Você sabia que tanto a produtividade das forrageiras quanto a saúde dos animais podem ser afetadas pela deficiência de manganês em pastagens? Aprenda, a seguir, como identificar quais são os sintomas de deficiência desse micronutriente em pastagens e como evitá-los, através das boas práticas de manejo do manganês no solo.
A deficiência de manganês em pastagens
No passado, a adubação das lavouras com manganês era uma prática de manejo pouco difundida na agricultura.
O mesmo acontecia com as pastagens, já elas não foram consideradas por muito tempo uma cultura agrícola e, por isso, não recebiam os devidos cuidados com relação aos teores de nutrientes do solo.
É o que afirmam Patricia Perondi Anchão Oliveira e outros pesquisadores, no Comunicado técnico nº 76 Guia de identificação de deficiências nutricionais em Brachiaria brizantha cv. marandu da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Entretanto, essa realidade tem se revertido nas últimas décadas com a crescente demanda nutricional das forrageiras e dos rebanhos, que estão cada vez mais produtivos.
As forrageiras são dividas, de forma geral, em três grupos de acordo com a sua exigência em fertilidade de solo. Desses, aquelas pertencentes aos grupos 1 e 2, são as que vão exigir do agricultor um maior cuidado quanto as práticas de preparo e adubação do solo.
Da mesma forma, também serão as espécies inclusas nesses grupos que poderão sentir os maiores impactos da ausência de teores adequados de nutrientes no solo.
Divisão dos grupos de espécies de forrageiras, quanto a exigência de fertilidade do solo. (Fonte: Pereira et al., 2018.)
Em condições em que não há o recebimento de teores adequados de manganês, os sintomas de deficiência de manganês em pastagens podem se apresentar de formas diferentes dependendo da espécie da planta.
Para a espécie Brachiaria brizantha cv. Marandu, por exemplo, a deficiência de manganês pode levar ao:
- Aparecimento da clorose reticulada nas folhas novas, que pode progredir para necrose.
- Menor crescimento do sistema radicular;
- Maior quantidade de raízes secundárias;
- Alongamento do internódio das plantas;
- Esbranquiçamento do sistema radicular;
- Formação de perfilhos mais finos;
- Menor perfilhamento das plantas.
E esses diferentes sintomas de deficiência de manganês em pastagens podem impactar tanto na produção da forrageira, quanto na saúde animal.
No artigo Efeitos da aplicação de manganês no crescimento, na nutrição e na produção de matéria seca de plantas de Brachiaria brizantha (cv. MG4) em condições de casa de vegetação, Aline Peregrina Puga e outros pesquisadores ressaltaram que a deficiência de manganês reduz a produção de massa de forragem.
Isso porque a ausência dos teores adequados desse micronutriente leva a inibição da síntese de lipídios e a e diminuição do fluxo de carboidratos para as raízes.
Além disso, a ausência de teores adequados de manganês em pastagens também pode comprometer a saúde animal e levar os animais a apresentarem:
- Problemas de crescimento;
- Anormalidades esqueléticas;
- Problemas de reprodução, incluindo aborto e deformidades e anormalidades em bezerros recém-nascidos.
Dessa forma, é muito importante manter uma boa disponibilidade de manganês no solo para evitar que haja deficiência de manganês em pastagens alcançar o máximo potencial produtivo do pasto e do desempenho animal. Mas, como isso é feito na prática?
A adubação com manganês em pastagens
De acordo com a Comissão de Fertilidade de Solo do Estado de Minas Gerais (CFSEMG), valores médios de manganês entre 80 a 100 mg/kg são considerado adequados para o bom desempenho das gramíneas.
Entretanto, tendo em vista a grande diversidade de espécies e cultivares de forrageiras, é importante ressaltar que existe uma ampla variedade de níveis de tolerância ao excesso de manganês ou em susceptibilidade a sua deficiência.
Por isso, é sempre importante que o pecuarista considere as características e demandas nutricionais únicas das suas cultivares na hora de pensar em fazer o manejo da adubação com manganês no campo.
A Embrapa afirma que as pastagens podem extrair mais nutrientes do solo do que a maioria das plantas cultivadas, dependendo do grau de intensificação. Sendo assim, é muito importante a inclusão de boas fontes de manganês no programa de adubação.
A alimentação é a base para a produção de gado a pasto, por isso boas práticas de manejo de pastagens podem alavancar a produtividade da atividade pecuária.
De forma geral, os fertilizantes multinutrientes de liberação progressiva de nutrientes e com longo efeito residual são aqueles que vão conseguir um melhor ajuste entre a taxa de liberação de nutrientes pelo fertilizante e a taxa de absorção de manganês pelas plantas.
Dessa maneira o melhor aproveitamento do manganês e seus benefícios para as forrageiras é favorecido.
Entretanto, esses benefícios só serão alcançados se as condições do solo estiverem adequadas, já que o manganês é um nutriente que tem a sua disponibilidade afetada por diversas características do solo, como:
Sendo assim, é sempre importante que as técnicas de correção do solo e outras práticas agrícolas sejam realizadas adequadamente para garantir uma boa disponibilidade de manganês para as plantas.
Complementarmente, também é possível acompanhar e manter os níveis de manganês das plantas através da realização da análise bromatológica da pastagem, visando atender as exigências de cada fase.
Para bovinos de crescimento e terminação, por exemplo, as exigências de manganês são em torno de 20mg/kg de matéria seca da dieta. Enquanto que para vacas em gestação e lactação esse valor é praticamente o dobro, de 40 mg/kg.
É o que recomenda o Conselho Nacional de Pesquisa (NRC) dos Estados Unidos.
Um manejo que evite a deficiência de manganês em pastagens é muito importante para manutenção da produção vegetal e da saúde animal
Tendo em vista o exposto acima, podemos perceber que o manganês é um micronutriente muito importante para produção das pastagens, bem como para manutenção da saúde animal.
Dessa forma, é recomendado que o agricultor implemente as práticas adequadas de correção e adubação do solo para evitar a deficiência de manganês em pastagens, usando sempre as fontes de manganês mais adequadas para favorecer a disponibilidade desse micronutriente no solo!