O estresse hídrico é uma condição que afeta a produtividade das lavouras, podendo gerar grandes prejuízos para a agricultura. Entretanto, o silício é um elemento que tem um papel muito relevante para mitigar os danos ocasionados pelos períodos de estiagem. Descubra como ele atua e qual a importância do silício na minimização do estresse hídrico em plantas!
O que é o estresse hídrico? Quais são os seus impactos na agricultura?
As oscilações climáticas são um desafio que pode trazer muita dor de cabeça e prejuízo para o agricultor. Na primeira quinzena de janeiro, por exemplo, a Região Sul do Brasil tem enfrentado um período de forte estiagens, com perdas na safra 2021/22.
Só no estado do Paraná, um relatório da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (SEAB) mostra que os prejuízos chegam na casa dos R$ 25,6 bilhões, principalmente nas culturas de grãos, como soja, milho e feijão. As perdas se estendem para outros estados que também sofrem com a seca, como Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
A causa desses prejuízos é o estresse hídrico que a seca causa nas plantas. O estresse hídrico é um tipo de estresse abiótico, ou seja, que não está ligado a uma causa biológica.
O estresse hídrico se caracteriza por uma redução parcial ou total do fornecimento de água para as plantas, o que faz com que elas não consigam absorver a quantidade de água necessária para realizar suas funções biológicas.
Além da falta de água disponível no solo, ou seja, a seca, o estresse hídrico também pode estar relacionado à incapacidade da planta de absorver e reter água. Nesse último caso, costuma-se chamar a condição que causou o estresse hídrico de seca fisiológica.
Nas duas situações, o estresse hídrico leva a deficiência nutricional da planta, perda de produtividade e até a morte. Por isso, o agricultor precisa estar atento e tomar decisões que diminuam os riscos de prejuízos ocasionados por esse fenômeno.
E uma dessas maneiras é através da incorporação do silício no manejo agrícola.
O silício e seu uso na agricultura
O silício é o segundo elemento mais abundante na crosta terrestre, ficando atrás apenas do oxigênio. Na agricultura, ele não é considerado um nutriente para as plantas. Ou seja, ele não é estritamente essencial para o crescimento e o metabolismo vegetal.
Entretanto, desde 2015, ele é considerado um elemento benéfico para as plantas. Isso acontece porque a sua inclusão nos programas de manejo agrícola pode trazer vantagens para o desenvolvimento das lavouras, graças ao seu papel de auxiliar em funções como:
- Redução dos efeitos dos estresses abióticos;
- Melhoria da produtividade das culturas;
- Aumento da resistência das plantas aos efeitos de metais tóxicos;
- Auxílio na defesa das plantas contra pragas;
- Redução da intensidade de doenças.
Portanto, o uso do silício na agricultura pode ajudar o agricultor a minimizar os efeitos do estresse hídrico nas plantas, já que um dos benefícios desse elemento é justamente a redução dos estresses abióticos.
Mas, como o silício atua na minimização do estresse hídrico em plantas?
A atuação do silício na redução dos efeitos do estresse hídrico em plantas
Diversos estudos têm mostrado como o silício pode reduzir os danos do estresse hídrico em plantas. Os pesquisadores têm duas possibilidades para esse efeito benéfico.
Uma delas é o fortalecimento dos tecidos vegetais, através da deposição do silício nas camadas dos tecidos vegetais. Isso ajuda a evitar a perda excessiva de água pela planta pelo processo de transpiração.
Além disso, essa deposição de silício ajuda a fortalecer os tecidos vegetais, o que por sua vez ajuda a melhorar a arquitetura foliar.
Esses benefícios auxiliam na redução do autossombreamento, o que também diminui a perda de água por transpiração. Dessa maneira, a planta consegue lidar melhor com situações em que há a falta de água no ambiente.
Entretanto, em sua pesquisa Role of silicon in plant resistance to water stress, a professora Elzbieta Sacala, da Universidade de Breslávia, na Polônia, explica que:
“O papel do silício não é restrito a formação de uma barreira física ou mecânica (na forma de precipitação de sílica) nas paredes celulares, lumens e espaços intercelulares. O silício modula o metabolismo das plantas e altera as atividades fisiológicas, particularmente em plantas sujeitas a condições de estresse”.
Essa atuação nos processos metabólicos e fisiológicos foi destacada no estudo Silício na mitigação do déficit hídrico de mudas pré-brotadas de cana-de-açúcar na fase inicial de crescimento, da mestra em Ciência do Solo, Gelza Teixeira.
Nesse trabalho, Gelza pontua que o silício mantém o potencial hídrico foliar, realizando o ajuste osmótico das células. Além disso, ele auxilia nas trocas gasosas do processo de respiração das plantas.
Em adição, o silício também tem um papel na promoção na resistência das plantas a condições de estresse salino. O excesso de sais presentes no solo pode afetar diretamente a produtividade das culturas por interferir no processo de absorção de água pelas plantas, levando a condições de seca fisiológica.
A forma pela qual o silício é absorvido pelas plantas é o ácido monossilícico (H4SiO4). Todavia, essa absorção acontece de maneiras diferentes, dependendo do tipo de planta.
O café e a soja, por exemplo, fazem parte das chamadas espécies dicotiledôneas. Nessas espécies, o acúmulo de silício se concentra nas raízes. Um efeito positivo disso é que as raízes se tornam mais resistentes a ataques de pragas e doenças, como os nematoides.
Mas, um sistema radicular mais robusto também favorece a absorção de água, já que a maior parte da água é absorvida pelas plantas através das raízes.
Estudos como o artigo Controle de Meloidogyne paranaensis em cafeeiro mediado pela aplicação de silício, da Dra. Claudia Dias-Arieira, apontam que a aplicação de silicato de potássio em cafeeiros aumentou a concentração radicular de silício em mais de 70%.
Entretanto, mesmo com essas diferenças na forma de absorção, o Professor Fabrício Rodrigues, uma das maiores autoridades na pesquisa do uso do silício na agricultura, em sua participação no evento Encontro com Gigantes, explicou que os benefícios do silício na nutrição agrícola podem ajudar todas as espécies de plantas.
O uso do silício na agricultura traz diversos benefícios, incluindo a minimização do estresse hídrico em plantas.
A integração do silício no manejo agrícola pode ajudar a reduzir os danos do estresse hídrico
Estar atento às condições que podem levar ao estresse hídrico é imprescindível para que o agricultor não sofra com perdas na lavoura. E, com as condições climáticas cada vez mais instáveis, isso se torna um grande desafio para a agricultura atual.
O silício tem um papel muito relevante na redução dos danos causados pelo estresse hídrico em plantas, graças tanto ao fortalecimento dos tecidos vegetais quanto aos seus mecanismos de ação sobre o metabolismo e fisiologia vegetal.
Assim, a inclusão do silício no manejo agrícola, através de fertilizantes que forneçam esse elemento de maneira eficaz, pode ser um grande auxílio na minimização do estresse hídrico e dos seus efeitos negativos!