O milho é considerado uma cultura exigente em fertilidade do solo, extraindo mais de 200 quilos por hectare de potássio quando seu destino é a silagem. Essa grande exigência traz consigo muitos desafios para os agricultores, que muitas vezes não conseguem suprir essas demandas nutricionais e acabam observando o surgimento de sintomas de deficiência de potássio na lavoura.
Os sintomas de deficiência de potássio no milho
Os sintomas de deficiência de potássio no milho estão muito relacionados à perda do potencial produtivo da cultura, já que o potássio é um macronutriente que influencia em diversos parâmetros de crescimento e produtividade da cultura.
No artigo Comportamento espectral do milho em diferentes condições de fertilidade de potássio no solo, Renato H. Furlanetto e outros pesquisadores apontam que os baixos níveis de nutrientes dos solos, associados ao uso inadequado de fertilizantes, estão entre os principais fatores que ainda limitam o aumento da produtividade da cultura.
Apesar da produtividade brasileira estar em cerca de 5.500 kg por hectare, os pesquisadores estimaram que, em condições ótimas de desenvolvimento, a cultura do milho pode alcançar mais de duas vezes o atual patamar produtivo.
Veja a seguir os principais sintomas de deficiência de potássio que ainda limitam o potencial da cultura, descritos pelo International Potash Institute, e como corrigi-los:
1. Atraso e redução do crescimento da planta
Um dos sintomas de deficiência de potássio que se manifestam na planta de milho que apresentam o maior impacto visual é o atraso e a redução do crescimento.
Isso significa que há uma diminuição no acúmulo de matéria seca da cultura. Visualmente, as plantas de milho apresentam colmos e entrenós mais curtos. Mas, por que isso acontece?
A limitação do potássio compromete a síntese da enzima RuBisCO, a principal enzima responsável pela fixação de carbono orgânico. Alguns pesquisadores ainda relatam que a deficiência também pode levar ao desbalanço entre o acúmulo de matéria seca das raízes e na parte aérea do milho.
A causa disso está ligada à função do potássio de promover ciclagem de substâncias orgânicas pelo interior da planta, especialmente de açúcares e outros fotoassimilados produzidos nas folhas para outros órgãos da planta, incluindo as raízes.
No artigo Crescimento diferencial de linhagens de milho em solução nutritiva com baixo nível de potássio, Angela M. Cangianifurlani e outros pesquisadores observaram variações nos pesos de matéria seca das raízes de quase 40% e da parte aérea de quase 30% entre as linhagens de milho estudadas.
Nos experimentos, os pesquisadores também perceberam que algumas plantas tiveram um maior ou menor impacto na produção de matéria seca, dependendo da eficiência na absorção e utilização do potássio.
Aspecto do sistema radicular e parte aérea de diferentes linhagens de milho cultivadas em solução nutritiva aos 25 dias de idade. (Fonte: CANGIANIFURLANI et al, 2016)
2. Espigas com poucos grãos na extremidade e com sementes soltas
A redução na taxa de transporte de açúcares e outros fotoassimilados, causada pela baixa disponibilidade de potássio, também pode ocasionar a fixação fraca das sementes e a redução dos grãos nas extremidades da espiga.
As espigas de milho deficientes em potássio apresentam um aspecto estreito e pontiagudo, com um enchimento incompleto dos grãos das extremidades da espiga, devido à baixa mobilização do amido das folhas para os grãos.
O enchimento dos grãos pode ser ainda mais comprometido em situações de estresse hídrico, já que a absorção ativa do potássio também leva a melhor absorção de água pela planta.
Condições de estresse hídrico durante as fases de florescimento e enchimento de grãos, podem afetar o sincronismo entre as inflorescências do milho e comprometer a produtividade.
Isso acontece porque a cultura é uma espécie monoica, ou seja, possui uma inflorescência masculina e outra feminina que são emitidas em momentos diferentes.
3. Manchas marrons escuras nos nódulos
Também podem surgir manchas marrons escuras nos nódulos da planta, que são reveladas quando é realizado um corte longitudinal dos colmos.
Um colmo com medula branca sadia (à esquerda) e um colmo com sinais de escurecimento nos nódulos, indicando a deficiência de potássio na planta de milho. (Fonte: Adaptado Potash & Phosphate Institute (PPI))
4. Redução do teor proteico dos grãos de milho
A síntese e acúmulo de proteínas nos grãos de milho depende do transporte de compostos nitrogenados, que serão reduzidos primeiramente a aminas para depois serem incorporadas como aminoácido para formar as proteínas.
Segundo a publicação Potássio, o Elemento da Qualidade na Produção Agrícola, do International Potash Institute, um baixo suprimento de potássio restringe o transporte adequado de nitratos e inibe a formação das proteínas, levando ao acúmulo de nitrato-N e amino-N solúvel.
Ou seja, a redução da disponibilidade de potássio para a lavoura de milho pode comprometer a qualidade do teor proteico dos grãos e levar a impactos na alimentação humana e animal.
5. Amarelecimento e queimadura das bordas das folhas
Os sintomas de deficiência de potássio nas folhas do milho são, muitas vezes, confundidos com os sintomas de deficiência de nitrogênio.
Apesar de ambos causarem o amarelecimento (clorose) das folhas, que podem evoluir para necrose e dilaceração do tecido, o que os diferencia é a região e sentido da manifestação do sintoma.
No caso do potássio, esse amarelecimento se dá no sentido da borda para a nervura central das folhas mais velhas.
O potássio é um macronutriente muito móvel nas plantas. Dessa forma, os sintomas de deficiência aparecem nas folhas mais velhas, pois ele é realocado para atender as exigências nutricionais dos órgãos mais jovens.
Segundo Ivana M. Fonseca e outros pesquisadores do artigo Crescimento e nutrição do sorgo (cv. BRS 304) em solução nutritiva, plantas com deficiência de potássio acumulam compostos nitrogenados solúveis e dentre eles as putrescinas parecem ser responsáveis surgimento de manchas necróticas nas folhas.
Sintomas foliares em planta de milho que indicam deficiência de potássio. (Fonte: FURLANETTO et al, 2017)
Como corrigir uma condição de deficiência de potássio em uma lavoura de milho?
Quando aplicar potássio no milho?
O melhor momento para aplicar o potássio no milho será definido a partir da interpretação da análise de solo e foliar. Uma vez que é preciso reduzir o efeito dos fatores que podem limitar a disponibilidade de potássio na solução do solo, com a adoção de práticas de correção do solo.
Após o ajuste das características do solo, deve ser avaliado o potencial produtivo e o objetivo da lavoura, para adequar a adubação potássica às exigências nutricionais. Para plantios de milho silagem, por exemplo, a exportação de potássio pode ser quase o dobro daqueles destinados à produção de grãos.
Por fim, deve-se avaliar qual a fonte de potássio mais viável para o sistema produtivo, considerando todas as vantagens e desvantagens de cada insumo disponível no mercado:
- Siltito Glauconítico;
- Cloreto de potássio;
- Sulfato de potássio;
- Nitrato de potássio;
- Remineralizadores como kamafugito, micaxisto e ardósia.
Assim, para evitar e corrigir os sintomas da deficiência de potássio no milho é preciso que haja um bom planejamento do manejo nutricional, que seja fruto do entendimento e avaliação da lavoura e de boas escolhas dos fertilizantes utilizados!