Potássio no trigo quando adubar e quanto aplicar

Potássio no trigo: quando adubar e quanto aplicar?

O trigo está entre as culturas mais plantadas no mundo, desempenhando um importante papel econômico nutricional na alimentação humana, por ter sua farinha largamente utilizada na indústria alimentícia. A sua produção é muito dependente de condições como uma boa disponibilidade de potássio no solo, sendo imprescindível saber quando adubar e quanto aplicar de potássio no trigo para alcançar altos rendimentos.

A importância do potássio no trigo

O potássio é um nutriente muito importante para o trigo, estando diretamente relacionado ao aumento da produtividade de grãos, da produção de palhada e do diâmetro dos colmos, até mesmo otimizando o aproveitamento de outros nutrientes, como nitrogênio.

No artigo Doses de potássio no trigo cultivado em sucessão ao milho silagem, por exemplo, Alieze Nascimento da Silva e outros pesquisadores observaram um incremento na produtividade de trigo de 511,6 kg/ha, quando comparado ao tratamento que não recebeu adubação potássica.

Já o aumento da produção de palhada e diâmetro dos colmos favorece a cobertura do solo e proporciona uma maior resistência do trigo ao acamamento, favorecendo a produtividade e qualidade dos grãos.

 

O potássio desempenha funções nas mais diversas etapas do desenvolvimento vegetal, sendo fundamental para uma lavoura saudável e produtiva.

No Brasil, o cultivo do trigo era predominantemente concentrado na região sul do país, mas, graças ao avanço das pesquisas em melhoramento genético, foi sendo difundido para as regiões Centro-oeste, Sudeste e Nordeste.

Entretanto, um dos principais aspectos que vem limitando a produtividade do trigo no Brasil é o seu cultivo em regiões com solos ácidos e de baixa fertilidade, como na região do Cerrado e no estado de São Paulo.

Para atender às necessidades nutricionais da cultura, são necessários, em média, pelo menos 20 kg de potássio para produção de 1 tonelada de grãos, podendo esse número ser maior ou menor dependendo do potencial produtivo da cultivar escolhida.

Potássio acumulado nas partes reprodutivas e total, respectivamente, de cultivares de trigo inoculados ou não com microrganismos fixadores de nitrogênio. (Fonte: SGOBI,, 2016)
Potássio acumulado nas partes reprodutivas e total, respectivamente, de cultivares de trigo inoculados ou não com microrganismos fixadores de nitrogênio. (Fonte: SGOBI,, 2016)

Potássio acumulado nas partes reprodutivas e total, respectivamente, de cultivares de trigo inoculados ou não com microrganismos fixadores de nitrogênio. (Fonte: SGOBI,, 2016)

Caso as demandas nutricionais não sejam atendidas, o trigo pode apresentar sintomas de deficiência de potássio como:

  • Amarelecimento (clorose) das folhas mais velhas em formato de “V” invertido, com o surgimento de pequenos pontos e listras amarelo-esbraquiçadas;
  • Atrofiamento das folhas mais velhas, com escurecimento e necrose das pontas e bordas;
  • Surgimento de um tom verde-azulado nas folhas mais jovens;
  • Redução do crescimento e encurtamento dos internódios;
  • Redução do tamanho das espigas.

Para evitar o surgimento desses sintomas e alcançar o máximo potencial da cultura, é preciso saber quando adubar e quanto aplicar de potássio no trigo.

A dose ideal e a época de aplicação de potássio no trigo

Guilherme Lopes, Doutor em Ciência do Solo, explica que o cálculo da dose ideal de potássio não envolve apenas as análises e interpretação das análises de solo e foliares, e sim diversos outros fatores, como:

  • Os possíveis registros de ocorrência de sintomas de desequilíbrio nutricional;
  • A relação entre a produtividade e exportação de nutrientes pelas culturas;
  • Manejo da fertilidade de outros nutrientes no solo;
  • Histórico de uso da terra;
  • Sistema de produção.

Nas últimas safras, as diversas pesquisas conduzidas acerca das recomendações estaduais de adubação apontaram para doses de potássio (K2O) de até 150 kg por hectare, considerando os teores de potássio a partir da análise de solo com extrator Mehlich-1.

No artigo Adubação potássica para alto rendimento de cereais de inverno em sistema de rotação de culturas na região Centro-Sul do Paraná, Eduardo Carniel e outros pesquisadores observaram que os cereais de inverno (trigo e cevada) responderam positivamente à adubação potássica.

Os pesquisadores encontraram, nas condições do estudo, doses de rendimentos de máxima eficiência técnica (MET) superiores a 100 kg/ha de potássio (K2O), em todas as classes de disponibilidade avaliadas (média, alta e muito alta).

A aplicação dessas doses de fertilizantes potássicos pode ocorrer na linha de semeadura, em sistemas de plantio direto, e à lanço, em solos com teores acima do teor crítico, sendo que algumas pesquisas demonstraram resultados similares com a aplicação na linha nessas condições.

Sergio Ricardo Silva e outros pesquisadores recomendam que a adubação potássica também pode ser realizada em uma única aplicação no estádio de emborrachamento ou de florescimento do trigo dependendo da fonte de potássio usada.

Recomendação que teve como base os resultados da pesquisa Efeitos de fontes e épocas de aplicação de potássio sobre a produtividade de cultivares de trigo.

Além disso, uma prática de adubação que vêm se consolidando em sistemas de sucessão é a aplicação antecipada da adubação potássica das culturas de verão, como o milho, nas culturas de entressafra ou outono/inverno, como o trigo.

Um dos requisitos para adoção dessa prática é que o solo apresente teores de potássio acima do nível crítico, que é aquele ponto em que o teor de um nutriente no solo atinge 90% da produção relativa da cultura.

No artigo Fósforo e potássio na sucessão trigo/milho: épocas e formas de aplicação, Paulo Sérgio Pavinato e Carlos Alberto Ceretta notaram que a adubação antecipada no trigo não provocou diferenças na produtividade do milho e ainda foi capaz de aumentar a eficiência operacional da semeadura e reduzir os custos na compra de fertilizantes.

Porém, quando pensamos em adubação antecipada, um dos maiores desafios a serem superados é a disponibilização de potássio por períodos prolongados.

Isso porque, geralmente, os fertilizantes potássicos convencionais são facilmente perdidos para as camadas mais profundas no solo em um curto período de tempo.

Os fatores que influenciam a disponibilidade de potássio no solo

O potássio é considerado um dos nutrientes mais móveis no sistema solo-planta, todavia, essa característica não necessariamente favorece os atributos de fertilidade do solo e as respostas das culturas à adubação.

Garantir uma disponibilidade de potássio a longo prazo, exige a adoção de algumas práticas para controlar os principais fatores que afetam a disponibilidade de potássio no solo, como:

Assim, a adoção de boas práticas para garantir a disponibilidade de potássio no longo prazo, associadas às doses ideais e melhores épocas de aplicação dos fertilizantes, permitem que o trigo expresse o seu máximo potencial produtivo!

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