Com estimativas prevendo um salto de quase 1,2 bilhões de pessoas na população mundial até 2050 e com cerca de um terço do mundo já tendo alcançado o patamar mais alto de produção das principais culturas, fica a questão: como produzir alimentos para toda essa população? A resposta pode estar embaixo dos nossos pés: na preservação dos microrganismos do solo.
A Nova Revolução Verde e os microrganismos
“Em termos absolutos, o déficit projetado em lavouras de grãos básicos em 2050 é imenso – 394 milhões de toneladas a menos somente de arroz – e o caminho para rendimentos maiores é incerto”.
A Revolução Verde é um conceito que foi criado por Willian Gown em 1966, usado para se referir a um conjunto de técnicas e tecnologias agrícolas que surgiram a partir do ano de 1930. Elas visavam o melhor aproveitamento dos solos a fim de aumentar a produtividade das culturas e assim atender à crescente demanda mundial por alimentos.
Na década de 30, o alto índice de tecnologias, pesquisas e estudos no campo se iniciaram com o agrônomo estadunidense Norman Boularg, que ganhou um prêmio Nobel da Paz pelo desenvolvimento de plantações de alta produtividade e diversas inovações agrícolas.
Entre os anos 1950 e 1984, a produção alimentar praticamente dobrou e a disponibilidade de alimento por habitante aumentou em 40%. (Fonte: Nikolay Marinov – Unsplash)
Porém, o geógrafo Vitor Pereira de Souza aponta no artigo O pensamento agrário acerca da problemática socioambiental que o ritmo de crescimento da produtividade agrícola mundial vem decaindo e estão relacionados diretamente à viabilidade energética e aos impactos ambientais, como:
- Erosão e a perda da fertilidade dos solos;
- Destruição florestal;
- Redução do patrimônio genético e da biodiversidade;
- Contaminação dos solos, da água, dos animais silvestres, do homem e dos alimentos;
Pesquisadores e agricultores preocupados com a situação, entretanto, já estão de olho em uma solução que pode ajudar a fazer com que a Nova Revolução Verde aconteça: os microrganismos.
As novas pesquisas, o desenvolvimento de novas técnicas e processos que aproveitem o potencial benéfico da coexistência entre plantas e os microrganismos são a chave para esses novos desafios da agricultura do século XXI.
O potencial dos microrganismos benéficos do solo na Nova Revolução Verde
Para que uma Nova Revolução Verde aconteça é preciso reduzir os impactos ambientais e uma das táticas para isso é aumentar o uso dos microrganismos benéficos para a saúde do solo e das plantas.
Já existem técnicas que usam microrganismos para melhorar a fixação de nitrogênio no solo, que impacta diretamente na redução da utilização fertilizantes nitrogenados e nas perdas econômicas e ambientais geradas pela lixiviação e volatilização de nutrientes de fontes convencionais de adubação.
Outras pesquisas também estão sendo desenvolvidas, como o caso do professor e diretor do Departamento de Solos e Ciência de Lavouras da Universidade Estadual do Colorado, Matthew Wallenstein. Ele desenvolveu uma técnica que usa microrganismos para disponibilizar fósforo para as plantas.
No artigo From Flask to Field: How Tiny Microbes are Revolutionizing Big Agriculture, o professor apontou uma combinação de quatro bactérias que tornam o fósforo disponível para as plantas, através da quebra das ligações entre o fósforo e das partículas do solo. Os resultados demonstraram maior crescimento vegetal e plantas mais saudáveis devido ao importante papel do fósforo no metabolismo da planta.
Estudos comparativos realizados pela Embrapa Cerrados, demonstram o impacto do fósforo no crescimento e desenvolvimento do milho. (Fonte: SOUSA, D. M. G – Embrapa Cerrados)
Mas não somente o fósforo pode ser disponibilizado para as plantas através dos microrganismos. Bactérias e fungos presentes no solo, através de processos bioquímicos, também conseguem disponibilizar outro nutriente importante para o crescimento das plantas: o potássio.
