A deficiência de boro ainda é um problema que causa quedas na produtividade de diversas culturas no Brasil e no mundo, incluindo a do algodão. Por isso, conhecer e saber como evitar os sintomas de deficiência de boro no algodão é fundamental para evitar os prejuízos que a falta desse micronutriente pode causar nas lavouras!
O que a falta de boro causa no algodão?
Segundo o Doutor em Agronomia Ciro Antônio Rosolem, distúrbios nutricionais causados pela deficiência de boro são bastante comuns em solos tropicais.
É o que ele e outros pesquisadores afirmam no capítulo Algodão, amendoim e soja do livro Micronutrientes e elementos tóxicos na agricultura.
A baixa fertilidade natural dos solos brasileiros, combinada com baixos teores de matéria orgânica e períodos de grande restrição hídrica, tornaram o boro um fator limitante para o cultivo de diversas culturas agrícolas no Brasil, incluindo a do algodão.
O boro está entre os principais micronutrientes requeridos em maiores quantidades pela cultura do algodão e, por isso, uma das principais preocupações dos estudos de diagnose visual recai sobre a identificação dos sintomas de deficiência de boro no algodão.
Inicialmente, a manifestação dos sintomas de deficiência ocorre nas partes mais jovens das plantas, nos tecidos de condução e nos órgãos de propagação, resultando em:
- Folhas mais novas murchas, espessas e com o limbo avermelhado e enrugado;
- Plantas pequenas, muito ramificadas e improdutivas;
- Queda excessiva de botões florais e frutos novos;
- Amarelecimento e deformação de brácteas;
- Ramificação excessiva das raízes;
- Escurecimento da base dos frutos;
- Encurtamento e dobra de pétalas;
- Ruptura de nectários extraflorais;
- Necrose de estames.
Com o avanço do ciclo do algodão, podem surgir anéis concêntricos de coloração verde escuro nos pecíolos foliares, acompanhados de engrossamento do tecido, intensa pilosidade e necrose da medula nas áreas correspondentes.
Vale destacar que a presença de anéis concêntricos no pecíolo foliar, o escurecimento na base dos frutos e o rompimento de nectários extraflorais são tidos como sintomas específicos da deficiência de boro no algodão.
É o que observaram Nelson M. da Silva e outros pesquisadores, no artigo Efeitos do boro em algodoeiro cultivado em condições de casa de vegetação.
Os efeitos do boro sobre os tecidos das plantas, assim como suas estruturas propagativas, estão relacionados com as funções que esse nutriente desempenha durante as fases de crescimento e reprodução da cultura.
Durante o crescimento do algodão, o boro é responsável por formar e sintetizar diversos compostos responsáveis por garantir a integridade e estabilidade das paredes celulares vegetais.
E isso acaba se refletindo não apenas no desenvolvimento das plantas, mas também na qualidade das fibras.
No estudo Soil applied boron (B) improves growth, yield and fiber quality traits of cotton grown on calcareous saline soil, Atique-ur-Rehman e seus colegas pesquisadores observaram que a falta de boro diminuiu a resistência à ruptura e o comprimento e a fineza das fibras, além de aumentar o índice de fibras curtas.
Já durante a sua fase reprodutiva, os impactos da deficiência de boro no algodão são sentidos principalmente no pegamento de flores e retenção de frutos, uma vez que esse nutriente está envolvido com a germinação do grão de pólen e o crescimento do tubo polínico.
Por isso, é importante conhecer as práticas corretas para o bom manejo do boro nas lavouras a fim de evitar as consequências negativas que os sintomas de deficiência de boro no algodão podem causar na produção e qualidade dessa cultura.
Quando usar boro nas plantas de algodão?
No campo, os principais indicadores que vão apontar o momento correto para usar o boro nas plantas são as análises de solo e foliares, assim como a constatação dos sintomas de deficiência de boro no algodão.
Entretanto, nesse último caso, é importante ressaltar que uma vez que os sintomas de deficiência estejam visíveis nas plantas, a lavoura já teve parte da sua produção e qualidade comprometidas.
Além disso, também é importante que o agricultor sempre busque pelo diagnóstico preciso dos sintomas de deficiência, já que outros problemas, como o ataque da lagarta-rosada, do bicudo-do-algodoeiro ou mesmo da doença ramulose, podem gerar sintomas semelhantes.
Uma vez identificada a necessidade de aplicação de boro no algodão, o agricultor deve buscar por fontes adequadas desse micronutriente para fazer a adubação da lavoura preferencialmente no solo, na fundação ou em cobertura.
É o que recomendam Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão e outros pesquisadores, no artigo Fontes e modos de aplicação de boro no algodoeiro herbáceo.
Além disso, dependendo do tipo de solo e a cultivar escolhida, o agricultor pode chegar a aplicar de 0,5 a 2,0 Kg de boro por hectare.
Nessa etapa, é imprescindível buscar pela distribuição mais homogênea possível dos fertilizantes, a fim de evitar problemas de falta ou excesso de nutrientes para as plantas.
A segregação de nutrientes é um problema que afeta os adubos formulados compostos por misturas de grânulos e que pode prejudicar a quantidade de nutrientes disponibilizados no solo. Ela pode ser evitada tanto com a escolha de fontes adequadas de nutrientes, quanto implementando boas práticas de aplicação de fertilizantes.
Por fim, além da adubação com boro, o agricultor deve sempre estar atento ao preparo do solo, já que outros fatores como os teores de matéria orgânica ou mesmo a própria correção do solo podem interferir na disponibilidade desse micronutriente para o algodão.
A adubação adequada é muito importante para evitar a deficiência de boro no algodão
Em resumo, podemos perceber que a adubação adequada é, muitas vezes, uma prática indispensável para se evitar os impactos negativos que os sintomas de deficiência de boro no algodão podem causar na produtividade e qualidade das lavouras.
Nesse sentido, o agricultor deve sempre recorrer às boas práticas de manejo na hora de pensar na adubação com boro no algodão.
Isso inclui pensar na época e na quantidade de fertilizante que vai ser aplicada, além de se atentar ao uso de fontes adequadas de boro para alcançar um desenvolvimento e produção adequados da lavoura de algodão!
