A liberação imediata de nutrientes dos fertilizantes no solo é, a princípio, uma característica positiva. Entretanto, isso aumenta a necessidade de reaplicação e dificulta a manutenção dos níveis nutricionais do solo, bem como intensifica o fenômeno da lixiviação. Os fertilizantes com efeito residual são uma solução para essas limitações. Entenda mais sobre como essa nova tecnologia tem sido a chave para redução de custos e melhoria da qualidade do solo na agricultura.
O que é o efeito residual dos nutrientes?
O desenvolvimento da agricultura industrial moderna implementou os sistemas de cultivo sucessivos, que têm levado ao esgotamento de reservas naturais de nutrientes do solo. Para contornar essa limitação e suprir as demandas nutricionais das plantas, adotou-se o uso dos fertilizantes.
Porém ainda restou um problema: grande parte dos insumos convencionais utilizados liberam toda a carga de nutrientes de uma só vez no solo e precisam ser reaplicados a cada novo ciclo de cultivo.
A solução veio então com a nova geração de fertilizantes que possuem um efeito residual dos nutrientes e são capazes de garantir um suprimento adequado das demandas nutricionais da planta durante todo o seu ciclo produtivo. Mas o que é exatamente esse efeito residual?
O efeito residual de nutrientes se caracteriza pela liberação gradual dos nutrientes para o solo e prolongação de todos os benefícios que o fertilizante possa proporcionar a longo prazo. Essa tecnologia surgiu com o objetivo de disponibilizar e ajustar os nutrientes às necessidades das plantas e ainda reduzir as perdas no sistema solo-planta-atmosfera.
Na cultura do milho, o acúmulo de matéria seca, nitrogênio, fósforo e potássio é progressivo durante todo o seu ciclo vegetativo. (Fonte: modificado de Karlen et al. – 1987)
As principais perdas que permeiam a agricultura moderna tem sido os processos de volatilização e lixiviação de nutrientes. A volatilização acontece principalmente com as fontes nitrogenadas, nas quais os microrganismos quebram as moléculas dos fertilizantes e liberam os nutrientes em formas voláteis, como a amônia (NH3).
Já as perdas por lixiviação estão presentes em grande parte das fontes convencionais de adubação, potencializadas principalmente pelos insumos de liberação imediata dos nutrientes.
Como a planta não tem a capacidade de absorver todos os elementos que ficam disponíveis em elevadas concentrações no momento de aplicação dos fertilizantes, eles ficam livres na solução do solo.
Os nutrientes então passam a ser transportados para as camadas mais profundas do solo por meio da água que se infiltra nele. E a lixiviação pode ser ainda mais potencializada dependendo da textura do solo, do tipo de nutriente e ainda das suas condições físicas e químicas, como a Capacidade de Troca Catiônica (CTC).
Naturalmente os solos arenosos apresentam uma capacidade reduzida para reter nutrientes, devido à baixa concentração de argilas e matéria orgânica que são responsáveis por garantir uma alta CTC no solo. (Fonte: ROSA, R. – Embrapa Amazônia oriental)
Por outro lado, o processo de lixiviação e o uso indiscriminado de fertilizantes são dois dos responsáveis por causar a contaminação e eutrofização de corpos d’água. A eutrofização é um fenômeno ambiental caracterizado pelo descontrole da multiplicação de algas causada pelo excesso de fósforo e nitrogênio liberados na água.
A diferença entre os fertilizantes de liberação lenta e controlada
Os fertilizantes de liberação lenta e controlada apesar de apresentarem um efeito residual dos nutrientes similar, se diferem pela duração da liberação do nutriente, ou seja, a taxa de liberação da quantidade do nutriente pelo tempo.
Quando se conhece essa taxa, o fertilizante é denominado de liberação controlada e quando é desconhecida, eles são denominados de liberação lenta. O desconhecimento desses parâmetros acontece principalmente devido a liberação do nutriente ser influenciada pelo solo e por condições climáticas.
Apesar do padrão e período de liberação não serem bem definidos e controlados, eles são capazes de retardar a disponibilidade de absorção e uso do nutriente pelas plantas, ou ainda estender a disponibilidade dos elementos à planta por mais tempo do que os fertilizantes convencionais.
Para que um fertilizante seja considerado de liberação lenta, ele precisa atender três critérios na temperatura de 25ºC estabelecidos pelo Comitê Europeu de Normalização:
- Não mais que 15% liberado em 24 horas;
- Não mais que 75% liberado em 28 dias;
- No mínimo 75% de liberação no prazo fixado pelo fabricante.
Comercialmente, os produtos nitrogenados e microbiologicamente degradáveis são referidos como fertilizantes de liberação lenta, enquanto os insumos revestidos ou encapsulados são designados fertilizantes de liberação controlada.
O revestimento ou encapsulamento dos fertilizantes é feito com materiais orgânicos ou inorgânicos que tenham a capacidade de controlar a liberação do nutriente. (Fonte: SILVA, S. T. F. – 2019)
A liberação total pode variar de alguns meses até dois anos e é influenciada, juntamente com a intensidade de liberação do elemento, por fatores como a espessura da resina, presença de microfissuras em sua superfície e o tamanho do grânulo.
As vantagens dos fertilizantes com efeito residual dos nutrientes
Os fertilizantes com efeito residual dos nutrientes apresentam diversas vantagens, que se relacionam diretamente com a disponibilização gradual dos nutrientes ao longo do ciclo da cultura.
No viés ambiental, ao se optar por um fertilizante com efeito residual de nutrientes se torna possível reduzir os impactos causados pela lixiviação e volatilização dos elementos quando comparado com as fontes convencionais de adubação.
Buscando atingir os benefícios do efeito residual dos nutrientes e ainda suprir as demandas momentâneas das plantas, o BAKS®, um fertilizante multinutriente da Verde, é uma das alternativas disponíveis do mercado.
Algumas formulações do BAKS® contam com duas fontes de potássio: uma de liberação imediata e outra de liberação gradual, além de outros nutrientes como:
- Enxofre;
- Boro;
- Silício
- Manganês.
O segredo do BAKS® está nas matérias-primas
O efeito residual presente no BAKS® tem sua origem na sua matéria-prima principal, o Siltito Glauconítico, que também é matéria-prima para outros fertilizantes da Verde: o K Forte®, o K Forte Boro e o Silício Forte.
O Siltito Glauconítico é uma rocha sedimentar rico no mineral glauconita, que além de aumentar a retenção de água e nutrientes no solo, tem como uma de suas propriedades a liberação gradual destes nutrientes, garantindo seu efeito residual.
O pesquisador Maxim Rudmin, PhD pela Tomsk Polytechnic University, na Rússia, juntamente com outros pesquisadores, investigou o uso da glauconita na agricultura no artigo An investigation of plant growth by the addition of glauconitic fertilizer.
Eles concluíram que a glauconita proporciona um efeito positivo nos rendimentos durante as próximas duas ou três estações. Além disso, o BAKS® pode ter como matéria-prima outras fontes com propriedades igualmente benéficas, como a ulexita e o enxofre elementar micronizado.
Assim o agricultor pode contar com um fertilizante com efeito residual de nutrientes capaz de gerar economia para o seu empreendimento, garantir uma maior sustentabilidade no seu sistema de cultivo e ainda poder contar com uma combinação de vários elementos em um só produto.