte de potássio também pode ter um grande impacto no tomateiro, dependendo de fatores como as características, quantidade utilizada, frequência de aplicação do fertilizante potássico e sensibilidade da cultivar utilizada.

Isso porque existem fertilizantes potássicos que podem reduzir a produtividade e qualidade das culturas, por apresentarem com alto índice salino e teores de cloro.

O Cloreto de Potássio (KCl), por exemplo tem um efeito biocida e ainda pode contribuir negativamente com a promoção da salinização, acidificação e a compactação do solo.

 

Além disso, o excesso de potássio no solo, que pode ser induzido por fertilizantes de elevada solubilidade, pode causar um desequilíbrio nutricional na planta e induzir deficiências de cálcio e magnésio, reduzindo o crescimento da cultura.

Por isso, é importante que o agricultor conheça a fundo sobre as características da fonte de potássio escolhida e seus impactos na lavoura.

Valorizar o potencial que os fertilizantes de liberação gradual de potássio trazem para alcançar para adubação potássica adequada do tomate, por exemplo, é uma ação chave que pode otimizar o manejo e resultar na melhoria da produtividade e rentabilidade da cultura!

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