Você já observou plantas de café com crescimento atrofiado e folhas novas amareladas? Saiba que esses sintomas podem ser um forte indicativo de que a lavoura não está recebendo uma nutrição adequada com um micronutriente muito importante para as plantas: o manganês. Aprenda, a seguir, como identificar e evitar a deficiência de manganês no café!
Quais são os sintomas de deficiência de manganês no café?
No solo, são encontrados 14 nutrientes essenciais para as plantas, que são constantemente manejados pelos agricultores através de práticas de correção e adubação do solo.
Essas práticas de manejo, muitas vezes, ficam concentradas naqueles nutrientes exigidos em grandes quantidades pelo café, como o potássio, o magnésio e o enxofre. O que acaba deixando em segundo plano o manejo de diferentes micronutrientes, a exemplo do manganês.
Entretanto, essa abordagem não favorece a produção e a qualidade do café. Isso porque, segundo a Lei de Liebig, ou Lei do Mínimo, a produtividade de uma cultura é limitada pela ausência ou deficiência de qualquer um dos nutrientes essenciais para as plantas, mesmo que todos os outros estejam disponíveis em quantidades adequadas.
Segundo a Fundação Procafé, casos graves de deficiência de manganês no café podem provocar falhas na lavoura e torná-las mais suscetíveis ao ataque de doenças fúngicas, como a ferrugem do café.
Plantas de café em condições de deficiência de manganês também podem apresentar um crescimento atrofiado e amarelecimento geral das folhas mais novas com algumas manchas de cor verde mais escura, especialmente do 2º e 3º par de folhas terminais dos ramos sob luz solar direta.
E essa já é uma realidade de muitos cafezais. Em um estudo realizado pela Fundação Procafé em 2018, constatou-se que cerca de 40% das quase 1.700 amostras foliares de café coletadas em cafezais da região sul do estado de Minas Gerais continham teores de manganês que estavam abaixo da faixa considera adequada.
Mas, por que a deficiência de manganês no café causa esses sintomas? Esses sinais da falta de manganês são reflexos das funções e da própria mobilidade do manganês nas plantas, que é baixa.
Como ele está envolvido com metabolismo antioxidante vegetal, plantas sob condições de deficiência de manganês sofrem muitos impactos negativos do estresse oxidativo.
Impactos esses que se refletem principalmente na fotossíntese, comprometendo a estrutura e funcionalidade da principal organela vegetal onde ocorrem as reações desse processo: o cloroplasto.
Além disso, como o manganês participa da síntese de lignina, de aminoácidos e de diversos outros compostos vegetais, a altura e a produção de biomassa das plantas podem ser facilmente comprometidas em condições em que os teores de manganês no solo não são adequados.
Dessa maneira, há um impacto negativo sobre a resistência das plantas a doenças, já que compostos como a lignina representam uma importante barreira física contra o ataque de alguns fitopatógenos.
Como, então, garantir que o café receba uma adubação adequada de manganês para evitar os efeitos danosos desses diferentes sintomas de deficiência?
A adubação com manganês no café
De acordo com o pesquisador Joedson Corrêa Soares, autor do estudo Teores de ferro, manganês e cobre no cafeeiro recepado em função de diferentes doses de P2O5, a adubação com manganês no café pode ter uma grande contribuição para o incremento da produção da cultura, que pode chegar a ser quase 4 vezes maior.
Dessa forma, é muito importante conhecer as melhores práticas de adubação para assegurar a produção da cultura e, ao mesmo tempo, evitar os impactos negativos dos diferentes sintomas de deficiência no café.
Um dos grandes desafios da adubação do café, e de outras culturas perenes, é a manutenção dos níveis adequados de nutrientes no solo por períodos prolongados de tempo. Como grande parte das fontes convencionais de manganês são muito solúveis em água, a disponibilidade desse nutriente no solo é rapidamente reduzida com o passar do tempo.
Por isso, é interessante buscar por fertilizantes de liberação progressiva e com longo efeito residual, já que eles conseguem manter os teores de manganês no solo mais estáveis durante todo o ciclo das culturas.
No estudo Deficiências de ferro e manganês caminham juntas no cafeeiro, Jose Braz Matiello e seus colegas pesquisadores destacam que para cada saca de café produzida, a necessidade, entre a fase vegetativa e a reprodutiva, é de 10 g de manganês.
Os pesquisadores também recomendam a realização do monitoramento dos teores de manganês nas folhas do café, que devem ficar preferencialmente na faixa de 50-199 ppm, dependendo da cultivar.
Além disso, a Fundação Procafé ressalta que existem três outras condições do solo que afetam a disponibilidade de manganês para as plantas:
- O pH muito alto;
- O excesso de fósforo;
- Falta de arejamento no solo;
Em condições de pH elevado, por exemplo, é comum que ocorra a adsorção do manganês na matéria orgânica do solo, o que reduz a sua disponibilidade para as plantas. Situação essa que, na prática, poderia ser resultado de condições de supercalagem.
Todos os nutrientes, incluindo o manganês, tem sua disponibilidade influenciada em função do pH do solo.
Por isso, é preciso ter cautela na hora de estabelecer a dose de calcário colocada na cova ou no sulco de plantio do café, especialmente naquelas áreas que já foram corrigidas por vários anos.
E uma das melhores formas de ajustar tanto a dose dos corretivos quanto dos fertilizantes para cada talhão é através da realização da análise do solo com os métodos mais adequados e a interpretação correta das informações.
Práticas de adubação e correção do solo são importantes para se evitar os sintomas de deficiência de manganês no café
Em conclusão, é preciso que o agricultor tenha em mente que, o manganês, bem como outros micronutrientes, deve ser tratado com a mesma prioridade que os macronutrientes nos programas de adubação das lavouras.
Nesse sentido, podemos perceber que a escolha dos fertilizantes mais adequados e o ajuste das doses de corretivos são importantes práticas para se evitar os sintomas de deficiência de manganês no café.
Sintomas esses que podem comprometer tanto a sanidade quanto o crescimento do café. Assim, a adubação com manganês no café feita de maneira correta pode ajudar o agricultor a alcançar o máximo potencial produtivo da lavoura!