Como os fertilizantes clorados impedem o produtor de utilizar o potencial benéfico dos microrganismos do solo na agricultura? Entenda os principais impactos negativos do cloro no solo e como evitá-los!
Como equilibrar a necessidade de produzir alimentos em larga escala com a demanda por alimentos produzidos de forma mais saudável, como os produzidos pela agricultura orgânica? Essas são perguntas relevantes no cenário da produção agrícola atual.
Para discutir sobre essas questões, a Dra. Michele Megda, doutora e especialista em Solos e Nutrição de Plantas participou do “Encontro com Gigantes – Consequências da Utilização do Cloreto de Potássio no Sistema Solo-Planta”.
O evento foi promovido pela Verde, empresa que produz os fertilizantes Silício Forte® e K Forte® , no dia 03 de junho de 2020.
Você pode conferir a conversa, mediada por Bernardo Costa, na íntegra pelo link:
O potássio, juntamente com o fósforo, são os nutrientes mais consumidos pelo Brasil quando se fala em nutrição agrícola
Nos últimos 10 anos, o consumo de potássio na agricultura brasileira dobrou, passando de aproximadamente 3 milhões de toneladas/ano para quase 6 milhões de toneladas/ano. E a maior parte desse potássio é utilizada sob a forma de Cloreto de Potássio (KCl).
O KCl contém uma grande quantidade de potássio, cerca de 60%, mas também tem uma grande quantidade de cloro e um alto teor salino, de cerca de 116%.
A Dra. Michele Megda, especialista em Solos e Nutrição de Plantas, explica que, o cloro é essencial para o desenvolvimento biológico das plantas, mas ressalta que apenas em níveis adequados e que normalmente o solo já tem quantidades suficientes desse elemento.
Michele afirma que o excesso de cloro presente em fertilizantes clorados, como é o caso do KCl e o Cloreto de Amônio (NH4Cl), é que no solo existe a dissociação dos elementos que compõem esses fertilizantes e o acúmulo de cloro no solo e nas plantas.
“Normalmente o cloro é muito móvel na planta e a toxidez do excesso vai se manifestar. Os sintomas se iniciam nas folhas velhas, agravando-se nas folhas novas, comprometendo todo o aparato fotossintético da planta”, diz Michele Megda.
Outro problema associado ao excesso de cloro do Cloreto de Potássio é o alto estresse salino provocado por ele no solo e nas plantas, que causa muitos distúrbios fisiológicos. Esse estresse salino desequilibra as taxas de umidade no solo e nas plantas, fazendo com que as plantas e os microrganismos do solo percam água. No caso dos microrganismos do solo isso tem um alto potencial biocida.
“Quem sofre num primeiro momento com o excesso de cloreto é a biomassa microbiana do solo”, diz a Dra. Michele, citando uma de suas pesquisas com o KCl na cultura de banana. Nesse trabalho, ela pesquisou os efeitos de outras fontes de potássio no solo e nas plantas também, e o KCl foi que teve mais impactos, tanto no solo quanto nas plantas.
Esse efeito maléfico do excesso de cloro nos microrganismos é um grande problema para o que a Dra. Michele Megda considera uma conciliação entre a agricultura convencional, responsável por 40% da produção de alimentos do mundo, e a agricultura orgânica, vista como mais saudável, mas com um potencial produtivo de 20% a 25% menor.
“Não faz sentido nenhum a gente investir em uma tecnologia (os biológicos) e aplicar algo que é considerado biocida, que vai aumentar a salinidade do solo, causando distúrbios fisiológicos como a morte das células da massa microbiana”, enfatiza a Dra. Michele.
O potencial benéfico dos microrganismos para a agricultura é muito grande. A Dra. Michele destaca, por exemplo, o crescimento dos sistemas de plantio direto com rotação de culturas, que trouxe um aumento na produtividade brasileira, mas que gera impactos como a acidificação e a redução de oxigênio no solo. O uso de microrganismos seria uma saída para esses problemas.
O papel dos microrganismos na manutenção da qualidade do solo e nas boas práticas da agricultura já era conhecido desde 1890, mas hoje temos mais tecnologias e recursos para entender melhor como isso acontece.
Os microrganismos, têm um papel importante na intemperização do solo, através do seu processo de respiração. Esse processo libera substâncias que disponibilizam nutrientes que antes estavam insolúveis no solo
No entanto, ela também ressalta que: “Não é tão simples trabalhar com a microbiologia do solo, isso aliado a fatores como poucos valores norteadores e sistemas diversos, e o fato de que só 0,1 a 10% dos organismos do solo são conhecidos e o alto custo, às vezes torna a agricultura biológica cara”.
Por isso, além dos investimentos em pesquisas com os microrganismos e a microbiologia do solo, é preciso investir em manejos mais adequados do solo, que preservem esse importante ecossistema. Isso inclui o uso de fontes potássicas não agressivas aos microrganismos, como o K Forte®, produzido pela Verde.
“O fato é que sem dúvida o Brasil tem potencial de vencer esse desafio de alimentar grande parte da população mundial. A gente tem áreas agriculturáveis, tem climas pra isso. Mas a gente precisa fazer isso da forma adequada, porque embora o solo seja um recurso renovável, muitas vezes ele é utilizado de maneiras que o degradam de maneiras que o inutilizam. Por isso é preciso ter mais cuidados com as práticas utilizadas no manejo do solo”, conclui a Dra. Michele Megda.
Michele Xavier Vieira Megda possui mestrado e doutorado em Solos e Nutrição de Plantas pela ESALQ/USP e Pós-doutorado pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura/USP. Atualmente é docente da Universidade Estadual de Montes Claros atuando em temas relacionados ao ciclo biogeoquímico do nitrogênio e potássio e seus impactos no sistema solo-planta.
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