Conheça as melhores práticas de adubação para sistemas de sucessão soja e milho

Conheça as melhores práticas de adubação para sistemas de sucessão soja e milho

O milho de segunda safra, conhecido popularmente como milho “safrinha”, vem ganhando uma grande expressividade na agricultura brasileira ao longo dos anos. A constante expansão da área e produtividade dessa cultura também tem sido potencializada pelos sistemas de sucessão de soja e milho, que vem sofrendo uma forte transformação tecnológica nos últimos anos. Conheça as melhores práticas de adubação para esse tipo de cultivo.

A evolução das práticas de adubação dos sistemas de sucessão na agricultura

A adubação de sistemas agrícolas de sucessão é uma prática que visa otimizar o aproveitamento das condições do solo deixadas pela safra anterior, através do uso do efeito residual das adubações e da reciclagem da matéria orgânica.

Nos anos agrícolas 2016/2017 e 2017/2018, foi realizado o estudo Contribuição da rotação Milho/Soja na produtividade do milho em 72 lavouras do Rio Grande do Sul.

No estudo, Fabricio Vendruscolo Pinto Filho e seus demais colegas pesquisadores encontraram as maiores produtividades médias do milho (8675,71 kg.ha-1) em áreas em rotação com a soja, quando comparado com sistemas de monocultivo.

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a expansão do milho de segunda safra se deve, em parte, ao uso do sistema de sucessão soja/milho. Mas ainda há potencial para crescer ainda mais, já que 12 milhões de hectares poderiam ser utilizados nesse sistema de cultivo.

Evolução da área plantada de milho segunda safra por região de cultivo

Evolução da área plantada de milho segunda safra por região de cultivo. (Fonte: Conab)

Entretanto, para alcançar altos níveis de produtividade, é preciso que os agricultores fiquem atentos a fatores que vão além da adubação convencional e das práticas de correção do solo, como a calagem e gessagem.

Isso porque, de acordo com os pesquisadores Renato Roscoe e Renata de Azambuja Silva Miranda, da Fundação MS para Pesquisas Agropecuárias, no estudo Manejo da Adubação do Milho Safrinha, mesmo em áreas com solos de boa fertilidade ou corrigidos, as respostas de milho de segunda safra à adubação têm sido baixas, sobretudo após a soja.

Por isso, cada vez mais o foco tem recaído na manutenção das melhores condições do solo em detrimento da adubação focada nas culturas individualmente, buscando por práticas agrícolas e fertilizantes que favoreçam integralmente todo sistema agrícola.

A otimização das práticas de adubação nos sistemas de sucessão

O uso dos sistemas de sucessão vem permitindo não apenas o aprimoramento do manejo agrícola, mas também tem proporcionado uma série de benefícios para a lavoura, como:

  • Melhor controle de pragas, doenças e plantas espontâneas;
  • Aumento da capacidade retenção de água e ciclagem de nutrientes do solo;
  • Melhoria das condições microbiológicas, físicas e químicas do solo.

Ao manter o equilíbrio nutricional durante os ciclos de cada cultura no sistema, é possível promover condições para que as plantas expressem o seu potencial produtivo e evitar a degradação do solo ao longo do tempo.

Mas nem sempre os investimentos em adubações, principalmente nas culturas de segunda safra, são feitos de forma adequada.  Isso é reflexo direto das restrições climáticas impostas nas cultivares nas estações do outono e inverno, que enfrentam condições de:

Nesse cenário, a otimização das práticas de adubação nos sistemas de sucessão envolve um complexo processo de tomada de decisão, que são muito dependentes de um conhecimento aprofundado das características físicas, químicas e biológicas do solo.

Dentre os diversos manejos que tem mostrado impactos muito positivos na dinâmica do solo, tem se destacado a introdução de espécies forrageiras e os fertilizantes de liberação progressiva.

As espécies forrageiras geralmente apresentam um sistema radicular agressivo, que pode alcançar mais de um metro de profundidade. Com isso, elas conseguem explorar um volume maior do solo, favorecendo a melhor ciclagem de nutrientes e a agregação do solo, além de gerar um maior aproveitamento da adubação residual da cultura antecessora.

Na tese Adubação da sucessão soja e milho consorciado com Brachiaria ruziziensi, o pesquisador Douglas Costa Potrich verificou que a maior produção de resíduos vegetais do sistema milho consorciado com B. ruziziensis (14,4 t.ha-1) contra o milho solteiro (9,9 t.ha-1) proporcionou um melhor desenvolvimento da soja e consequentemente melhor produtividade, mesmo estando numa situação de restrição hídrica.

Além disso, quando comparados os dois sistemas foi verificado um índice de lucratividade 8,2% superior no sistema consorciado, ou ainda R$ 205,68 para cada hectare no ano agrícola dos experimentos.

Índice de lucratividade e valores médios do lucro anuais do sistema consorciado com B. ruziziensis são superiores.

Índice de lucratividade e valores médios do lucro anuais do sistema consorciado com B. ruziziensis são superiores. (Fonte: POTRICH, D. C., 2017)

Como os benefícios do uso de plantas de cobertura tem favorecido a produtividade e sustentabilidade econômica dos sistemas, é interessante utilizar esse recurso como uma estratégia de adubação de sistemas e que pode ser ainda mais potencializado com o uso dos fertilizantes de liberação progressiva de nutrientes.

Os benefícios da liberação progressiva de nutrientes em sistemas de sucessão

Um dos problemas associados aos fertilizantes de liberação rápida em sistemas de sucessão é que eles são mais suscetíveis à lixiviação. Ou seja, parte dos nutrientes que são aplicados acaba se perdendo para as camadas mais profundas do solo, resultando em uma relação custo-benefício menos vantajosa para o agricultor.

No livro Fertilizantes de eficiência aprimorada, os pesquisadores Márcio Valderrama e Salatiér Buzetti estimam que 40% a 70% dos fertilizantes usados no manejo agrícola podem se perder por lixiviação e volatilização.

Nesse sentido, além dos fertilizantes que apresentam liberação progressiva dos nutrientes favorecerem uma menor perda de nutrientes, eles são capazes de proporcionar um efeito residual dos nutrientes no solo.

O efeito residual de um fertilizante é, em síntese, o prolongamento dos benefícios que ele pode oferecer para o solo e para as plantas, como explica o consultor especialista em fertilidade do solo Eduardo Coelho:

 

A liberação progressiva e o efeito residual de nutrientes podem ser encontrados em algumas fontes de nutrientes como:

Assim, o agricultor melhora a adubação do seu sistema de sucessão ao utilizar fertilizantes produzidos a partir dessas matérias-primas e adotar práticas que preservem a saúde do seu solo.

Compartilhe esta publicação

🌱 Já segue o nosso Canal Oficial no WhatsApp?

Entre agora mesmo e receba em primeira mão as principais notícias do Agronegócio.