Como reduzir as perdas de nitrogênio do solo

Como reduzir as perdas de nitrogênio do solo?

O nitrogênio faz parte do grupo dos macronutrientes primários (nitrogênio, fósforo, potássio) , sendo um dos mais importante para as plantas e com maior facilidade para sofrer perdas durante o manejo do nutriente no solo. Entenda sobre os processos que levam as perdas de nitrogênio no solo e quais as alternativas para atenuar os efeitos desses processos.

A interação do nitrogênio com o solo

O nitrogênio é o macronutriente mais demando pelas plantas, desempenhando um papel essencial no crescimento e desenvolvimento vegetal. Ele está associado a diversos processos fisiológicos e estruturais, atuando diretamente:

  • Na fotossíntese, por ser parte constituinte das clorofilas e ser responsável pela coloração verde da planta;
  • No desenvolvimento pleno do sistema radicular;
  • Nas funções enzimáticas e ser componente de diversas proteínas.

Diferentemente de grande parte dos demais nutrientes, ele pode ser absorvido tanto na forma de cátion (NH4+) como de ânion (NO3). O nitrogênio se encontra presente no solo na forma orgânica, como também na forma de minerais de amônio, nitrato e nitrito.

Como cerca de 98% do nitrogênio disponível no solo está na forma orgânica, os microrganismos apresentam um papel essencial para disponibilizar o nutriente para a planta através do processo de mineralização.

A mineralização é um processo de transformação biológica que permite que os nutrientes passem da sua forma orgânica para inorgânica, aquela absorvida pelas plantas. Por se tratar de um processo biológico, a quantidade de nitrogênio mineralizada acaba dependendo de alguns fatores:

  • Quantidade e natureza dos resíduos vegetais;
  • Temperatura;
  • Disponibilidade de água;
  • Oxigênio;
  • pH;

Situações de baixa disponibilidade de nitrogênio no solo, verificadas por meio da análise do solo e foliar, comprometem a produtividade e qualidade da cultura e ainda podem levar ao aparecimento de alguns sintomas visuais como amarelecimento de folhas mais velhas e redução de crescimento.

 

Em dois talhões de trigo foram aplicados diferentes teores de nitrogênio, a esquerda com 40Kg/ha e a direita 80 Kg/ha. É possível perceber ao comparar visualmente ambos os talhões, a influência do nutriente no maior desenvolvimento da planta e dos grãos e tonalidade verde mais escura. (Fonte: Embrapa Trigo)

Em dois talhões de trigo foram aplicados diferentes teores de nitrogênio, a esquerda com 40Kg/ha e a direita 80 Kg/ha. É possível perceber ao comparar visualmente ambos os talhões, a influência do nutriente no maior desenvolvimento da planta e dos grãos e tonalidade verde mais escura. (Fonte: Embrapa Trigo)

Então, como suprir a demanda nutricional das plantas em casos de baixa disponibilidade de nitrogênio no solo e quais processos interferem no bom desempenho dessas alternativas?

As fontes de nitrogênio e os processos que interferem no seu bom desempenho

A primeira forma indireta de aumentar o teor de nitrogênio inorgânico disponível no solo é através dos inoculantes ou biofertilizantes. Eles são capazes de promover o incremento das populações de bactérias fixadoras de nitrogênio e geralmente são adicionados às sementes das plantas antes da semeadura.

Na agricultura, o uso mais recorrente dessa fonte indireta de nitrogênio acontece com as plantas leguminosas, como a soja e o feijão. No estudo Testes de eficiência agronômica da tecnologia de co-inoculação de rizóbios e azospirillum em soja e feijoeiro, Mariangela Hungria e os demais pesquisadores observaram que a co-inoculação dos microrganismos levou a ganhos de produtividade de 16,1% para soja e 19,6% para o feijão.

