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Manganês no café: quais funções este nutriente exerce na cultura?

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Com a expansão da cafeicultura nas décadas de 80 e 90, os sintomas de deficiência de manganês passaram a ser uma realidade em algumas regiões produtoras de café, como nos estados da Bahia e do Espírito Santo. Essa realidade fez com que muitos agricultores buscassem entender mais sobre esse importante nutriente. Conheça, a seguir, quais funções o manganês exerce no café e como é possível fazer um bom manejo desse nutriente no campo.

Para que serve o manganês no café?

No passado, a adubação das lavouras com manganês era uma prática de manejo muito pouco difundida na agricultura.

Essa realidade era um reflexo da baixa difusão das técnicas de correção do solo, que faziam com que os problemas relacionados a toxicidade do manganês fossem mais comuns que a ocorrência dos sintomas de deficiência desse nutriente nas lavouras.

Contudo com o avanço das técnicas de manejo agrícola e a crescente demanda nutricional das novas cultivares, cada vez mais produtivas, esse cenário tem sido revertido nas últimas décadas.

Em um estudo realizado pela Fundação Procafé em 2018, constatou-se que cerca de 40% das quase 1.700 amostras foliares de café coletadas em cafezais da região sul do estado de Minas Gerais continham teores de manganês que estavam abaixo da faixa considera adequada.

Segundo o pesquisador Joedson Corrêa Soares, autor do estudo Teores de ferro, manganês e cobre no cafeeiro recepado em função de diferentes doses de P2O5, o manganês é o micronutriente que mais se acumula nas flores do cafeeiro Coffea arabica, especialmente nas variedades Mundo Novo e Catuaí.

Nesse trabalho, ele também destacou que a aplicação do manganês pode ter uma grande contribuição para o incremento da produção do café, que pode chegar a ser quase 4 vezes maior.

Esses resultados são um reflexo das diversas funções metabólicas vitais que o manganês desempenha na planta, que incluem processos como a fotossíntese, a ativação enzimática, a síntese de compostos orgânicos e a divisão e extensão celular.

No processo de fotossíntese, por exemplo, o manganês é responsável por ativar diversas enzimas da fase escura da fotossíntese. Isso além de ser também um componente estrutural de um complexo responsável por realizar a fotólise da água que forma oxigênio molecular que será liberado pelas plantas.

Já a ativação e modulação enzimática promovida pelo manganês tem impacto em diversos processos fisiológicos, como a glicólise, o ciclo do ácido cítrico e o metabolismo secundário das plantas.

Além disso, muitos pesquisadores consideram o manganês o micronutriente mais importante no desenvolvimento da resistência das plantas às doenças fúngicas das folhas e das raízes. O que é muito relevante para o café, que ainda enfrenta muitos desafios acerca do controle de doenças fúngicas de grande importância econômica, como a ferrugem do cafeeiro.

Em um dos estudos conduzidos pelo engenheiro agrônomo Hélio Casale, foi observado que plantas de café que continham teores foliares de manganês entre 200 ppm e 300 ppm apresentaram uma menor incidência da ferrugem do cafeeiro.

Como, então, se dá o bom manejo desse nutriente no campo?

O manejo da adubação com manganês no café

Apesar de ainda existirem poucos estudos acerca da adubação com manganês no café, diversas pesquisas já evidenciaram alguns aspectos do manejo desse nutriente no solo o qual devem ser bem trabalhados.

O primeiro deles é referente ao método de análise do manganês no solo. Segundo uma matéria publicada pela fundação Procafé, o nível de manganês no solo não é um indicador seguro para a recomendação de adubação, quando o método de análise for o Mehlich.

Isso porque alguns extratores usados nas análises de solos, como o Mehlich, podem apresentar uma menor sensibilidade as variações, pH e efeito das correções de solo das amostras, dependendo do elemento avaliado.

O que, no caso do manganês. não o torna um bom método de análise, já que a disponibilidade desse nutriente é fortemente influenciada pelo pH do solo e diversos outros fatores.

O uso do extrator Mehlich também apresenta limitações para análise de outros nutrientes no solo, como o potássio.

Além disso, como a absorção de manganês pelas plantas se dá em maior proporção pelos mecanismos de difusão e interceptação radicular em solos com teores baixos e medianos desses nutrientes, práticas que melhorem a retenção de água e proporcionem menor compactação do solo são essenciais para manter a boa disponibilidade desse elemento no solo.

Por fim, com relação ao uso de fontes de manganês na lavoura o agricultor deve ter cautela no momento de escolha dos fertilizantes.

Algumas fontes de manganês apresentam certas limitações que podem prejudicar o desempenho das lavouras e, consequentemente, o retorno do investimento do agricultor. Isso se torna mais evidente quando consideramos que o café é uma cultura que apresenta um longo ciclo produtivo.

Assim, de forma geral, os fertilizantes que podem apresentar uma melhor eficiência no campo e ao mesmo tempo uma melhor disponibilidade de manganês no solo serão as fontes de liberação progressiva e com longo efeito residual de nutrientes.

É preciso ir além do uso de fertilizantes para evitar a deficiência de manganês no café

Tendo em vista as diferentes contribuições do manganês para as plantas de café, que por sua vez impactam positivamente na produção dessa cultura, é indispensável realizar o bom manejo desse nutriente no campo para alcançar a alta performance das lavouras.

Para isso, o agricultor deve ir além da escolha de fontes adequadas de manganês para as plantas e considerar a qualidade do solo e a escolha dos métodos mais adequados para análise das amostras de solo na hora de fazer o manejo desse nutriente no solo.

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