O potássio é, de maneira geral, o segundo nutriente mais requerido pelas plantas. Assim, na agricultura é de suma relevância que se faça uma adubação potássica adequada, para garantir a produtividade e a qualidade da lavoura. Entenda qual a importância do potássio na agricultura brasileira e saiba como fazer uma boa nutrição potássica da lavoura!
A importância do potássio na agricultura brasileira
Na agricultura, o cultivo mais intensivo faz com que seja necessária a reposição do potássio no solo a fim de manter a sua fertilidade e garantir que ele possa cumprir as suas funções no crescimento, desenvolvimento, produtividade e qualidade das lavouras.
No Brasil, isso é ainda mais significativo. Isso porque a maioria dos solos brasileiros tem baixa disponibilidade de potássio. É o que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) destaca no documento Aspectos relacionados ao mapeamento da disponibilidade de potássio nos solos do Brasil.
Essa importância do potássio na agricultura brasileira se reflete no nível de consumo de fertilizantes potássicos do país: segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil é o quarto maior consumidor de potássio do mundo.
Ainda segundo a pasta, só em 2021 foram cerca de 41 milhões de toneladas, o equivalente a mais de 14 bilhões de dólares.
Esses números mostram a relevância do potássio na agricultura brasileira, já que ele é indispensável para o sucesso da atividade agrícola. Mas, como esse nutriente contribui com a produtividade e a qualidade das lavouras?
Quais as funções do potássio nas plantas?
Dentre os nutrientes essenciais para que as plantas cresçam e se desenvolvam, alguns são mais requeridos, fazendo-os serem classificados como macronutrientes. É o caso do potássio.
Ele, juntamente com o nitrogênio e o fósforo, desempenha uma série de funções dentro das plantas que fazem com que eles sejam altamente exigidos por elas. No caso do potássio, de maneira geral ele é o segundo nutriente mais requerido.
Entretanto, há culturas em que ele chega a ser o mais exigido, como é o caso da cana-de-açúcar. Nessa cultura, o nível de exigência do potássio chega a ser 13 vezes maior que o de fósforo, por exemplo.
Vale lembrar que o potássio não participa de nenhum componente estrutural das plantas. Todavia, ele participa de diversos processos metabólicos e fisiológicos da vida vegetal que fazem com que ele seja indispensável para elas. Entre as funções do potássio nas plantas, pode-se destacar:
- A ativação enzimática;
- A síntese proteica;
- A fotossíntese;
- O transporte de fotoassimilados no floema;
- O crescimento celular;
- A melhoria da qualidade de flores e frutos;
- A regulação do potencial hídrico das células;
- A amenização de estresses bióticos e abióticos.
Além disso, principalmente em razão da sua participação na ativação enzimática e na síntese proteica, o potássio é considerado o nutriente da qualidade na nutrição agrícola.
De acordo com o documento Potássio, o Elemento da Qualidade na Produção Agrícola, do International Potash Institute (IPI), o potássio tem se mostrado um nutriente essencial na melhoria de parâmetros qualitativos de diversas culturas. É o caso, por exemplo:
- Em sementes de oleaginosas, como a soja, melhorando o valor nutritivo através do aumento do conteúdo de proteínas e óleo em cereais e oleaginosas, respectivamente;
- Em tubérculos e oleaginosas, o potássio aumenta o conteúdo de amido e o tamanho dos tubérculos;
- Em cereais, o potássio produz grãos mais cheios e uma palha mais firme;
- Nas frutas, como as frutas cítricas, e vegetais, o potássio aumenta o tamanho, conteúdo de vitamina C e açúcares e melhora o sabor e a cor;
- Nas culturas de plantas fibrosas, o potássio melhora a qualidade do algodão e do linho.
- O potássio também ajuda a manter a qualidade durante o armazenamento e o transporte e, com isso, aumenta a vida pós-colheita das culturas de maneira geral.
Através da melhoria desses parâmetros de qualidade das culturas agrícolas e das funções desempenhadas no metabolismo e na fisiologia das plantas, o potássio contribui para a produtividade das lavouras.
Em algumas culturas, como a do eucalipto, a adubação potássica pode aumentar em 200% a produtividade, por exemplo.
Diante disso, como é possível garantir uma boa nutrição com potássio na agricultura brasileira?
Como o agricultor pode melhorar a adubação potássica?
A boa adubação potássica vai além da aplicação de fertilizantes no solo. Ela começa com uma avaliação das condições de fertilidade do solo e de outros parâmetros importantes da lavoura.
