O magnésio é um nutriente com funções essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Isso não é diferente no caso do algodão. Entretanto, o manejo inadequado pode causar o surgimento de sintomas de deficiência de magnésio no algodão e o comprometimento da qualidade e produtividade da lavoura. Saiba como identificar esses sintomas e evitá-los!
A importância do magnésio para as plantas
Juntamente com o enxofre e o cálcio, o magnésio é um macronutriente secundário, absorvido pelas plantas em sua forma catiônica (Mg2+).
Dizer que o magnésio é um macronutriente secundário sinaliza que ele é essencial para o desenvolvimento das plantas e é requerido em grandes quantidades. Entretanto ele é menos exigido do que os macronutrientes primários: o nitrogênio, o potássio e o fósforo.
De maneira geral, entre as diversas funções que o magnésio desempenha na fisiologia das plantas, podemos destacar:
- A participação no processo de fotossíntese;
- A contribuição para o desenvolvimento das plantas;
- A ativação enzimática;
- O favorecimento da nutrição das plantas;
- A melhoria da qualidade nutricional dos alimentos.
Entretanto, mesmo sendo um nutriente tão importante, pouca atenção ainda é dada à nutrição com magnésio na agricultura: muitas vezes, ele acaba sendo considerado um “nutriente esquecido” no manejo da fertilidade do solo.
De fato, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o magnésio vem se tornando cada vez mais um fator limitante para o alcance de elevadas produtividades, principalmente em sistemas intensivos de produção agrícola.
Isso se torna ainda mais preocupante no caso do Brasil, uma vez que os solos são, de modo geral, pobres em magnésio.
Outras situações ainda contribuem ainda mais para as limitações que a falta de teores adequados desse nutriente no solo impõe nas lavouras brasileiras. É o caso, por exemplo, do processo de acidificação dos solos e os manejos inadequados da calagem, da gessagem e da adubação.
A falta de magnésio no solo pode levar à deficiência desse nutriente nas plantas e causar consequências sérias para as lavouras. Isso não é diferente no caso do algodão.
Mas, quais são os principais sintomas de deficiência de magnésio no algodão e como identificá-los?
Os principais sintomas de deficiência de magnésio no algodão
Uma das formas de identificar a deficiência de magnésio no algodão é através da manifestação visual da falta do nutriente.
Nessa cultura, o sintoma visual de deficiência de magnésio mais característico é o amarelecimento internerval das folhas mais velhas do “baixeiro”. Essa condição, também chamada de clorose, pode rapidamente adquirir uma cor vermelho-púrpura pelo acúmulo de antocianinas e perda de clorofila.
Deficiência de magnésio em folha de algodão. (Fonte: Rosolem & Bastos, 1997)
Todavia, o agricultor precisa estar atento a esses sintomas visuais da deficiência de magnésio no algodão, para não os confundir com outras possíveis causas.
Nessa cultura, os sintomas visuais podem ser parecidos com outros problemas, como os sintomas provocados pela virose conhecida como “vermelhão”, ou pelo ataque do ácaro rajado ou a broca-da-raiz.
É o que ressaltam Nelson Machado da Silva e outros pesquisadores, no arquivo do agrônomo nº 8 da POTAFOS Seja o doutor do seu algodoeiro.
De maneira geral, a confirmação visual que há alguma deficiência de magnésio no algodão, é feita com a observação de um padrão uniforme da coloração avermelhada das folhas e a obrigatoriedade do início da ocorrência dos sintomas no “baixeiro” das plantas.
Com a progressão da deficiência de magnésio no algodão, as plantas podem sofrer perdas significativas na produção de matéria seca, tanto da parte aérea como das raízes. Quando isso acontece, a lavoura pode apresentar comprometimento:
- No número de botões e maçãs;
- No pegamento de flores;
- Na retenção de frutos;
- Na altura da planta.
É o que relatam os pesquisadores Ciro Antonio Rosolem e Gustavo Bernardes Bastos, no artigo Deficiências minerais no cultivar de algodão IAC 22.
Esses sintomas de deficiência de magnésio no algodão estão diretamente relacionados com as funções que esse nutriente exerce na fisiologia e no metabolismo vegetal. Um exemplo é a estreita ligação entre o magnésio e a fotossíntese: esse nutriente tem um papel central na fotossíntese e na nutrição vegetal.