No artigo Potassium Solubilizing Microbes: Diversity, Ecological Significances and Biotechnological Applications, Dheeraj Pandey e outros pesquisadores da Universidade de Alahabad, escrevem sobre como os microrganismos, incluindo as micorrizas arbusculares, que também ajudam a combater as mudanças climáticas, são importantes para disponibilizar potássio:
“A aplicação de agentes biológicos como bactérias, fungos e micorrizas arbusculares podem oferecer uma fonte mais rápida e inesgotável de potássio para a absorção das plantas. Então, é preciso que se façam experimentos incluindo diferentes tipos de solo e inoculantes microbianos para encontrar a melhor combinação e torná-los disponíveis para os agricultores”.
O uso dos microrganismos também pode ser feito para aumentar características que vão favorecer a produtividade e qualidade das lavouras ou ainda aumentar a resistências das plantas as mudanças climáticas.
Também foi verificado que com o uso de cepas nativas de algumas bactérias resistentes a condições de estresse hídrico, os pesquisadores Adriana Marulanda, José-Miguel Barea e Rosário Azcon observaram que plantas que cresceram no solo com a presença dessas bactérias se tornassem mais resistentes a essas condições desfavoráveis.
Os resultados dessa pesquisa foram demonstrados no artigo Stimulation of Plant Growth and Drought Tolerance by Native Microorganisms (AM Fungi and Bacteria) from Dry Environments: Mechanisms Related to Bacterial Effectiveness.
Além disso, o pesquisador Kevin Panke-Buisse e outros pesquisadores da Cornell University, no artigo Selection on soil microbiomes reveals reproducible impacts on plant function, demonstraram que com o uso de comunidades de microrganismos, foi possível alterar traços de desenvolvimento de algumas espécies de flores, incluindo o seu tempo de florescimento.
Já a Doutora em Microbiologia Aplicada e professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Márcia Maria Rosa Magri, explica como os microrganismos contribuem para a melhor absorção dos nutrientes pela planta por meio de um processo chamado ciclagem. Isso, além de melhorar a fertilidade do solo, contribui para a fixação do carbono no solo, reduzindo os impactos das mudanças climáticas:
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Dessa forma, com cada vez mais pesquisas indicando que os microrganismos podem fazer bem ao solo e às lavouras, é preciso pensar também na utilização de insumos que preservem a microbiota do solo.
A escolha dos insumos agrícolas pode impactar no avanço da Nova Revolução Verde
Se os microrganismos estão se tornando protagonistas no avanço da Nova Revolução Verde, também se torna importante a escolha de insumos agrícolas que promovam o desenvolvimento dessas comunidades benéficas para o crescimento e produtividade das culturas.
E para isso, é essencial a redução e substituição de insumos convencionais que possam trazer prejuízos para a microbiota do solo, como o Cloreto de Potássio (KCl).
Além de gerar problemas para o solo, como a compactação, salinização e acidificação, esse fertilizante pode ocasionar prejuízos imensuráveis para os microrganismos, devido a presença de altas concentrações de cloro e um elevado índice salino.
Dessa forma, a Nova Revolução Verde depende não somente da manutenção e inoculação de microrganismos benéficos no solo, mas como também da utilização de fertilizantes com novas tecnologias que promovam o desenvolvimento dessas comunidades, como o BAKS®.
O BAKS® é um dos fertilizantes multinutrientes da Verde que apresenta um baixo índice salino. Além disso, ele também fornece diversos benefícios ao solo que indiretamente favorecem essas comunidades, por meio de suas matérias-primas principais: o Siltito Glauconítico, a ulexita e o enxofre elementar micronizado.
Assim, os agricultores podem cultivar plantas mais saudáveis e produtivas ao utilizar os microrganismos benéficos e insumos agrícolas sustentáveis, fomentando a Nova Revolução Verde.