Qual A Importância Da Análise De Solo No Manejo De Potássio? - Qual A Importancia Da Analise De Solo No Manejo De Potassio

Qual a importância da análise de solo no manejo de potássio?

O potássio é um dos nutrientes mais requeridos pelas plantas. Isso por si só já faz com que o seu manejo seja essencial para o sucesso da atividade agrícola. Em casos como o do Brasil, cuja maioria dos solos tem baixa disponibilidade desse nutriente, o manejo de potássio adequado é ainda mais relevante para obter altas produtividades e mais qualidade na lavoura. Entenda qual a importância da análise de solo no manejo de potássio! 

A necessidade do manejo de potássio no solo e sua relação com a análise de solo

Parte do chamado grupo dos macronutrientes primários, juntamente com o nitrogênio e o fósforo, o potássio geralmente é o segundo nutriente mais requerido pelas culturas agrícolas.

Essa alta exigência de potássio pelas plantas se deve às diversas funções essenciais que ele exerce no crescimento e desenvolvimento vegetal, entre as quais pode-se destacar:

  • A ativação enzimática;
  • A síntese proteica;
  • A fotossíntese;
  • O transporte de fotoassimilados no floema;
  • O crescimento celular;
  • A melhoria da qualidade de flores e frutos;
  • A regulação do potencial hídrico das células;
  • A amenização de estresses bióticos e abióticos.

Portanto, realizar um bom manejo de potássio na lavoura é muito importante para que o agricultor não só alcance maior produtividade, mas também tenha mais qualidade nos alimentos produzidos.

Isso se faz ainda mais relevante no contexto brasileiro, já que a maioria dos solos do país apresentam uma baixa disponibilidade de potássio. É o que afirma o documento Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Nesse âmbito, a análise de solo é fundamental para que o agricultor consiga realizar esse bom manejo. Isso porque é através dela que se consegue ter um conhecimento amplo tanto das características físico-químicas do solo quanto do estado de fertilidade dele.

A partir dessas informações, é possível então fazer um planejamento do manejo de maneira mais assertiva e eficaz. Entretanto, para que a análise de solo seja feita da melhor maneira possível, é preciso que o agricultor observe alguns pontos importantes.

A necessidade do uso de métodos corretos para fazer a análise de solo

O primeiro ponto que deve receber atenção na hora de fazer a análise do solo para preparar o manejo do potássio é utilizar os métodos corretos.

Isso porque, para que os resultados obtidos possam ser levados em consideração, é preciso que os métodos de análise sejam “calibrados”. O que significa que é preciso que eles sejam padronizados e relacionados com o teor de potássio (K) na planta, em uma simulação de absorção.

É o pesquisador Victor Hugo Alvarez Venegas explica no capítulo Correlação e calibração de métodos de análise de solo, do livro O solo nos grandes domínios morfoclimáticos do Brasil e o desenvolvimento sustentado:

“O K disponível do solo pode ser definido como o teor de K extraído do solo por um extrator, que se correlaciona estreitamente com a quantidade de K acumulada na planta ou com a produção de matéria seca dessa planta.”

Essa correlação é importante já que o objetivo da análise de solo é fazer uma espécie de simulação da quantidade que a planta vai absorver.

Considerando a dinâmica do potássio no solo, pode-se dividir a sua presença em um determinado solo em diferentes “reservatórios”. Esses reservatórios são depósitos de potássio com determinadas características físico-químicas que fazem com que a velocidade que eles ficam disponíveis para as plantas sejam diferentes.

É justamente aí que está uma das limitações dos métodos mais utilizados nos laboratórios de análise de solo: os extratores empregados nas análises mais rotineiras medem apenas o potássio que está nos reservatórios de disponibilidade mais rápida, que são o potássio na solução do solo e o potássio na fração trocável.

Todavia, já existem estudos que mostram que as plantas têm capacidade de absorver o potássio dos outros reservatórios.

