O acúmulo de silício no arroz pode exceder até mesmo ao dos macronutrientes, incluindo o nitrogênio. Esse grande acúmulo é um reflexo das diversas contribuições que o silício é capaz de proporcionar para essa cultura. Confira a seguir quais as principais funções do silício na cultura do arroz!
Qual o papel do silício em plantas de arroz?
O silício desempenha um importante papel em plantas de arroz, trazendo inúmeros benefícios para a cultura. Cezesmundo Ferreira Gomes e outros pesquisadores citam que a utilização de silício na cultura do arroz promove resultados promissores, tais como:
- Aumento do número de folhas, massa seca de plantas e número de espiguetas por panícula;
- Melhor formação e qualidade da casca dos grãos;
- Maior altura de plantas.
Esses dados, citados no artigo Disponibilidade de silício para a cultura do arroz, em função de fontes, tempo de incubação e classes de solo, também deixam claro que a expressão desses benefícios acaba dependendo de outros fatores, como:
- As doses aplicadas;
- Tipo de cultivar de arroz;
- Tipo de solo;
- E as próprias condições ambientais.
A absorção e acumulação de silício na cultura do arroz pode chegar a ser quase o dobro de alguns macronutrientes, como o nitrogênio. Gaspar Henrique Korndörfer e outros pesquisadores destacam que o arroz absorve e acumula elevadas quantidades de silício, se situando na faixa de 2,7 – 8,4%.
São dados explorados no artigo Efeito do silicato de cálcio no teor de silício no solo e na produção de grãos de arroz de sequeiro.
Mesmo sendo observados altos teores de silício nas plantas do arroz, esse elemento ainda não cumpre todos os critérios da essencialidade dos nutrientes. Contudo, o silício é considerado um elemento útil para o crescimento e produção de muitas gramíneas, como a cana-de-açúcar, sorgo, trigo e o milho.
No caso da cultura do arroz, destaca-se as seguintes funções do silício:
1. Aumento da produtividade do arroz
Uma das principais funções que o silício desempenha está relacionado à sua capacidade de potencializar a fotossíntese das plantas e aumentar a produtividade do arroz.
A deposição desse elemento nas estruturas vegetais, sobretudo nas folhas, melhora a arquitetura da planta e favorece um melhor aproveitamento da radiação solar e uma maior conversão de fotoassimilados, que serão transportados para os grãos por exemplo.
Além disso, no artigo The effect of silicon on photosynthesis and expression of its relevant genes in rice (Oryza sativa L.) under high-zinc stress, Alin Song e outros pesquisadores atribuem ao silício a capacidade de proteger os pigmentos fotossintéticos e reduzir os danos às estruturas dos cloroplastos.
Cláudia S. Pereira, junto aos seus colegas de pesquisa, observaram aumentos na produtividade de grãos de arroz ao aplicar uma dose de silício equivalente a 500 kg/ha em um Neossolo Quartzarênico. Resultados estes que foram descritos no estudo Análise de silício: solo, planta e fertilizante.
Outros efeitos complementares que também favorecem esse parâmetro incluem a relação do silício com outros elementos do solo. É o caso da sua relação com os metais tóxicos para as plantas, como o cádmio, e a interação que estabelece com outros nutrientes, como fósforo.
Quando a adubação silicatada é feita de forma adequada, os níveis de cádmio das plantas de arroz são menores, já que o silício possui uma extrema afinidade por esse elemento.
É o que demonstra Xinhui Shi e outros pesquisadores, no artigo Effect of Si on the distribution of Cd in rice seedlings, publicado no Journal Plant and Soil.
No caso do fósforo, a interação que esse nutriente consegue estabelecer com o silício favorece o aumento da sua disponibilidade no solo, melhorando assim, o desempenho da adubação fosfatada.
2. Redução da incidência de doenças
Além de ser capaz de aumentar o rendimento das lavouras de arroz, vários estudos vêm demonstrando que ele está relacionado à reação da cultura do arroz a várias e importantes doenças, tais como:
- Escaldadura (Microdochium oryzae);
- Mancha parda (Drechslera oryzae);
- Brusone (Pyricularia grisea).
