Entenda qual é a dose ideal de potássio para as plantas

Entenda qual é a dose ideal de potássio para as plantas

Calcular e aplicar a dose ideal de potássio não é uma tarefa fácil e exige um maior conhecimento acerca de todos os elementos dos sistemas de produção que influenciam nos cálculos de adubação. Isso se torna mais complexo ainda no caso de fertilizantes aplicados como mistura ou formulados, como é o caso de 90% dos fertilizantes usados no Brasil, de acordo com a Embrapa. Entenda qual é a dose ideal de potássio nas plantas e como tornar o manejo e aplicação de fertilizantes mais efetivo!

A avaliação dos teores de potássio do solo para os cálculos de adubação

O potássio (K) é um nutriente muito dinâmico no solo, que transita constantemente entre diferentes formas não-disponíveis e disponíveis para as plantas. Por isso, o primeiro aspecto a ser levado em consideração para calcular a dose ideal de potássio é a avaliação do real estado de fertilidade do solo.

As formas não disponíveis de potássio representam a reserva potencial do solo e são encontradas constituindo estrutura química dos minerais, fixadas nas partículas do solo ou até mesmo imobilizadas na matéria orgânica.

Já as formas disponíveis de potássio representam, como o próprio nome sugere, os nutrientes disponíveis para as plantas. Elas estão presentes principalmente na solução do solo, no seu complexo de troca e na fração mineralizável da matéria orgânica.

Para avaliar corretamente essas diferentes formas que o potássio pode assumir no solo e evitar grandes distorções na avaliação da fertilidade do solo, é muito importante realizar uma amostragem representativa de solo, que deve ser avaliada com os métodos de análises de potássio no solo que mais se adequem ao sistema de produção.Plano de amostragem por caminhamento em ziguezague de uma gleba, com diferentes declives e usos de solo. (Fonte: Comissão De Fertilidade Do Solo- RS/SC, 1995).

Plano de amostragem por caminhamento em ziguezague de uma gleba, com diferentes declives e usos de solo. (Fonte: Comissão De Fertilidade Do Solo- RS/SC, 1995).

Com a realização de análises de solo representativas e assertivas, que podem ser complementadas com os resultados das análises foliares, o agricultor deve buscar elevar o teor de potássio no solo de forma a obter o máximo rendimento das culturas e associado ao máximo retorno econômico.

Esses dois aspectos são encontrados num ponto denominado “teor crítico”, que é definido pela Lei de Mitscherlich, também conhecida por Lei dos Incrementos Decrescentes de Produção.

Esse valor corresponde ao ponto em que o teor de um nutriente no solo atinge 90% da produção relativa da cultura, uma vez que a lei sugere que a resposta da produção relativa das culturas é cada vez menor em relação ao aumento do teor dos nutrientes no solo.

Para manejar os teores de potássio tendo por referência o “nível crítico”, Guilherme Lopes, Doutor em Ciência do Solo, explica que a Lei dos Incrementos Decrescentes de Produção define três diferentes fases do manejo da fertilidade do solo:

“Quando os teores de nutrientes estão abaixo do nível crítico, estamos na fase de construção da fertilidade do solo. Quando ele ultrapassa o teor do nível crítico, a literatura traz que essas áreas já tem uma fertilidade construída. Assim, o manejo da adubação é voltado para a construção, manutenção e reposição, que são baseadas na extração e na exportação de nutrientes.”

Mas, como estimar as doses ideais de potássio para aplicar nas fases de construção, manutenção e reposição de potássio no solo?

O que levar em consideração para estimar a demanda de potássio da lavoura

Como o próprio Dr. Guilherme Lopes aponta, o cálculo das doses de potássio não envolve apenas as análises e interpretação das análises de solo e foliares, e sim diversos outros fatores, como:

  • Os possíveis registros de ocorrência de sintomas de desequilíbrio nutricional;
  • A relação entre a produtividade e exportação de nutrientes pelas culturas;
  • Manejo da fertilidade de outros nutrientes no solo;
  • Histórico de uso da terra;
  • Sistema de produção.
Exemplos da relação entre a produtividade e a taxa de extração e exportação de potássio por diferentes culturas. (Fonte: Nutrifatos, n.3)

Exemplos da relação entre a produtividade e a taxa de extração e exportação de potássio por diferentes culturas. (Fonte: Nutrifatos, n.3)

As principais referências que condensam os critérios de interpretação dessas informações são as tabelas oficiais sobre pesquisa em adubação de cada estado, como o livro 5ª aproximação: recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais.

O uso de referências estaduais é importante porque os rendimentos das diversas culturas são afetados por características regionais, que vão desde as propriedades dos solos ao nível tecnológico usado pelos agricultores.

Porém, o uso desses materiais também requer cautela, principalmente na utilização dos valores das tabelas de referências para escolha e aplicação da fonte potássio.

Isso porque os valores apresentados tem por base as análises rotineiras de laboratório que, geralmente, consideram apenas o potássio prontamente disponível para as plantas.

Na falta de tabelas oficiais, Maria José da Silva Luz e outros pesquisadores da Embrapa sugerem, na Circular Técnica 63, que as interpretações e recomendações de corretivos e adubações podem ser realizadas considerando:

  • O conhecimento teórico acumulado no estudo da fertilidade do solo e os requerimentos da planta;
  • A extrapolação de dados de pesquisas feitas em regiões com as mesmas características de solo e clima;
  • A experiência do profissional especializado, que trabalha na região.

Com todos esses dados em mãos, o agricultor será capaz de definir a demanda de potássio para sua lavoura e, enfim, definir a dosagem do fertilizante potássico a ser aplicado.

O cálculo da dosagem ideal dos fertilizantes potássicos

Para calcular a dose ideal dos fertilizantes potássicos a ser aplicada, é preciso levar em consideração as características da fonte de potássio escolhida, como o teor de potássio da fonte e a presença de outros nutrientes em sua composição.

Além disso, deve-se levar em consideração também a velocidade que o nutriente é liberado para o solo, se será liberado de forma gradual, controlada ou imediata. Isso em razão de a velocidade de liberação determinar se há a necessidade de parcelamento ou se toda a dose recomendada para a cultura pode ser aplicada de uma única vez.

Os fertilizantes de liberação progressiva, por exemplo, têm uma taxa de liberação de nutrientes mais lenta que as fontes convencionais, permitindo uma aplicação única na lavoura. E como os nutrientes são liberados de forma gradativa, as plantas conseguem ter um melhor aproveitamento deles durante o seu ciclo produtivo, reduzindo assim, as perdas por lixiviação.

Já fontes de liberação mais rápida, como o Cloreto de Potássio (KCl) tem um cálculo mais direto. O KCl tem, em média, 53% de potássio (K2O) e 47% de cloro em sua composição.

Isso significa que a cada 100 kg de Cloreto de Potássio, são aplicados 53 kg de potássio e 47 kg de cloro, sendo este último elemento muito indesejado em grandes concentrações na lavoura. Ou seja, se um talhão tiver um requerimento de 100 kg de potássio, será necessário aplicar quase o dobro de KCl para atender a demanda nutricional das plantas.

 

Conhecer a fundo o agroecossistema e as fontes de potássio é a chave

Com isso, se torna imprescindível o agricultor conheça a fundo sobre os diferentes fertilizantes potássicos e o seu próprio agroecossistema para calcular a dose ideal de potássio nas plantas.

Assim, a adubação potássica será otimizada, fazendo com que o aproveitamento do nutriente pelas plantas seja mais eficiente e se traduz em melhores resultados na lavoura!

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