É o caso por exemplo, do trabalho feito por Michael J. Bell e outros pesquisadores no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops:

“No entanto, quando o K adequado precisa ser fornecido ao longo de períodos de tempo mais longos (como ocorre com a remoção repetida de biomassa no cultivo de forragem, ou perenes, ou culturas de alta demanda de K de biomassa, como a cana-de-açúcar), há muitos solos a partir dos quais as plantas são capazes de extrair mais do que o reservatório de K inicialmente trocável.”

Em uma metáfora, é como se os reservatórios de potássio do solo fossem caixas d’água contendo o nutriente: à medida que o nutriente dos reservatórios de disponibilidade mais rápida vai se esgotando, os outros reservatórios vão “repondo” o que é retirado pelas plantas.

Por isso, no seu estudo, Michael J. Bell e seus colegas reforçam que é preciso avaliar qual é o método de análise de solo mais adequado para cada situação, uma vez que existem diversos tipos de extratores que conseguem fornecer visões mais completas do real estado de fertilidade do solo.

Ampliar a visão da dinâmica do potássio no solo ajuda a ter um manejo mais eficaz 

Segundo Michael J. Bell e seus colegas, ainda no livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops, existem 19 métodos para avaliar a disponibilidade de potássio no solo, cada um com suas particularidades.

Aqui, é importante ressaltar que, quando se fala em análise de solo, não existe um método certo ou errado. Existem metodologias que se adequam para cada cenário.

Todavia, quando o agricultor utiliza somente os resultados provenientes das análises mais convencionais, elas podem levar à condução ineficiente do manejo da fertilidade do solo, segundo apontam os Michael J. Bell e seus colegas pesquisadores:

“Os testes de K-trocável do solo nem sempre estão altamente correlacionados com a resposta da planta. Em alguns solos, os valores de potássio da análise do solo podem sugerir a necessidade de fertilizantes potássicos, mas quando não é aplicado, a cultura ainda é capaz de remover potássio suficiente do solo para produzir um rendimento respeitável (mas possivelmente abaixo do ideal).”

Isso significa que, para que se conquiste uma agricultura de alta performance é preciso ir além desses métodos de análise de solo convencionais, utilizando diferentes extratores desenvolvidos e para conhecer o estado real do conteúdo de potássio solo.

Ir além do uso dos métodos convencionais de análise de solo é importante para o bom manejo do potássio

Assim, há uma ampliação da visão dinâmica do potássio no solo, como Bell e seus colegas propõem em seu trabalho.

Uma Visão Ampliada Do Ciclo Do Potássio

Uma visão mais ampliada do dinâmica do potássio no solo (Fonte: Bell et al., 2021)

Tal ampliação possibilita aproveitar melhor o potencial de fontes de potássio que trazem benefícios para o manejo, como as fontes de liberação gradual.

Essas fontes, diferentemente das fontes convencionais, são menos sujeitas à lixiviação. Isso reduz as perdas de nutrientes e torna o manejo mais efetivo. Além disso, elas têm um efeito residual duradouro, o que ajuda a construir e manter a fertilidade do solo.

Dessa maneira, utilizar os métodos de análise de solo adequados ajuda o agricultor a ter um leque de opções mais completo na hora de fazer o planejamento do seu manejo e alcançar mais produtividade na lavoura!

O uso de métodos corretos de análise de solo possibilita que o agricultor otimize o manejo de potássio e alcance melhores resultados

Em resumo, a análise de solo é parte fundamental do planejamento do manejo agrícola, uma vez que essa técnica fornece ao agricultor informações indispensáveis para pensar qual a maneira mais eficaz de fornecer os nutrientes necessários para a lavoura.

No caso do potássio, é preciso que se esteja atento aos métodos de análise mais adequados, uma vez que existem diferentes extratores que são mais adequados para cada tipo de situação e que podem ampliar a visão da dinâmica do potássio no solo.

Isso por sua vez faz com que o agricultor possa otimizar a adubação, utilizando, por exemplo fontes de liberação gradual de potássio de forma mais eficaz.

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