A dupla camada de sílica formada abaixo dos tecidos vegetais impede ou desacelera a colonização dos tecidos vegetais infectados por fitopatógenos, principalmente em gramíneas como o arroz.
Estudos também sugerem que o silício aumenta o metabolismo secundário das plantas e eleva a concentração de compostos de defesa, como fitoalexinas, fenóis e fenilpropanóides.
O Professor Fabrício Rodrigues explica os benefícios do silício na proteção das plantas contra doenças e pragas.
No caso do brusone, por exemplo, M.P. Barbosa Filho e outros pesquisadores mencionam, no trabalho Importância do silício para a cultua do arroz, que estudos realizados no Japão descrevem os seguintes mecanismos que o silício proporcionou para indução da resistência das plantas:
1. A penetração do patógeno é menor em plantas com teores mais elevados de silício devido à barreira mecânica formada pela acumulação de sílica na epiderme da folha;
2. Cultivares resistentes contêm quantidades mais elevadas de silício do que cultivares suscetíveis à brusone, e o grau de resistência aumenta à medida que aumenta a quantidade de sílica aplicada;
3. Aplicações pesadas de nitrogênio diminuem a acumulação de sílica nas folhas mais novas, predispondo a planta à maior incidência de brusone no “pescoço” da panícula;
4. Mais de 90% do silício encontrado na planta está na forma de sílica localizada principalmente na epiderme, reduzindo as perdas de água por transpiração e prevenindo a invasão de fungos e ataques de insetos;
5. A suscetibilidade das plantas de arroz aumenta nas condições de déficit hídrico e a aplicação de fontes de silício pode, nestas condições, contribuir para maior resistência tanto à seca quanto à incidência de doenças.
Entretanto, como grande parte desses mecanismos possui uma ação mais “física”, a eficiência de controle das doenças do arroz pode variar dependendo da forma de aplicação.
No artigo Aplicação do silício para aumentar a resistência do arroz à mancha-parda, Luiz Antônio Zanão Júnior e outros pesquisadores observaram que a aplicação de silício via solo proporcionou, em média, teores foliares do elemento 4,3 vezes maiores que os tratamentos testemunha e com aplicação via foliar.
Resultados estes que favoreceram a redução da severidade da mancha-parda em 55%, além da maior produção da matéria seca da parte aérea do arroz.
3. Mitigação dos danos causados pelas pragas
As pragas também podem ser controladas com a aplicação de silício. A deposição de sílica na epiderme dos tecidos cria uma barreira física que danifica o aparelho bucal de insetos sugadores e mastigadores e que pode diminuir ou atrasar a velocidade dos danos, deixando as pragas mais expostas a atuação de inimigos naturais.
Esse elemento também estimula o aumento da produção de tricomas, que são pequenos pelos que ficam na superfície da planta, o que torna a planta menos palatável e dificulta a digestão dos insetos.
Dentre as principais pragas afetadas por esses mecanismos, estão inclusas:
- Broca-amarela-do-colmo (Scirpophaga incertulas);
- Broca asiática do arroz (Chilo suppressalis);
- Ácaros e cigarrinhas.
Este efeito do silício sobre as pragas foi constatado por diversos pesquisadores, como N.K. Savant no artigo Silicon Management and Sustainable Rice Production, ele observou, junto a outros pesquisadores, que o número de mudas com coração morto por broca de colo foi menor nas plantas fertilizadas com silício.
A adubação com silício na cultura do arroz é uma prática indispensável
Dados os benefícios trazidos por esse elemento, a adubação com silício na cultura do arroz está se tornando cada vez mais uma prática indispensável para obtenção de sistemas agrícolas cada vez mais produtivos e saudáveis.
Entretanto, para isso os rizicultores devem sempre seguir as boas práticas de uso do silício no campo, priorizando a construção da fertilidade do solo com a aplicação de fertilizantes silicáticos de qualidade!