Você sabia que o manejo inadequado do manganês no solo pode trazer impactos negativos para a produtividade da soja? Confira a seguir quais são os sintomas de deficiência de manganês na soja, como eles podem impactar negativamente na produção dessa cultura e como evitá-los através de boas práticas de correção e adubação do solo!
Os sintomas de deficiência de manganês na soja
De acordo com o International Plant Nutrition Institute (IPNI), a soja está entre as culturas mais suscetíveis à deficiência de manganês.
Quando os teores de manganês do solo estão abaixo do nível considerado adequado para o desenvolvimento dessa cultura, a soja pode apresentar manchas amareladas entre as nervuras das folhas superiores, o que dá a elas um aspecto similar à uma “espinha de peixe”.
Já as folhas mais jovens da soja sob deficiência de manganês adquirem uma coloração que varia de verde-pálida a amarela-pálida.
Normalmente, as folhas são uma das primeiras regiões da planta a manifestar os sintomas de deficiência de manganês, porque, para muitas culturas, é nessa região que ocorre o maior acúmulo desse nutriente.
Esse acúmulo é resultado, em parte, da grande participação do manganês no processo de fotossíntese.
Nesse processo tão importante para a vida vegetal, o manganês contribui indiretamente para formação da clorofila, e diretamente para a ativação enzimática e para a reação de fotólise da água, que forma o oxigênio molecular que será liberado pelas plantas.
Entretanto, como o manganês tem uma baixa mobilidade no interior da planta, ele não consegue ser redirecionado para as regiões mais novas das plantas em condições em que há pouca disponibilidade desse nutriente no solo.
Dessa forma, a falta de manganês acaba prejudicando a formação da clorofila, o principal pigmento fotossintético que dá a cor verde às plantas, e diversos outros componentes da fotossíntese que dependem desse nutriente.
Assim, é isso que causa o típico sintoma de deficiência de manganês na soja, a “clorose internerval”.
Estudos indicam que os sintomas de deficiência de manganês na soja são mais comuns nos estágios vegetativos da cultura, especialmente entre V2 e V4. Entretanto, eles também podem ocorrer durante outras fases da soja, dependendo das condições do solo.
Com a progressão dos sintomas de deficiência de manganês na soja, começam a surgir áreas mortas marrons nas folhas que, posteriormente, poderão ter um impacto sobre a produtividade da cultura.
No estudo Efeitos do manganês sobre a soja cultivada em solução nutritiva e em solo do cerrado do triângulo mineiro, João Alberto de Oliveira Junior observou que a deficiência de manganês proporcionou uma menor produção da soja.
Mas, qual a origem da deficiência de manganês na soja?
As origens da deficiência de manganês nas plantas
Um dos primeiros fatores que levaram ao aumento dos casos de deficiência de manganês nas plantas atualmente é que, no passado, a adubação das lavouras com manganês era uma prática de manejo pouco difundida na agricultura.
Essa realidade era um reflexo da baixa difusão das técnicas de correção do solo, que faziam com que os problemas relacionados à toxicidade do manganês fossem mais comuns que a ocorrência dos sintomas de deficiência desse nutriente nas lavouras.
Isso porque a disponibilidade de manganês é fortemente influenciada pelo pH do solo: em que solos mais ácidos tendem a possuir uma quantidade excessiva desse nutriente no solo. Já naqueles mais básicos ou alcalinos, há uma quantidade reduzida de manganês disponível para as plantas.
Entretanto, esse cenário tem se revertido nas últimas décadas. A introdução e difusão das técnicas de correção do solo também trouxeram um outro problema: o mau uso da tecnologia.
Quando a correção do solo não é feita de forma adequada e se estabelece uma condição de supercalagem, a disponibilidade de manganês no solo é diminuída drasticamente. Estima-se que, para cada unidade de pH aumentada, a disponibilidade de manganês e de alguns outros nutrientes cai em 100 vezes.
Esse efeito foi observado por Roberto Tetsuo Tanaka e outros pesquisadores, no artigo Deficiência de manganês em soja induzida por excesso de calcário.
Outros fatores também têm contribuído para a maior ocorrência da deficiência de manganês nas plantas, como:
- O cultivo de materiais mais exigentes em micronutrientes;
- O desequilíbrio de nutrientes no solo;
- A precocidade da produção;
- As mudanças climáticas.
Especificamente no caso da cultura da soja, algumas evidências científicas sugerem que a adição do gene resistente ao glifosato à soja possa ter alterado a fisiologia da planta, de forma a retardar a absorção, o transporte e o armazenamento do manganês.
Além disso, outros estudos observaram que a aplicação de glifosato pode afetar a microbiota do solo, reduzindo a população dos microrganismos responsáveis por transformar o manganês do solo em formas biodisponíveis para as plantas.
É o que explicam Murilo Vilela Potrich e Debora Curado Jardini, no artigo Aplicação complementar de manganês em soja transgênica.
Um dos benefícios mais conhecidos dos microrganismos do solo é sua atuação na disponibilidade de diversos nutrientes, como o manganês.
Dessa forma, é muito importante incluir boas práticas de manejo desse nutriente no solo para evitar os impactos negativos que os sintomas da deficiência de manganês podem gerar para a produtividade da soja.
No capítulo Detection of Manganese Deficiency and Toxicity in Plants do livro Manganese in Soils and Plants, os autores Robert J. Hannam e Ken Ohki relataram que, para que ocorram sintomas de deficiência em folhas de soja, tanto no estádio vegetativo quanto em pleno florescimento, o nível crítico seria entre 17 a 22 mg/kg de manganês para a produção de grãos.
Portanto, para manter os teores de manganês dentro dos níveis adequados no solo para soja, é recomendado que o agricultor realize:
- A análise periódica do solo e das folhas das plantas, utilizando os métodos mais adequados;
- O manejo eficiente do solo, com a inclusão de práticas que promovam a melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo;
- A inclusão de fertilizantes multinutrientes no programa de adubação dos talhões;
- A escolha de fontes de manganês mais adequadas.
Com isso, é possível evitar a deficiência de manganês na soja e que os sintomas decorrentes disso afetem a produtividade da lavoura.
O bom manejo do manganês é uma prática indispensável para produtividade da soja
Assim, tendo em vista o exposto acima, podemos perceber que os sintomas de deficiência de manganês na soja vão afetar principalmente a parte vegetativa das plantas. O que pode trazer impactos negativos para a produtividade da cultura.
Assim, é muito importante que o agricultor inclua boas práticas de manejo do manganês no solo e aplique os fertilizantes mais adequados nas suas lavouras de soja para alcançar o máximo potencial produtivo dos seus talhões!