Para isso, o agricultor pode lançar mão de ferramentas como a análise do solo. Através delas, ele pode saber quais são os níveis de potássio do solo e também outras caraterísticas que são relevantes para planejar o manejo agrícola.
Nesse sentido, algo essencial é estar atento aos métodos adequados para a análise de solo. Isso acontece porque os laboratórios utilizam diferentes métodos de calibração da análise, que podem influenciar nas escolhas que o agricultor pode tomar.
De maneira geral, os métodos mais utilizados nas análises laboratoriais não levam em conta o potássio não-trocável do solo.
Parte da razão disso é que existe a ideia de que essa reserva de potássio não tem uma contribuição relevante para a nutrição potássica das plantas. Todavia, os avanços nos estudos e pesquisas da área vêm demonstrando o contrário.
É o que Michael J. Bell e outros pesquisadores destacam no capítulo Using Soil Tests to Evaluate Plant Availability of Potassium in Soils, do livro Improving Potassium Recommendations for Agricultural Crops.
Uma forma de entender a relevância do potássio não trocável é imaginar que, dentro da dinâmica desse nutriente no solo, os reservatórios desse nutriente são diferentes caixas d’água.
Quando a planta utiliza o potássio das caixas d’água da solução e da fração trocável, o nutriente da caixa d’água da fração não-trocável repõe o que foi utilizado.
A partir disso, Michael J. Bell e seus colegas inclusive propõem uma nova maneira de enxergar o ciclo do potássio no solo.
Uma visão ampliada do ciclo do potássio (Fonte: Bell et. al, 2021)
Com essa visão ampliada do ciclo do potássio e de como o potássio não-trocável do solo pode ser utilizado pelas plantas, é possível compreender e utilizar melhor novas tecnologias e ferramentas que podem potencializar a adubação da lavoura.
É o caso, por exemplo das fontes de potássio de liberação gradual. Essas fontes disponibilizam o potássio ao longo de mais tempo para as lavouras e os seus benefícios e vantagens têm ganhado cada vez mais destaque nas pesquisas da área agrícola.
Entre esses benefícios e vantagens, é possível citar a menor suscetibilidade a problemas como a lixiviação, além do seu efeito residual duradouro no solo.
As fontes de potássio de liberação gradual têm muitos benefícios para a produtividade das lavouras
Essas características auxiliam na construção e na manutenção da fertilidade do solo de maneira mais eficaz.
Além disso, o teor de cloro das fontes de potássio utilizadas também é outra coisa que l o agricultor deve ficar atento na hora de pensar a adubação potássica.
Isso porque fontes com alto teor de cloro, como o Cloreto de Potássio (KCl) fazem com que haja um excesso desse elemento no agroecossistema. Isso, por sua vez, traz problemas para as plantas, a exemplo dos sintomas de fitotoxidade e da queima das raízes.
Ademais, o solo também acaba prejudicado pelo excesso de cloro, uma vez que há um aumento de problemas como a compactação, a salinização e prejuízos para a microbiota do solo.
Nesse sentido, utilizar fontes potássicas eficientes e livres de cloro é muito importante para o sucesso do manejo agrícola.
Vale destacar que, em um contexto em que 95% do potássio na agricultura brasileira é importado, ainda segundo dados do MAPA, a opção por fontes potássicas nacionais pode contribuir para que a utilização do potássio na agricultura brasileira seja mais econômica e viável aos agricultores.
Todavia, é preciso estar atento à eficiência e qualidade dessas fontes de potássio brasileiras, que devem utilizar matérias-primas de qualidade e que realmente contribuam para a nutrição da lavoura.
É o caso dos fertilizantes produzidos com matérias-primas ricas em glauconita, mineral que é utilizado como fertilizante potássico nos Estados Unidos desde 1760 e auxilia na melhoria de parâmetros como a retenção de água e nutrientes, entre outros.
Assim, é possível melhorar o manejo e a otimizar a contribuição positiva do potássio na agricultura brasileira!
Boas escolhas podem otimizar o uso do potássio na agricultura brasileira
Em síntese, devido à sua relevância para os processos de metabolismo e fisiologia das plantas, o potássio é um nutriente altamente requerido pelas plantas.
Por isso, é tão importante que se dê atenção ao potássio na agricultura brasileira. Isso através da adubação potássica correta das lavouras, já que os processos agrícolas fazem com que seja necessária a reposição desse nutriente no solo, a fim de garantir a produtividade e qualidade das lavouras.
Nesse sentido, a implementação de boas práticas agrícolas, como análises de solo adequadas e o uso de fontes adequadas e eficientes, contribui para melhorar o manejo potássio na agricultura brasileira!