Já de forma mais direta, podem ser utilizadas fontes nitrogenadas orgânicas e minerais. Apesar da primeira delas ainda depender da ação dos microrganismos para disponibilização do nitrogênio inorgânico, ela é usada principalmente em sistemas de cultivo orgânico.

Além disso, as fontes orgânicas também podem ser usadas como complementação das fontes minerais, por geralmente utilizar alguns recursos disponíveis na própria propriedade, como esterco de animais e restos de cultivo.

A adubação verde também é outra prática que ganha destaque enquanto fonte orgânica. O Eng. Agrônomo Neivaldo Tunes Caceres, na dissertação de mestrado Adubação verde com leguminosas em rotação com cana de açúcar, identificou um efeito significativo dessa técnica sobre a produtividade do primeiro corte da cana-de-açúcar em um solo de baixa fertilidade, com o uso das espécies Crotalaria juncea e a Crotalaria Spectabilis.

Por fim, as fontes minerais envolvem majoritariamente fertilizantes de rápida liberação e disponibilização, sendo os principais:

O nitrogênio contido nesses diferentes insumos pode sofrer dois principais tipos de perdas pelos processos de lixiviação e volatilização.  A lixiviação acontece principalmente por grande parte dessas fontes serem muito solúveis e sofrerem uma rápida disponibilização no solo.

Isso faz com que o nitrogênio que não for utilizado de forma imediata pela planta, fique mais suscetível a ser levado para as camadas mais profundas do solo. Então uma das formas de mitigar as perdas por lixiviação é buscar por alternativas que aumentem o sincronismo entre a liberação do N pelo fertilizante e a absorção do nutriente pela planta.

Para isso deve-se buscar a substituição desses fertilizantes por fontes de liberação mais lenta, o parcelamento das aplicações  e ainda com a escolha de insumos revestidos com polímeros. Caso o nitrogênio esteja na forma do cátion amônio (NH4+), garantir uma Capacidade de Troca Catiônica (CTC) no solo, pode ser outra alternativa.

Já as perdas por volatilização acontecem quando os microrganismos, através da enzima urease, quebram as moléculas dos fertilizantes e liberam amônia (NH3), que é altamente volátil. Quando os fertilizantes são aplicados em superfície, esse processo é ainda mais potencializado.

Para mitigar esse efeito é recomendada a incorporação dos fertilizantes no solo, manutenção adequada de umidade logo após a aplicação do insumo ou ainda com a escolha de novos alternativas disponíveis no mercado.

As novas fontes nitrogenadas disponíveis no mercado reduzem as perdas de nitrogênio

Um estudo conduzido pelo Dr. Carlos Henrique Eiterer de Souza e pelo Dr. Fábio Aurélio Dias Martins, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em Patos de Minas, mostrou que o K Forte®, fertilizante multinutriente da Verde, contribui para reduzir o problema da volatilização.

Com o uso de câmaras coletoras chamadas de câmaras SALE (câmara semiaberta livre estática), a equipe da EPAMIG determinou a quantidade de amônia, volatilizada a partir dos fertilizantes aplicados.

Os resultados obtidos mostraram que houve redução nas perdas por volatilização proporcional a quantidade de K Forte® utilizado: quanto mais K Forte®, menor a perda de nitrogênio. Para as quantidades testadas, a redução da volatilização do nitrogênio chegou a 27%. Assim, a pesquisa demonstrou a eficácia do K Forte® para evitar que o nitrogênio do solo se perca para a atmosfera.

Isso ocorre porque a matéria prima do K Forte® é o Siltito Glauconítico, uma rocha sedimentar rica em glauconita. A glauconita é um mineral que traz diversos benefícios, melhorando a estrutura do solo e ajudando também a reduzir as perdas por lixiviação.

Com cada vez mais alternativas, o agricultor passa a controlar cada vez mais os diferentes processos que acontecem durante o manejo do nitrogênio no solo e garantindo assim uma maior produtividade e qualidade dos seus produtos agrícolas.

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