Desde que entramos na era moderna da agricultura, o uso intensivo de fertilizantes tem sido associado ao aumento de produtividade e dos lucros para o produtor. No entanto, alguns fertilizantes, como o Cloreto de Potássio, podem acabar prejudicando esses parâmetros. Como, então, aliar a manutenção de um alto nível nutricional das culturas com a produtividade? Entenda como o uso intensivo do Cloreto de Potássio na lavoura pode ser prejudicial para a produtividade e como evitar esse problema!
O panorama do Cloreto de Potássio na agricultura brasileira
O Cloreto de Potássio, também conhecido como KCl, é um haleto metálico salino composto por cloro e potássio. A maior parte desse produto é utilizada como fertilizante potássico na agricultura, apesar de também possuir usos industriais e até mesmo na medicina.
O Cloreto de Potássio é obtido principalmente através da atividade de mineração, extraído de minerais como a silvita e a carnalita. O mapa mostra o panorama mundial dos maiores produtores de potássio (em azul) e as principais minas (marcadores). (Fonte: ORRIS, G.J. et al – 2014)
A demanda interna brasileira por KCl é atendida pelo mercado externo quase em sua totalidade, que representa cerca de 96,5%. Ele é importado dos principais países que compõem o oligopólio de produção do fertilizante no mundo:
- Rússia;
- Bielorrússia
- Canadá.
A baixa disponibilidade do potássio nos solos brasileiros, fez com que todos os anos sejam consumidos cerca de 10 milhões de toneladas de cloreto de potássio, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA).
Tal relevância desse insumo frente as demais fontes de potássio se consolidou pela presença de algumas características desejáveis pelos agricultores, como:
- Ter um elevado teor de potássio;
- Ser altamente solúvel e de rápida disponibilização para as plantas;
- Possuir uma levada compatibilidade de mistura com uma grande variedade de fertilizantes e corretivos;
Porém, apesar de apresentar algumas vantagens, diversos estudos tem apontado que o uso intensivo do KCl tem impactado negativamente na produtividade das culturas.
Os impactos do uso intensivo do Cloreto de Potássio na produtividade
Em The potassium paradox: Implications for soil fertility, crop production and human health, publicado na revista Renewable Agriculture and Food Systems, o professor de Geologia e Ciência Agrícola da Universidade de Illinois, nos EUA, Dr. Timothy Ellsworth investigou o uso desse fertilizante em diversas culturas.
O Dr. Ellsworth e seus colegas demonstraram, através de análises do solo, como o uso intensivo de KCl como fertilizante nas plantações para suprir a demanda do solo por potássio é prejudicial e, a longo prazo, não aumenta a produtividade.
Para quantificar os resultados do uso de Cloreto de Potássio como fertilizante na agricultura, foi feita uma extensa avaliação de 211 publicações reportando análises estatísticas de resultados em culturas fertilizadas com o Cloreto de Potássio.
De acordo com os resultados obtidos pelos pesquisadores, além da fertilização por KCl ter sido ineficiente no aumento da produtividade em 76% dos casos analisados, ela também trouxe alguns problemas, principalmente relacionados ao alto teor de cloro presente no Cloreto de Potássio.
O fertilizante Cloreto de Potássio (KCl) é composto por 47% de cloro.
Os impactos foram classificados sempre comparando a qualidade com outras culturas que não utilizaram o KCl, analisando a Capacidade de Troca de Cátions (CTC) do solo e a ciclagem de nitrogênio. Em plantações de soja e alfafa, por exemplo, o cloro foi responsável por:
- Reduzir a disponibilidade de nitrogênio ao inibir a nitrificação no solo;
- Suprimir a absorção de nutrientes, como o cálcio;
- Diminuir a CTC e a capacidade de retenção de água do solo;
- Intensificar as perdas de nutrientes por lixiviação.
Em vários casos, a perda de rendimento foi intensificada pelo uso excessivo do Cloreto de Potássio, aliado a falta de testes do solo, toxicidade do cloro e a capacidade de absorção de potássio da planta. Além disso, o Dr. Timothy e seus colegas concluíram que o índice salino foi outro fator muito prejudicial:
“As reduções de rendimento devidas à adubação com KCl podem ser explicadas pelo alto índice de sal desse fertilizante, que tem sido implicado como um fator prejudicial para a germinação e desenvolvimento das culturas e processos microbianos. Em alguns casos, a grande quantidade aplicada tornou ganho de rendimento em perda”.
O índice salino é uma propriedade imutável presente nos fertilizantes que mede a tendência do adubo para aumentar a pressão osmótica da solução do solo em relação ao Nitrato de Sódio. A pressão osmótica é um dos fatores que interferem diretamente na capacidade da planta em absorver água e os nutrientes do solo e consequentemente no seu potencial produtivo.
Índice salino dos fertilizantes em relação Nitrato de Sódio (100). Fonte: J.C. Alcarde, J.A. Guidolin, A.S. Lopes
Quando um fertilizante com alto índice salino, como o Cloreto de Potássio, é usado de forma intensiva no solo, ele aumenta gradualmente a pressão osmótica da solução do solo. Isso faz com que a planta a cada nova reaplicação tenha mais dificuldade para obter água e nutrientes no solo.
Em casos mais graves, a salinização do solo pode levar a redução:
- Do desequilíbrio nutricional da planta;
- De atividades enzimáticas da planta que levam a perdas de produtividade e rentabilidade;
- Da população da microbiota do solo;
Eduardo Coelho, engenheiro agrônomo e sócio-diretor da Cientia, empresa de consultoria agrícola de sucesso no Brasil, destaca que fertilizantes com excesso de cloro podem ter justamente um efeito contrário aos desejados na adubação, ou seja, causam prejuízos:
Portanto, é preciso buscar por alternativas para adubação potássica que sejam capazes de reduzir o uso intensivo do Cloreto de Potássio na agricultura.
Alternativas para reduzir o uso intensivo do Cloreto de Potássio
O primeiro passo para encontrar alternativas para substituição parcial ou total do Cloreto de Potássio é entender o solo e as demandas nutricionais das plantas. Para isso, é imprescindível tornar as análises do solo e foliares uma ação de rotina em sua propriedade.
Uma vez verificados os teores de nutrientes e deficiências presentes no solo com o auxílio de um profissional especializado, é preciso buscar no mercado alternativas economicamente e nutricionalmente viáveis.
Nessa etapa, é importante se atentar para busca de produtos que tenham eficiência agronômica comprovada em estudos a campo para a cultura de interesse. É o caso dos fertilizantes feitos a partir do Siltito Glauconítico, como o BAKS® e o K Forte®.
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Um estudo realizado pela Verde em parceria com a Delta Sucroenergia apontou o aumento da produtividade da cana de açúcar com o uso de uma tecnologia de nutrição feita a partir do Siltito Glauconítico
Ele é rico em glauconita, um mineral utilizado como fertilizante nos Estados Unidos desde 1760. Além de ser uma fonte de nutrientes com eficiência comprovada, o Siltito Glauconítico é capaz de promover:
- Melhoria da qualidade física e biológica do solo;
- Otimizar o uso da água e nutrientes;
- Garantir um efeito residual dos nutrientes.
O uso de fontes potássicas alternativas, como Siltito Glauconítico, proporciona ao agricultor a produção de alimentos de forma rentável, mas sem perder de vista o valor nutritivo e o uso sustentável do solo!