Isso acontece porque ele é o átomo central da molécula de clorofila e ativa enzimas ligadas à assimilação de nitrogênio e à absorção de fósforo pelas plantas.
Além disso, uma vez que ele está diretamente envolvido na incorporação de carbono nos tecidos vegetais e no transporte de sacarose dos tecidos fotossinteticamente ativos, a falta de teores adequados de magnésio pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento das plantas.
Vale ressaltar que o aparecimento dos sintomas da deficiência de magnésio no algodão são um sinal de que a falta do nutriente já comprometeu a produtividade e a qualidade da lavoura.
Assim, a melhor opção para o agricultor é evitar que essa deficiência aconteça. E isso pode ser feito através do manejo assertivo desse nutriente. Mas, como fazer isso?
Práticas para melhorar o manejo do magnésio no algodão
Para que o manejo do magnésio no algodão seja eficiente e a deficiência desse nutriente seja evitada, incialmente o agricultor precisa ter um conhecimento amplo das condições da lavoura.
Isso inclui as condições tanto do solo quanto das plantas. No caso das plantas, a realização de análises foliares pode ajudar a determinar se os teores de magnésio recomendados estão adequados nas plantas.
Já para o solo, a análise de solo feita através de métodos adequados é uma ferramenta valiosa para o agricultor.
A partir desse conhecimento, o agricultor pode planejar o manejo do magnésio no solo. Vale lembrar que, em caso de suspeita de deficiência desse nutriente é preciso observar se ela não está sendo provocada por outros fatores, como já mencionado.
Quanto à dosagem, de acordo com R. H. Gheesling e H. F. Perkins, no artigo Critical Levels of Manganese and Magnesium in Cotton at Different Stages of Growth, é esperado que o algodão manifeste sintomas de deficiência quando os teores foliares desse nutriente se encontram abaixo de 2g/kg.
Nesse sentido, a recomendação é que os níveis de magnésio no solo estejam acima de 0,7cmol/dm3 ou, de forma ideal a 1 cmol/dm3.
É o que recomendam Maria da Conceição Santana Carvalho e outros pesquisadores, no capítulo Nutrição, calagem e adubação do algodoeiro, da 2ª edição da revista científica Algodão no cerrado do Brasil.
Uma forma de realizar a adubação com magnésio no solo de forma mais eficiente é através da utilização de fontes de magnésio de liberação progressiva e com efeito residual, duradouro.
Isso porque essas fontes conseguem manter a disponibilidade adequada de magnésio no solo por longos períodos de tempo e não são suscetíveis a sofrer perdas de nutrientes por lixiviação.
Outro fator ao qual o agricultor deve estar atento são as relações do magnésio com outros nutrientes do solo, já que ele pode estabelecer diversas interações as quais podem favorecer ou não a sua disponibilidade para as plantas.
Quando existe um desequilíbrio entre o cálcio, magnésio, potássio e outros nutrientes no solo, pode ocorrer o efeito de antagonismo, quando a presença de um nutriente diminui a absorção de outro.
Nesse caso, uma das mais importantes a serem observadas é interação entre o cálcio, magnésio e potássio.
Esses três nutrientes tendem a ter uma relação de inibição competitiva. Assim, é preciso estar atento às práticas de correção do solo com o uso de calcário e também com a adubação potássica.
Isso porque a deficiência de magnésio no algodoeiro tem sido observada em solos corrigidos continuamente com calcário calcítico, sobretudo, quando se aplicam altas doses de potássio.
É o que relatam a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ana Luiza Dias Coelho Borin, juntamente com outros pesquisadores, na circular técnica 134 Diagnose Visual de Deficiências Nutricionais do Algodoeiro.
Assim, com boas práticas de manejo, o agricultor consegue manter os níveis de magnésio no solo adequados e evitar que os sintomas de deficiência desse nutriente comprometam a lavoura.
Evitar a deficiência de magnésio no algodão é importante para manter a qualidade e produtividade da lavoura
Dada a relevância do magnésio no metabolismo e na fisiologia vegetal, evitar que surjam os sintomas de deficiência desse nutriente no algodão é muito importante.
Assim, o manejo correto desse nutriente, através do uso de técnicas como a análise de solo e análise foliar e fontes de magnésio eficientes, a exemplo do K Forte®, é essencial para que o agricultor mantenha a qualidade e produtividade da lavoura!
